A modelagem de sistemas distribuídos e sua coordenação eficiente entre módulos fisicamente separados sempre foi um desafio fundamental em engenharia de sistemas embarcados. Um dos modelos mais eficazes para tratar desses sistemas é a Máquina de Estados Finita (FSM), em sua versão hierárquica. Este modelo se destaca pela sua simplicidade e pela capacidade de estruturar o comportamento do sistema de maneira clara, definindo uma sequência de estados e transições que refletem as ações e condições do sistema.

Quando lidamos com sistemas distribuídos, como um sistema de pontes com sensores e módulos de controle separados fisicamente, ou um sistema de elevador em um prédio de grande altura, a FSM oferece uma forma intuitiva de modelar o comportamento das diversas unidades. A chave aqui é a definição de variáveis compartilhadas e timers, que são fundamentais para a comunicação e coordenação entre esses módulos. Entretanto, em muitos cenários, como no caso de pontes ou sistemas de elevador, a memória compartilhada pode não ser viável devido à distância entre os módulos. Nestes casos, a FSM ainda pode ser aplicada, mas com o entendimento de que a modelagem precisa ser ajustada para lidar com a separação física das unidades.

Em um sistema distribuído, a FSM hierárquica pode ser implementada de forma que diferentes partes do sistema operem de maneira independente, mas sempre em conformidade com a lógica de transições entre estados predefinidos. A hierarquia pode ser entendida como uma divisão do sistema em submáquinas de estados (subestados), cada uma responsável por uma parte do processo, mas que se comunica e coordena com as demais para garantir o funcionamento global do sistema.

Por exemplo, consideremos um sistema de linha de montagem automatizada em uma fábrica de automóveis, onde dois robôs cooperam para montar um produto. O primeiro robô é móvel e coleta as peças necessárias, enquanto o segundo robô é estacionário e realiza a montagem. Este sistema deve ser modelado com uma FSM hierárquica para garantir que as peças sejam coletadas na ordem correta e montadas de maneira eficiente. Em caso de falha, o sistema deve ser capaz de retomar de onde parou, o que exige a implementação de uma FSM capaz de lidar com interrupções e falhas de forma eficiente.

É importante observar que, para que a FSM funcione corretamente em sistemas distribuídos, é necessário levar em consideração o tempo de execução das tarefas. No exemplo da linha de montagem, é preciso especificar o tempo que cada robô leva para executar suas tarefas, como o tempo necessário para mover as peças ou para realizar a soldagem de componentes. Esses tempos são fundamentais para determinar as transições entre os estados e garantir que o sistema funcione de maneira síncrona, mesmo que partes do sistema sejam fisicamente separadas.

Além disso, a FSM deve ser capaz de responder a sinais de entrada em tempo real. Isso é especialmente importante em sistemas críticos, como o controle de tráfego em uma ponte. Quando sinais de emergência são detectados, o sistema precisa tomar decisões rápidas e coordenadas, acionando os módulos de controle necessários de forma eficiente e sem atrasos. A capacidade de a FSM gerenciar essas transições de forma clara e com pouca margem para erros é crucial em ambientes dinâmicos e críticos.

Outro aspecto importante na modelagem de sistemas distribuídos com FSMs é a questão do determinismo. Em sistemas com múltiplos módulos independentes, o não-determinismo pode ser um problema, já que ele pode levar a comportamentos inesperados. É essencial garantir que as transições de estado sejam bem definidas e que o sistema possa sempre retomar seu funcionamento a partir do último estado válido, mesmo após falhas ou mudanças repentinas nas condições de operação.

Ao utilizar FSMs hierárquicas, o projeto do sistema pode ser simplificado, especialmente em sistemas complexos, pois a hierarquia permite que o comportamento de partes do sistema seja modelado de maneira modular e com baixo acoplamento entre as unidades. No entanto, o desafio continua sendo garantir a comunicação e a sincronização correta entre as unidades distribuídas, uma vez que cada módulo pode estar executando suas próprias máquinas de estados.

Por fim, para que o modelo de FSM seja eficaz, é necessário compreender os tempos de resposta e as interações entre os módulos. Sistemas que operam em tempo real, como o controle de processos industriais ou sistemas automotivos, exigem uma modelagem precisa das transições de estado e das condições de operação. Mesmo que a FSM hierárquica simplifique a visualização do fluxo de dados e controle, é essencial que o engenheiro de sistemas compreenda as limitações do modelo e suas aplicações práticas.

Como Gerenciar Tarefas em Sistemas de Tempo Real: Abordagens e Desafios

A maneira como as barreiras de tráfego de solo devem se comportar depende da tarefa que verifica a presença de carros ou pedestres. A tarefa de verificação deve ser concluída e retornar suas informações ao sistema antes que a tarefa de controle possa ser executada. Outras tarefas podem estar presentes no sistema que não dependem de nenhuma tarefa, e essa dependência ou independência das tarefas desempenha um papel crucial no agendamento.

