A inovação no armazenamento de hidrogênio, especialmente através de hidretos metálicos e ligas de hidrogênio sólido, está se tornando cada vez mais fundamental em diversas indústrias, como transporte, energia e química. O avanço desses materiais não só promete transformar a forma como armazenamos e transportamos hidrogênio, mas também oferece soluções mais eficientes e sustentáveis para a mobilidade e a produção de energia. Nos últimos anos, importantes avanços foram feitos em relação às ligas de hidrogênio e aos sistemas de armazenamento de hidrogênio sólido, como demonstrado por iniciativas de empresas e universidades líderes, como a Shanghai Jiaotong University, a Shanghai Magnesium Power Technology Co., Ltd. e a Toyota Motor Corporation.

Uma dessas inovações notáveis foi o desenvolvimento de uma célula de combustível portátil de alta densidade energética de 50 a 200 W alimentada por hidrólise de hidreto de magnésio. Com uma densidade energética de até 600 W·h/kg, este sistema tem a capacidade de operar em temperaturas que variam de -40°C a 50°C, abrindo novas possibilidades para equipamentos móveis e dispositivos em condições extremas. Este tipo de sistema reflete as necessidades emergentes de fontes de energia mais eficientes e duradouras, especialmente em dispositivos que exigem alta densidade energética.

A evolução no armazenamento de hidrogênio é particularmente visível na indústria automobilística. Desde os anos 80, os veículos movidos a células de combustível de hidrogênio, como o Mercedes-Benz 310 TN, testado em Berlim, já faziam uso de ligas metálicas para armazenar hidrogênio, com destaque para o uso de ligas de titânio e zircônio. A Toyota, por sua vez, tem se dedicado ao aperfeiçoamento dessas tecnologias, desenvolvendo, em 1996, um sistema de armazenamento de hidrogênio em um veículo com uma capacidade de até 2 kg de hidrogênio, permitindo que o veículo percorresse até 250 km com uma carga completa. Desde então, novas gerações de sistemas de armazenamento têm sido lançadas, como um tanque de hidrogênio de alta pressão baseado em ligas Ti-Cr-Mn, que pode armazenar até 7,3 kg de hidrogênio e atingir distâncias maiores.

Além disso, os avanços não se limitam apenas ao transporte. A indústria química, particularmente a metalurgia do hidrogênio, está vivendo uma verdadeira revolução, substituindo a tradicional produção de aço a partir de coque por processos baseados no uso de hidrogênio. O lançamento, em maio de 2021, do primeiro projeto mundial de redução direta com gás rico em hidrogênio pela HBIS Group, e o desenvolvimento de um projeto similar pela Baowu Steel em 2021, são exemplos de como o hidrogênio pode transformar o setor de aço, diminuindo significativamente as emissões de carbono associadas à produção de aço convencional.

No campo do armazenamento sólido de hidrogênio, grandes avanços têm sido feitos com a colaboração entre universidades e empresas, como a Shanghai Jiaotong University e a H2 Store, que desenvolveram um protótipo de dispositivo de armazenamento sólido de hidrogênio baseado em magnésio. Este sistema, com uma capacidade de 70 kg de hidrogênio, tem o potencial de ser utilizado para grandes volumes de hidrogênio em aplicações futuras, incluindo o transporte e o armazenamento em larga escala de hidrogênio.

As estações de abastecimento de hidrogênio também estão se tornando mais eficientes e acessíveis. A Shenzhen Up Power Technology Co., Ltd. construiu, em 2019, a primeira estação de abastecimento de hidrogênio de baixa pressão com base em ligas de hidrogênio sólido. Essas estações apresentam vantagens significativas, como a eliminação de necessidade de compressores de alta pressão e tanques de armazenamento volumosos, além de um custo inicial reduzido. No entanto, ainda existem desafios a serem superados, como o custo relativamente alto e o peso do sistema.

O armazenamento de hidrogênio em ligas metálicas e hidretos envolve um processo fundamentalmente reversível, onde o hidrogênio é absorvido e armazenado em uma matriz metálica sob certas condições de temperatura e pressão. A reação de absorção de hidrogênio envolve várias etapas, começando com a adsorção de hidrogênio na superfície metálica, seguido pela dissociação do H2 em átomos de hidrogênio e a difusão desses átomos para dentro da estrutura metálica, até que se forme uma solução sólida. Essa reação pode ser revertida quando o hidreto metálico é aquecido, liberando o hidrogênio armazenado. As ligas de hidrogênio mais utilizadas incluem as ligas de rara terra do tipo AB5, ligas à base de magnésio, ligas de tipo AB2 e ligas à base de titânio, como o TiFe.

Embora a pesquisa em ligas de hidrogênio esteja bem avançada, os materiais mais promissores, como as ligas AB5 e as ligas à base de magnésio, ainda enfrentam desafios, como a expansão do volume cristalino durante a absorção de hidrogênio, que pode levar à degradação do material após vários ciclos de carga e descarga. A otimização das propriedades dessas ligas continua sendo uma área crítica de pesquisa, visando aumentar a durabilidade e reduzir os custos de produção.

