A resposta dinâmica de sistemas de câmara de água oscilante de Helmholtz (OWC) com paredes perfuradas envolve uma série de interações complexas entre as ondas incidentes e a estrutura, o que pode ser modelado utilizando a técnica de Galerkin multi-termo para lidar com as singularidades de velocidade causadas pela fina parede da câmara OWC e pela parede perfurada. A introdução do potencial de velocidade UχU_\chi permite descrever o comportamento das velocidades nas paredes perfuradas, o que é fundamental para entender como a energia das ondas é dissipada e extraída. Este modelo baseia-se na combinação das soluções de difração e radiação para calcular as velocidades nas superfícies, levando em consideração diferentes termos auxiliares que representam problemas periódicos na direção yy e funções auxiliares de velocidade na direção zz.

A parede perfurada, com uma constante de porosidade GG, desempenha um papel crucial na dissociação da energia das ondas. Em frequências específicas, a parede é capaz de absorver e dissipar energia com eficiência, o que é particularmente relevante nas faixas de baixa a média frequência. De fato, quando o coeficiente de porosidade é ajustado adequadamente, pode-se expandir a largura de banda para uma absorção mais eficaz das ondas, especialmente quando 1<kh<51 < kh < 5. Em particular, o coeficiente de dissipação se torna mais pronunciado, permitindo que a energia das ondas seja melhor aproveitada.

O efeito do coeficiente de porosidade sobre a eficiência hidrodinâmica do sistema é significativo em termos de absorção das ondas. No caso de ondas de baixa frequência, o sistema atinge um pico de eficiência hidrodinâmica η\eta, o que indica uma conversão quase ideal da energia das ondas em energia útil. Essa característica é especialmente importante porque a ressonância do pistão do OWC permite que ondas de longa duração e baixa frequência sejam absorvidas de forma eficaz, convertendo-as em energia utilizável através do ressoador de Helmholtz.

Além disso, a dissipação das ondas pela parede perfurada é mais pronunciada em frequências intermediárias. Assim, o sistema híbrido formado pela câmara de OWC e a parede perfurada age de forma semelhante a um quebra-mar, permitindo a absorção das ondas em uma gama mais ampla de frequências, resultando em uma maior eficiência na extração de energia. O sistema híbrido não só permite a absorção de ondas de longa duração, mas também dissipa as ondas de frequências mais altas de forma eficaz.

No que diz respeito à influência do ângulo de incidência das ondas, o sistema OWC com parede perfurada apresenta uma variação na eficiência hidrodinâmica, embora essa variação seja mais pronunciada na reflexão das ondas. O impacto do ângulo de incidência é mais evidente em frequências mais altas, quando o coeficiente de reflexão aumenta, mas a eficiência hidrodinâmica não sofre uma alteração tão acentuada. A resposta do sistema a diferentes ângulos de incidência é importante para a aplicação em engenharia costeira, pois permite otimizar a performance das estruturas de proteção costeira e maximizar a captura de energia das ondas, mesmo em condições de incidência oblíqua.

Em comparação com os quebra-mares tradicionais de blocos de enrocamento, o sistema híbrido OWC integrado com uma parede perfurada apresenta um desempenho superior na absorção de ondas, especialmente para ondas de baixa frequência. Os resultados teóricos indicam que o sistema híbrido apresenta coeficientes de reflexão significativamente menores na faixa de baixas frequências, mostrando uma eficiência de absorção superior ao do quebra-mar convencional. Essa diferença se torna evidente quando a ressonância de Helmholtz é ativada na câmara de OWC, melhorando a absorção de ondas longas.

Portanto, além das relações complexas entre o coeficiente de porosidade, o ângulo de incidência e a eficiência hidrodinâmica, é fundamental compreender como as características específicas de design, como a geometria da câmara OWC e o tipo de parede perfurada, impactam o desempenho do sistema. O ajuste adequado desses parâmetros pode resultar em uma ampla gama de absorção de ondas, otimizando a conversão de energia das ondas para usos práticos em energia renovável.

Como a Bathymetria Complexa Afeta a Eficiência Hidrodinâmica de Dispositivos OWC em Ambientes Variáveis

A análise das interações entre as ondas e os dispositivos de energia de coluna oscilante (OWC) sobre diferentes tipos de fundo marinho revela que a presença de bathymetria variável pode ter um impacto significativo no desempenho desses sistemas. O comportamento hidrodinâmico de sistemas OWC, que aproveitam as oscilações da coluna de água para gerar energia, depende diretamente da configuração do fundo marinho, que, por sua vez, influencia a eficiência da conversão de energia das ondas.