Em muitos casos, o conjunto de tarefas e suas propriedades associadas, como tempo de execução e requisitos de tempo real, pode ser suficientemente conhecido no momento do design do sistema, permitindo a determinação de um agendamento completo para todas as tarefas e seus trabalhos antes da implementação do sistema. Isso é chamado de agendamento estático. Em situações como essas, as prioridades das tarefas podem ser menos importantes. A consideração principal é se as tarefas podem ser agendadas de maneira que todos os trabalhos sejam concluídos dentro do prazo estipulado.

Um exemplo simples pode ilustrar esse conceito. Suponha que o processador principal de uma ponte, em condições normais (ou seja, quando nenhum barco está chegando), tenha apenas duas tarefas: atualizar a tela a cada 200 milissegundos e verificar o sensor de barco a montante a cada 50 milissegundos. Embora um tanto artificial para esse exemplo, imagine que a tarefa de atualização da tela deve ser concluída dentro de 40 milissegundos de seu início, enquanto a tarefa de verificação do sensor de barco deve ser concluída dentro de 10 milissegundos após o início. Se as simulações mostram que a atualização da tela leva 25 milissegundos para ser concluída, sem interrupções, e a leitura do sensor leva no máximo 5 milissegundos, então é possível determinar um agendamento que atenda aos requisitos.

Nesse caso, o sistema simplesmente adiaria a atualização da tela por 5 milissegundos para permitir a verificação do sensor. Esse curto atraso não impede que a atualização da tela seja concluída antes do prazo (40 milissegundos), mas garante que a primeira leitura do sensor seja concluída dentro de seu prazo (10 milissegundos). Após a atualização, as leituras subsequentes do sensor de barco ocorrem nos tempos de 50, 100 e 150 milissegundos, repetindo o padrão.

Este tipo de agendamento pode ser incorporado ao sistema operacional, ou seja, o agendamento é determinado estaticamente antes de o sistema ser implantado, e os tempos relativos de início de cada trabalho são armazenados em uma tabela usada pelo sistema operacional para controlar a execução dos trabalhos.

No entanto, nem todos os sistemas podem ser agendados estaticamente. Em particular, sistemas que possuem tarefas aperiódicas podem não ser agendáveis estaticamente. Nesses casos, o sistema operacional precisa determinar dinamicamente como ordenar os trabalhos que estão no sistema no momento. A súbita aparição e o tratamento de uma tarefa aperiódica podem exigir que os trabalhos atuais sejam reordenados, dependendo de quanto tempo a tarefa aperiódica leva, quais são os prazos e os tempos de execução restantes para os trabalhos já existentes, bem como os novos trabalhos que estão prestes a surgir.

Métodos simples de agendamento, como round-robin ou o primeiro a chegar, primeiro a ser atendido, não são suficientes para sistemas de tempo real. Por exemplo, se vários trabalhos estiverem no sistema em um dado momento, o agendamento round-robin dedicará intervalos de tempo iguais a cada tarefa, o que pode atrasar a conclusão de cada uma delas e fazer com que algumas tarefas ultrapassem seus prazos. Da mesma forma, no agendamento de primeiro a chegar, primeiro a ser atendido, uma tarefa recém-chegada pode ter um prazo anterior à conclusão da tarefa que está sendo executada. Portanto, algoritmos de agendamento mais sofisticados são necessários para garantir que todas as tarefas sejam concluídas dentro dos seus respectivos prazos.

O sistema pode ter tarefas periódicas, tarefas aperiódicas ou uma combinação de ambas. Algumas ou todas as tarefas podem ser preemptíveis. Dependendo da situação, pode-se determinar um agendamento completo e aceitável estaticamente, ou o sistema operacional pode precisar realizar o agendamento dinâmico. Existem algoritmos de agendamento para diversas combinações dessas características, e a seção seguinte aborda alguns dos mais utilizados.

O termo "custo" refere-se ao tempo máximo necessário para executar uma tarefa, e é determinado com base em várias abordagens, incluindo análises teóricas dos algoritmos usados na tarefa, estimativas de tempo de execução ou simulações no hardware. Além disso, cada tarefa tem um "intervalo de prazo" associado, que indica o tempo máximo que o trabalho da tarefa pode levar para ser completado após sua chegada, sem violar a restrição de tempo real. A "laxidade" de uma tarefa é a diferença entre o prazo e o custo da tarefa, representando o tempo de folga disponível. Essa laxidade pode ser usada para adiar ou interromper a execução de um trabalho, desde que o total de atrasos não ultrapasse a laxidade.

A noção de "hiperperíodo" também desempenha um papel importante quando se lidam com tarefas periódicas. O hiperperíodo é o mínimo múltiplo comum (MMC) dos períodos das tarefas, e é a unidade de tempo em que o padrão de chegadas e prazos se repete, permitindo que os algoritmos de agendamento se concentrem nesse intervalo de tempo.

Além disso, ao desenvolver sistemas de tempo real, é fundamental considerar a natureza das interações entre as tarefas. A dependência entre elas pode significar que algumas tarefas devem ser concluídas antes de outras, o que pode complicar o agendamento. As abordagens dinâmicas e estáticas devem ser balanceadas adequadamente, levando em conta as características de cada tarefa e o impacto de novas tarefas inesperadas.

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