As operações no setor de turismo envolvem um conjunto complexo de atividades inter-relacionadas que vão desde a prestação do serviço, planejamento da produção, preferências alimentares, controle de custos até o marketing e design físico dos estabelecimentos. A diversidade do setor é notável: plataformas digitais como agentes de viagem, serviços de economia compartilhada (Airbnb), aplicativos e sites especializados (Google Travel, apps de turismo) têm transformado a forma como os produtos e serviços turísticos são ofertados e consumidos. Essas ferramentas não apenas facilitam a venda de passagens aéreas, cruzeiros e reservas de hotéis, mas também oferecem informações e assessoria que orientam o turista em suas decisões.

O setor de transporte turístico restringe-se àqueles serviços que deslocam o turista entre o ponto de origem e o destino, incluindo a venda de bilhetes, seguros, reservas de acomodação, excursões e serviços auxiliares, como vistos e ingressos para atrações culturais. A gestão destes serviços demanda uma coordenação minuciosa e foco na satisfação do cliente. Na área de encontros, convenções e exposições, o foco recai sobre o planejamento detalhado, gestão de recursos humanos, automação de escritórios e estratégias de marketing, refletindo a importância econômica e a complexidade operacional deste segmento.

Os parques temáticos, em ascensão, oferecem uma experiência imersiva unificada por temas que podem variar desde a história, cultura, até o turismo sombrio, que tem ganhado destaque por explorar locais ligados a tragédias ou eventos dramáticos. A gestão dessas atrações enfrenta desafios específicos ligados ao comportamento do consumidor, desenvolvimento de novos produtos e manutenção das instalações, além da necessidade constante de inovação para se manterem competitivas.

A revolução digital redefiniu completamente a gestão turística, dando origem ao eTourism, que transforma a forma de planejar e consumir viagens. A maior autonomia do cliente, a busca por ofertas personalizadas e a facilidade de acesso à informação obrigam os operadores a desenvolver estratégias mais precisas de segmentação de mercado, posicionamento e fidelização. A redução de intermediários por meio da internet permite uma gestão mais eficiente dos custos e a criação de produtos sob medida para nichos específicos, ampliando as oportunidades e desafios para as empresas do setor.

As funções gerenciais no turismo abrangem marketing, gestão financeira, aspectos legais, sistemas de informação gerencial, riscos e recursos humanos. A gestão financeira, em particular, envolve a análise de dados para tomada de decisões estratégicas, captação de recursos, controle orçamentário e contabilidade gerencial, que seguem sistemas uniformes para garantir transparência e eficácia. Paralelamente, os aspectos legais impõem obrigações aos operadores, como garantir a segurança e o bem-estar dos turistas, além de prevenir litígios mediante treinamento jurídico dos colaboradores.

O uso de sistemas de informação e gestão de propriedades é essencial para aumentar a produtividade, integrando reservas, registro de hóspedes, controle de estoques, programação, gerenciamento energético e planejamento da força de trabalho. A tecnologia, portanto, não apenas automatiza processos, mas também oferece suporte estratégico para enfrentar os desafios atuais e futuros do setor.

É fundamental compreender que a evolução tecnológica no turismo não é apenas uma questão de eficiência operacional, mas uma transformação que impacta a experiência do turista, as estratégias de mercado e a própria estrutura do setor. A pandemia evidenciou a importância de adaptar essas tecnologias para responder a novas exigências, especialmente relacionadas à higiene e segurança, que passaram a ser prioritárias para os viajantes. O futuro da gestão turística dependerá da capacidade das empresas em integrar inovação, sustentabilidade e sensibilidade ao comportamento do consumidor em um cenário global dinâmico.

A Influência dos Robôs, Inteligência Artificial e Automação de Serviços no Turismo e Hospitalidade: Perspectivas Futuras

A crescente integração de robôs, inteligência artificial (IA) e automação de serviços nas indústrias de turismo e hospitalidade está gerando uma revolução silenciosa, ainda que suas implicações sejam amplamente exploradas apenas nas primeiras fases de pesquisa. O uso de tecnologias avançadas nesse setor, embora crescente, ainda enfrenta desafios significativos em termos de aceitação, adaptação e avaliação de seus impactos econômicos e sociais.

As pesquisas futuras devem se concentrar em várias direções cruciais. Primeiramente, é essencial explorar os aspectos econômicos relacionados ao uso de robôs, avaliando o impacto das tecnologias na substituição, aprimoramento e transformação dos serviços prestados em empresas turísticas e de hospitalidade. Com a adoção crescente de robôs nesses setores, surge a necessidade de analisar a competitividade e a rentabilidade das empresas que implementam essas soluções tecnológicas. A contribuição dos robôs para o desempenho financeiro e a eficiência operacional das empresas não pode ser subestimada, mas ainda é um terreno a ser explorado por meio de estudos experimentais.