Estudos demonstraram que a bathymetria complexa pode alterar tanto a eficiência hidrodinâmica quanto o coeficiente de reflexão das ondas, resultando em um desempenho variado do dispositivo dependendo das características locais do fundo marinho. Por exemplo, ondas de ressonância, que se formam devido às particularidades da bathymetria, podem amplificar a amplitude das ondas ou reduzir a eficiência de conversão, dependendo de como essas ondas interagem com o dispositivo OWC.

Os modos de ressonância, identificados através das frequências de onda específicas (como kh1 = 0.24, 0.54, e 1.20), são cruciais para compreender como a energia das ondas é manipulada sobre a bathymetria de recifes de corais. Quando o sistema atinge uma dessas frequências de ressonância, observa-se uma amplificação significativa da amplitude da onda sobre a plataforma de recifes e a lagoa. No entanto, esses picos e vales de eficiência não coincidem perfeitamente com as frequências previstas pelas equações teóricas, indicando que outros fatores, como o efeito de "setup" da água, também devem ser considerados para um cálculo preciso.

Ao examinar diferentes modos de ressonância, é possível observar que a amplificação das ondas varia dependendo da profundidade e da forma do fundo marinho. Por exemplo, para o caso de kh1 = 0.24 (j = 0), a amplificação das ondas pode ser mais de quatro vezes maior que a amplitude da onda incidente, especialmente sobre a plataforma de recifes. Já para kh1 = 0.54 (j = 1), a amplificação é visivelmente menor. Essas variações são reflexo da interação das ondas com a topografia do fundo marinho.

Além disso, o ângulo de incidência das ondas sobre a bathymetria também desempenha um papel importante na eficiência hidrodinâmica. Sob ação de ondas oblíquas, observa-se uma redução na largura da faixa de frequência eficaz, com o coeficiente de reflexão aumentando e a eficiência diminuindo. Esse fenômeno ocorre devido ao aumento da reflexão das ondas, que desloca as frequências de ressonância para faixas mais baixas, restringindo a gama de frequências que podem ser efetivamente aproveitadas pelo dispositivo OWC.

Outro aspecto fundamental observado em estudos sobre bathymetria complexa é o efeito de um fundo marinho escalonado. A presença de degraus no fundo marinho pode melhorar substancialmente a eficiência do sistema OWC, conforme demonstrado por Rezanejad e Soares. O fundo escalonado promove uma redução na transmissão das ondas e, ao mesmo tempo, aumenta a eficiência de conversão da energia das ondas, devido à interação hidrodinâmica entre o fundo marinho e as ondas. Isso ocorre porque a mudança de altura no fundo cria um efeito de ressonância que amplifica as ondas em certas frequências, melhorando a captura de energia.

Esses resultados têm implicações diretas no design e otimização dos dispositivos OWC em ambientes com bathymetria variável. O comportamento das ondas, dependendo de sua interação com o fundo marinho, pode ser usado para melhorar a eficiência dos sistemas de energia de ondas. A configuração do fundo marinho, seja ele plano, escalonado ou caracterizado por recifes de corais, deve ser considerada no planejamento de sistemas de energia renovável baseados em OWC, já que cada tipo de bathymetria afeta a capacidade de conversão de energia de formas distintas.

Além disso, é essencial que os projetistas considerem o fenômeno de ressonância e seus efeitos dinâmicos. A otimização de dispositivos OWC deve levar em conta não apenas a configuração ideal para capturar as ondas de maior amplitude, mas também a influência da frequência de ressonância, do ângulo de incidência das ondas e da interação do dispositivo com a bathymetria local. Esses fatores podem ser determinantes para maximizar a eficiência do sistema, especialmente em condições de ondas de baixa frequência ou quando se utiliza um fundo marinho complexo, como recifes de corais ou fundos escalonados.

Análise Hidrodinâmica da Integração de Dispositivos de Energia das Ondas com Plataformas Flutuantes: Uma Abordagem Multifuncional

A integração de dispositivos de energia das ondas com estruturas flutuantes marinhas, como quebra-mares, turbinas eólicas offshore, plataformas offshore e sistemas de aquicultura, apresenta vantagens significativas em termos de compartilhamento espacial, redução de custos e multifuncionalidade. Essa solução integrada oferece a possibilidade de plataformas de múltiplos usos, promovendo o compartilhamento de espaço e custos, além de potencializar a aplicação de dispositivos de energia das ondas no setor de engenharia marinha. A interação entre diferentes estruturas marinhas pode criar efeitos sinérgicos, otimizando tanto a captura de energia quanto a atenuação das ondas.