A aplicação dessas tecnologias de armazenamento de hidrogênio não se limita aos veículos ou à produção de energia. Elas também têm um impacto significativo em outras áreas, como a produção de hidrogênio para a indústria química e metalúrgica, e até mesmo na criação de soluções para a mobilidade pessoal e transporte público. A possibilidade de utilizar sistemas de armazenamento sólido de hidrogênio em grandes ônibus e caminhões é uma expectativa promissora, permitindo a criação de veículos de longo alcance com alto desempenho energético.

O potencial do hidrogênio como fonte de energia limpa e sustentável é vasto. No entanto, a viabilidade desses sistemas depende de uma série de fatores, incluindo os custos, a durabilidade dos materiais de armazenamento e a infraestrutura necessária para suportar essa tecnologia. O desenvolvimento de novos materiais e tecnologias mais eficientes será crucial para garantir que o hidrogênio se torne uma parte fundamental de um futuro energético mais sustentável e menos dependente de combustíveis fósseis.

Como Funciona o Armazenamento e Transporte de Hidrogênio em Alta Pressão: Desafios e Avanços

A operação de estações de reabastecimento de hidrogênio na China, com demonstrativos de bom desempenho, destaca um aspecto crucial para o futuro da energia: o armazenamento seguro e eficiente de hidrogênio em alta pressão. Um dos maiores desafios neste campo é a fragilidade do metal devido ao fenômeno de fragilização por hidrogênio, que ocorre quando o hidrogênio entra em um ambiente de alta pressão, afetando a integridade do material de armazenamento.

Esse fenômeno é particularmente problemático em recipientes estacionários de armazenamento de hidrogênio, onde o risco de falha por fragilização é exacerbado pela combinação de tensões mecânicas e a presença de hidrogênio. Quando a concentração local de hidrogênio atinge um valor crítico, a ductilidade e tenacidade do metal podem ser drasticamente reduzidas, ou, em casos mais graves, ocorre uma fratura retardada induzida pelo hidrogênio. O teste de materiais e a avaliação de sua resistência à fragilização por hidrogênio são, portanto, essenciais para garantir a segurança desses sistemas de armazenamento, como no caso de testes de discos, testes de intensidade do fator de intensidade de fratura induzida por hidrogênio, entre outros.

O design de recipientes de armazenamento estacionário, especialmente aqueles utilizados em estações de reabastecimento, deve considerar essas propriedades e os padrões de segurança rigorosos, como os regulamentos técnicos da China (TSG 21—2016). Estes recipientes devem ser projetados para resistir a falhas por fadiga e garantir o funcionamento eficiente com o critério “vazamento antes da ruptura”. O uso de materiais adequados e de técnicas de fabricação cuidadosas pode ajudar a evitar falhas tanto por fragilização quanto por fadiga.

Além dos recipientes estacionários, o transporte de hidrogênio por meio de gasodutos é uma parte vital da infraestrutura necessária para suportar a cadeia de abastecimento de hidrogênio. O transporte pode ser feito em dois tipos de gasodutos: os de longa distância, que exigem maior pressão e maior diâmetro, e os de distribuição, que operam com pressões mais baixas e são usados para transportar hidrogênio de estações de abastecimento para os usuários finais. A construção e operação de gasodutos de hidrogênio enfrentam desafios significativos devido ao alto custo e complexidade, especialmente no caso dos gasodutos de longa distância, que têm custos de construção muito superiores aos de gasodutos de gás natural, como exemplificado pela diferença de custo entre os dois, sendo o custo de um gasoduto de hidrogênio cerca de 2,5 vezes maior.

A história do transporte de hidrogênio por gasodutos remonta a 1939, quando a Alemanha construiu um gasoduto de 208 km para transportar hidrogênio. Desde então, o uso de gasodutos de hidrogênio se expandiu consideravelmente, especialmente na Europa e nos Estados Unidos, onde redes de transporte subterrâneas operam com pressões de até 10 MPa, usando principalmente aço de baixa resistência. Nos Estados Unidos, por exemplo, a maior rede de gasodutos de hidrogênio está localizada no Texas, Louisiana e Califórnia, com uma extensão total de aproximadamente 2600 km.

Na China, a infraestrutura de gasodutos de hidrogênio ainda está em estágio inicial, mas o país planeja expandir a rede para 3000 km até 2030. Um exemplo notável de gasoduto na China é o que conecta Jiyuan a Luoyang, em Henan, com uma extensão de 25 km, pressão de 4 MPa e capacidade de transmissão anual de 100.400 toneladas de hidrogênio.