Um ponto fundamental de investigação envolve a disposição dos turistas em pagar por serviços realizados por robôs, em comparação aos serviços tradicionais prestados por humanos. A compreensão dessa disposição de pagamento é vital, pois as preferências dos consumidores moldam o futuro da automação no turismo. Em um estudo recente, observou-se que a introdução de robôs em contextos turísticos e de hospitalidade levava à análise do custo-benefício para o consumidor, que pode variar de acordo com a qualidade percebida do serviço e o grau de interação que ele oferece. Portanto, o valor atribuído aos serviços tecnológicos em comparação aos humanos pode determinar a sustentabilidade dessas inovações no longo prazo.

Além disso, a interação entre humanos e robôs no processo de prestação de serviços no turismo é um campo fértil para mais investigações. Pesquisas sobre como os turistas preferem que a combinação de interação humana e robótica ocorra, e quais são os efeitos dessa combinação sobre a experiência geral do cliente, têm implicações diretas sobre como as empresas devem estruturar seus serviços. A flexibilidade no modelo de entrega dos serviços, que mescla o melhor das duas abordagens (humana e robótica), será essencial para garantir a satisfação do cliente e a viabilidade econômica da implementação de tais tecnologias.

O papel dos empregados no ecossistema de turismo também precisa ser considerado, especialmente em relação à disposição destes para colaborar com os robôs no processo de serviço. A resistência à automação por parte dos trabalhadores pode ser um obstáculo importante para sua implementação eficaz. Estudos que analisam as motivações e os fatores que influenciam a colaboração entre seres humanos e robôs são fundamentais para compreender como esses profissionais podem ser treinados e integrados nesse novo ambiente de trabalho.

Do ponto de vista pedagógico, é imperativo que os cursos de turismo e hospitalidade incorporem a robótica e a inteligência artificial em seus currículos. Equipar os estudantes com as habilidades necessárias não apenas para operar essas tecnologias, mas também para projetar experiências inovadoras que integrem encontros robóticos, será crucial para o futuro do setor. A inclusão da robótica como parte de um curso mais amplo sobre as tecnologias no turismo prepara as futuras gerações de profissionais para lidar com os desafios e oportunidades que surgem com a automação no setor.

Além da inovação tecnológica, outro aspecto importante envolve o conceito de "papel" dentro da estrutura social do turismo. O turista, como um status dentro desse sistema, assume múltiplos papéis durante sua jornada. Esses papéis podem se relacionar com sua interação com outros turistas, trabalhadores da indústria do turismo e até mesmo com o ambiente em que se encontra, como herança local ou infraestrutura. A multiplicidade de papéis que o turista desempenha no sistema social do turismo destaca a complexidade das interações no setor, que também devem ser levadas em consideração ao projetar serviços automatizados. O desafio está em como essas tecnologias podem ser implementadas sem negligenciar as expectativas e os comportamentos sociais que os turistas esperam ao interagir com os prestadores de serviço.

Em particular, o conceito de “romance tourism”, ou turismo romântico, aborda um fenômeno social controverso, caracterizado por relações íntimas entre turistas, especialmente mulheres de países economicamente desenvolvidos, e homens locais de regiões em desenvolvimento. Essas relações muitas vezes envolvem uma troca material ou erótica e são mediadas por estereótipos racializados, exotificados e hipersexualizados, perpetuando desigualdades de poder e refletindo as dinâmicas econômicas globais. A relação entre os turistas e os locais, embora complexa, deve ser entendida no contexto mais amplo das dinâmicas de poder e das normas sociais que atravessam o turismo, já que a experiência turística é moldada por esses fatores subjacentes.

Esses aspectos complexos das interações turísticas e da automação destacam a necessidade de uma abordagem holística para a implementação de robôs e IA no setor. A automatização não deve ser vista apenas como uma melhoria tecnológica, mas também como uma mudança nas relações sociais, culturais e econômicas que governam o turismo.

Como a Tipologia de Turistas Pode Influenciar o Desenvolvimento do Turismo em Destinos Remotos

A tipologia de turistas tem sido uma ferramenta essencial para entender os diferentes perfis de viajantes e suas motivações. Originalmente, essa abordagem foi proposta por Erik Cohen em 1972, com uma perspectiva sociológica que dividia os turistas em quatro tipos: o turista massificado organizado, o turista massificado individual, o explorador e o errante. Em 1974, Stanley Plog adotou uma abordagem psicológica, focando nas diferenças de personalidade, criando as categorias de turistas psicocêntricos, near-psicocêntricos, mid-cêntricos, near-alocêntricos e alocêntricos. Com o tempo, essas tipologias evoluíram, com a adição de variáveis mais complexas, como a segmentação de mercado e variáveis psicossociais, que consideram as motivações, atitudes e comportamentos dos turistas.