Por exemplo, a combinação de dispositivos de energia das ondas com quebra-mares flutuantes pode resultar em uma interação construtiva, onde o dispositivo de energia das ondas captura a energia das ondas ao mesmo tempo que contribui para a atenuação das mesmas. Além disso, a presença do quebra-mar flutuante pode gerar efeitos de foco de onda, o que, por sua vez, influencia positivamente o desempenho de extração de energia do dispositivo. Um estudo realizado por Zhao et al. (2019) sobre o sistema integrado de quebra-mar e conversor de energia das ondas, composto por uma série de conversores do tipo Oscilante (OB-WECs), evidenciou que, em comparação com os dispositivos isolados, a força das ondas e a resposta do dispositivo são amplificadas devido à presença do quebra-mar flutuante, quando este é projetado de forma adequada.

A modelagem numérica tridimensional de Ning et al. (2021) sobre um arranjo de dispositivos de energia das ondas do tipo flutuante integrado a um quebra-mar fixo revelou o impacto de vários parâmetros, como a frequência das ondas, o coeficiente de reflexão e o ângulo de incidência, sobre o desempenho do sistema. Os resultados indicam que a integração de diferentes dispositivos pode não apenas otimizar o desempenho individual dos conversores de energia, mas também influenciar na dinâmica estrutural das plataformas flutuantes, resultando em menores movimentos da estrutura devido à ação combinada dos sistemas.

Além disso, a pesquisa de Jeremy et al. (2020) sobre uma plataforma multifuncional que integra aquicultura, turbinas eólicas e conversores de energia das ondas demonstrou que a combinação dessas tecnologias pode gerar benefícios mútuos, especialmente no que tange ao uso eficiente do espaço marítimo e à redução dos custos operacionais. Da mesma forma, os estudos de Yue et al. (2018) mostraram que a inclusão de conversores de energia das ondas pode reduzir, em certa medida, os movimentos da plataforma que integra sistemas de aquicultura offshore.

A proposta de sistemas híbridos, como a combinação de turbinas eólicas offshore com dispositivos de energia das ondas do tipo ponto absorvedor, vem ganhando destaque. Silva et al. (2019) realizaram uma investigação numérica sobre a integração de plataformas semi-submersíveis para turbinas eólicas e dispositivos de absorção de energia das ondas, destacando que a integração não prejudica o desempenho de captura de energia das ondas, além de resultar na diminuição da aceleração horizontal das naceles das turbinas. Estudos adicionais de Zhao et al. (2021) e Zhu et al. (2020) reforçam que, por meio de um design adequado da rigidez da plataforma e dos mecanismos de amortecimento, é possível reduzir os movimentos da plataforma, como o deslocamento vertical (heave) e os movimentos de inclinação (pitch).

Os avanços no desenvolvimento de plataformas flutuantes modulares e interconectadas para dispositivos de energia das ondas também têm sido substanciais. Dai et al. (2020) exploraram soluções técnicas para a viabilidade estrutural e hidrodinâmica de plataformas modulares, levando em consideração as interações entre as unidades flutuantes e seus conectores. O estudo sugere que o desenvolvimento de plataformas modulares pode contribuir significativamente para a flexibilidade e a eficiência das soluções offshore.

Esses estudos não apenas indicam a viabilidade técnica das integrações de múltiplos dispositivos de energia renovável, mas também abrem caminho para novos modelos de negócios e abordagens inovadoras para a indústria de energia marinha, focando na redução de custos e na otimização do uso dos espaços oceânicos. No entanto, a implementação bem-sucedida dessas soluções exige uma avaliação detalhada dos fatores hidrodinâmicos e estruturais, além de uma compreensão precisa dos impactos ambientais e operacionais a longo prazo.

A análise de sistemas híbridos e a avaliação do impacto da interação entre os diferentes dispositivos de energia renovável são, portanto, fundamentais para o avanço da engenharia de plataformas flutuantes multifuncionais. A compreensão da sinergia hidrodinâmica, a consideração de parâmetros como a frequência das ondas, o tipo de estrutura e os sistemas de ancoragem, são questões essenciais para o sucesso da integração dessas tecnologias. Além disso, é importante que o desenvolvimento de tais soluções seja acompanhado de rigorosos estudos experimentais e modelagem computacional para validar suas hipóteses e garantir a eficiência dos sistemas.