É importante que os leitores compreendam que o armazenamento e o transporte de hidrogênio não são apenas questões de tecnologia, mas também de estratégia de longo prazo para a transição energética. O hidrogênio, como combustível limpo e versátil, tem um papel crucial na descarbonização das indústrias e na mobilidade elétrica, mas os desafios tecnológicos e econômicos associados à sua produção, armazenamento e transporte precisam ser superados para garantir sua viabilidade comercial. Além disso, o custo da infraestrutura necessária para suportar a cadeia de suprimento de hidrogênio, como gasodutos e estações de reabastecimento, será um fator determinante no sucesso desta transição.

Quais são os princípios fundamentais da liquefação do hidrogênio e como eles impactam o armazenamento e transporte?

O hidrogênio, como elemento químico, é considerado o combustível do futuro, devido às suas propriedades energéticas limpas e renováveis. Sua forma mais comum, o gás hidrogênio (H₂), apresenta uma densidade extremamente baixa, sendo o gás mais leve conhecido. Isso implica que, para que seja utilizado de forma eficaz em processos industriais e de transporte, o hidrogênio precisa ser armazenado e transportado de maneira controlada e eficiente. Um dos principais desafios nesse contexto é a liquefação do hidrogênio, processo que reduz seu volume, tornando-o mais denso e facilitando seu armazenamento e transporte.

A conversão orto-para do hidrogênio é um processo importante na liquefação. O hidrogênio molecular existe em duas formas diferentes: orto-hidrogênio e para-hidrogênio. O orto-hidrogênio tem maior energia e é menos estável à temperatura ambiente, enquanto o para-hidrogênio é mais estável e ocupa menos volume. No entanto, a conversão entre essas formas é crucial, especialmente durante o processo de resfriamento do hidrogênio, quando a maior parte do hidrogênio se transforma em para-hidrogênio, o que influencia diretamente o ponto de liquefação.

Outro princípio essencial na liquefação do hidrogênio é o efeito Joule-Thomson. Esse efeito descreve a mudança de temperatura de um gás quando ele se expande sem realizar trabalho externo. Para o hidrogênio, esse fenômeno é utilizado para reduzir a temperatura do gás a níveis suficientemente baixos para que ele se liquefaça. Em temperaturas normais, a expansão do hidrogênio provoca um resfriamento, mas esse resfriamento é mais eficaz em pressões elevadas, o que é uma característica crucial nos sistemas de liquefação modernos. O desafio é manter as condições adequadas de pressão e temperatura para otimizar esse efeito e garantir uma liquefação eficiente.

Além disso, a liquefação do hidrogênio não se resume a um simples resfriamento. A eficiência do processo depende de uma série de fatores técnicos, como o uso de máquinas de compressão e resfriamento, que devem ser capazes de alcançar as temperaturas extremamente baixas necessárias para transformar o hidrogênio em líquido. Isso é feito utilizando sistemas criogênicos complexos que operam a temperaturas inferiores a -253 °C, que é o ponto de fusão do hidrogênio.

O processo de liquefação do hidrogênio também está intrinsecamente ligado ao seu armazenamento. O hidrogênio líquido é mantido em tanques criogênicos, que precisam ser altamente isolados para garantir que não haja troca significativa de calor com o ambiente. A manutenção de temperaturas tão baixas exige o uso de materiais avançados e técnicas de isolamento específicas. Os tanques criogênicos para hidrogênio devem ser construídos com materiais que possam resistir a condições extremas de temperatura e pressão, além de garantir a segurança durante o armazenamento e transporte. O uso de camadas de isolamento térmico, como superfícies a vácuo ou espuma de alta performance, é comum nesses sistemas.

É importante destacar que, apesar das vantagens do hidrogênio líquido, ele apresenta desafios significativos no que diz respeito ao custo e à infraestrutura necessária para sua produção e armazenamento em larga escala. A eficiência do processo de liquefação também está diretamente relacionada ao consumo de energia, o que pode tornar a operação de plantas de liquefação dispendiosa. Isso implica que, além das questões técnicas, os aspectos econômicos também desempenham um papel crucial no desenvolvimento de soluções práticas para o uso generalizado do hidrogênio como fonte de energia.

No entanto, à medida que a tecnologia de liquefação de hidrogênio avança, novos métodos e equipamentos estão sendo desenvolvidos para reduzir o custo e aumentar a eficiência do processo. Pesquisas em novos materiais e métodos de isolamento térmico, bem como o aprimoramento das técnicas de compressão e resfriamento, são áreas promissoras para tornar a liquefação do hidrogênio mais viável em uma escala global.

Com o crescente interesse no uso do hidrogênio como alternativa aos combustíveis fósseis, entender os princípios e os desafios da liquefação do hidrogênio é essencial. O processo de conversão orto-para, o efeito Joule-Thomson e as tecnologias criogênicas avançadas desempenham papéis fundamentais na criação de uma infraestrutura eficiente de hidrogênio líquido, que é um passo crucial para uma economia de energia mais sustentável e de baixo carbono.