Em locais como Tuvalu, um pequeno país insular no Pacífico, a tipologia de turistas pode ser especialmente relevante, dada a especificidade do destino e os desafios enfrentados para desenvolver o turismo. Tuvalu, com uma população de aproximadamente 11.646 pessoas em 2019 e um PIB de US$ 47,3 milhões, oferece atividades aquáticas como mergulho, pesca, natação e vela. No entanto, sua infraestrutura limitada — com uma capacidade de apenas 75 leitos — restringe a capacidade de atrair turistas em grande escala. Embora o país possua potencial para experiências tropicais de marinas como as Maldivas, o desenvolvimento do setor turístico é dificultado pela sua remoteness, pelos altos custos internos e pela falta de investimentos.

No caso de Tuvalu, as tipologias de turistas podem ajudar a identificar quais segmentos de turistas seriam mais atraídos pelo destino, ajudando a direcionar os esforços de promoção e a planejar o desenvolvimento de infraestrutura. Turistas mais psicocêntricos, que buscam segurança e conforto, podem ser mais atraídos por destinos mais remotos e menos explorados, como Tuvalu, enquanto turistas alocêntricos, que procuram aventura e novidade, podem preferir destinos mais inexplorados. Para um destino como Tuvalu, é crucial compreender essas variações nas motivações para, assim, criar estratégias que atendam às necessidades desses grupos específicos.

Além disso, a crescente atenção às implicações econômicas, ambientais e socioculturais do turismo de massa tem levado os destinos a se questionarem sobre os impactos do turismo em suas comunidades locais. Em muitos casos, o turismo em massa pode causar danos à cultura local, à infraestrutura e ao meio ambiente, e, por isso, a definição de tipologias de turistas que priorizem a sustentabilidade e o respeito às culturas locais é fundamental. A tipologia de turistas baseada em variáveis motivacionais, como o crescimento pessoal, o bem-estar, a experiência memorável e comportamentos ambientalmente responsáveis, pode ser um caminho para promover um turismo mais consciente e menos intrusivo.

Além da segmentação do mercado e da identificação de tipos de turistas, as metodologias para estudar essas tipologias também estão em constante evolução. A análise quantitativa, que se baseia em questionários e grandes amostras de dados, continua a ser uma prática comum. No entanto, métodos mais sofisticados, como a utilização de algoritmos de clusterização e a detecção automática de interação com chi-quadrado, têm se mostrado mais robustos e eficazes. Tais métodos podem ajudar a segmentar turistas de forma mais precisa e entender melhor seus comportamentos e preferências, fornecendo informações valiosas para os gestores de destinos.

O estudo contínuo das tipologias de turistas é crucial, especialmente para destinos com desafios específicos, como Tuvalu, que enfrenta a ameaça de mudanças climáticas e a perda de empregos no setor de hospitalidade. Embora o país tenha registrado poucos casos de COVID-19 até abril de 2021, a pandemia resultou na perda de quase metade dos empregos no setor de turismo. Essa vulnerabilidade econômica demonstra a necessidade de desenvolver um setor turístico resiliente e sustentável, que possa se adaptar a crises globais, como a pandemia e as mudanças climáticas.

Entender as motivações e comportamentos dos turistas é apenas o primeiro passo. A partir dessa compreensão, é possível construir estratégias que maximizem os benefícios econômicos e minimizem os impactos negativos sobre o meio ambiente e a cultura local. Além disso, à medida que o mercado de turismo se torna mais competitivo, é essencial que os destinos identifiquem suas vantagens competitivas e atendam às expectativas dos turistas, criando experiências autênticas e significativas que atraem os diferentes perfis de viajantes.

Por fim, é importante observar que a tipologia de turistas deve ser continuamente reavaliada e adaptada à medida que as tendências e os comportamentos dos consumidores evoluem. O estudo da tipologia de turistas não é uma tarefa estática, mas sim dinâmica, e deve incorporar as mudanças nas preferências dos turistas, nas tendências de mercado e nas condições locais. Apenas por meio dessa adaptação constante, é possível criar um turismo mais responsável, mais respeitoso e mais sustentável, capaz de beneficiar tanto os visitantes quanto as comunidades locais.