Como a Distância Offshore Afeta a Eficiência Hidrodinâmica de Plataformas Flutuantes Integradas com Dispositivos de Energia das Ondas?

A integração de plataformas flutuantes com dispositivos de energia das ondas levanta questões fundamentais sobre a interação entre a plataforma e o ambiente marinho. A análise da eficiência hidrodinâmica e dos efeitos hidroelásticos resulta essencial para a otimização dessas estruturas em condições reais. Estudos recentes demonstram que, à medida que a distância entre a plataforma flutuante e a costa aumenta, diferentes dinâmicas de interação entre as ondas e as plataformas começam a influenciar significativamente o desempenho do sistema. A consideração dos efeitos hidroelásticos é crucial, pois essas deformações podem afetar a extração de energia das ondas, além de alterar o comportamento dinâmico das plataformas.

Os resultados mostram que, em casos de maior distância entre a plataforma e a costa, as oscilações do movimento relativo entre a plataforma e os dispositivos de energia das ondas tornam-se mais pronunciadas. Quando o ângulo de inclinação β é de 45°, as plataformas flutuantes sofrem efeitos hidroelásticos significativos, o que é visível em deformações mais acentuadas, quando comparadas às plataformas que operam em águas abertas, sem a presença de uma parede costeira. O impacto da reflexão das ondas da costa também se torna mais relevante, principalmente quando a plataforma está a distâncias maiores da linha costeira, como 50m ou 100m.

A eficiência hidrodinâmica média das plataformas flutuantes varia de acordo com a distância offshore (S3), com resultados diferentes observados em frequências específicas de ondas. Essas diferenças tornam-se ainda mais evidentes entre 0,7 a 1,35 rad/s, onde os efeitos de interferência causados pelas ondas refletidas da costa são mais pronunciados. Portanto, os engenheiros devem considerar a interferência da reflexão costeira ao projetar sistemas de extração de energia das ondas, especialmente em áreas próximas à linha costeira.

Além disso, ao comparar a eficiência hidrodinâmica de plataformas flutuantes com diferentes distâncias offshore, observa-se uma diferença significativa entre as plataformas que incorporam efeitos hidroelásticos e aquelas que não os consideram. A negligência desses efeitos pode levar a uma subestimação da eficiência na extração de energia, com a diferença podendo chegar a até 50%. Isso demonstra a importância da inclusão dos efeitos hidroelásticos em modelos de previsão de desempenho de plataformas flutuantes integradas com dispositivos de captura de energia das ondas.

O modelo numérico utilizado para investigar esse sistema integrado pode ser adaptado para diferentes tipos de plataformas flutuantes modulares, como as cidades flutuantes ou plataformas flexíveis. A flexibilidade do modelo permite simular diversas condições e avaliar o impacto da interação entre as plataformas e os dispositivos de energia. Em particular, as plataformas com geometrias mais esbeltas (i.e., com proporções mais estreitas) requerem um cuidado especial, já que a dinâmica de vibração e deformação pode alterar significativamente a eficiência da extração de energia.

Quando se consideram as plataformas flutuantes muito grandes (VLFS), a flexibilidade do modelo é uma vantagem importante, pois permite simular as respostas hidroelásticas dessas estruturas em ambientes complexos, onde fatores como a geografia submarina ou a presença de obstáculos podem alterar as condições das ondas. Para essas plataformas, o modelo pode ser ajustado modificando a matriz de rigidez, permitindo simulações mais precisas para diferentes cenários.

Além dos efeitos hidroelásticos e das interações com as ondas, a adaptação desse modelo para diferentes tipos de dispositivos de energia das ondas e arranjos de dispositivos torna-se essencial para otimizar a captura de energia em diversos ambientes. A capacidade de incluir a resposta hidroelástica da plataforma junto com as características do dispositivo de captura de energia permite que as simulações sejam mais realistas e que os engenheiros possam prever com maior precisão o desempenho do sistema em diferentes condições de operação.

No entanto, é importante lembrar que, embora os modelos numéricos ofereçam uma valiosa previsão do comportamento das plataformas flutuantes integradas com dispositivos de energia das ondas, eles devem ser constantemente validados e aprimorados com base em testes práticos e dados do mundo real. Além disso, considerações sobre a sustentabilidade ambiental, o impacto nas espécies marinhas e a viabilidade econômica desses sistemas são fundamentais para garantir que a implementação de plataformas flutuantes seja não apenas eficiente, mas também benéfica a longo prazo para o meio ambiente e para as comunidades costeiras.