A corrosão galvânica é um fenômeno muito estudado no campo da corrosão industrial. Essa forma de corrosão ocorre quando dois metais com diferentes potenciais elétricos entram em contato em um ambiente corrosivo, resultando em uma degradação acelerada do metal com o potencial elétrico mais negativo. Quando esse tipo de corrosão acontece, há um fluxo de corrente elétrica entre os dois metais, provocando a dissolução do metal mais anódico e a formação de produtos de corrosão, como pitting ou corrosão localizada. Isso pode levar a uma perda significativa de espessura do material, o que reduz sua resistência mecânica e sua capacidade de suportar cargas.

No estudo realizado por Zhou et al. [42], por exemplo, a corrosão nas soldas de estruturas de aço foi avaliada, e constatou-se que, em média, cerca de 0,5 mm de metal era corroído por ano, o que resultava em uma perda da flexibilidade e resistência à tração dos materiais. Esse fenômeno de corrosão galvânica ocorre com mais frequência em ambientes industriais, em estruturas expostas a variações ambientais, como construções marinhas ou plataformas flutuantes.

A presença de oxigênio no ambiente também pode aumentar as reações catódicas, exacerbando a corrosão nas áreas adjacentes à rachadura, principalmente em materiais com revestimentos ou com falhas na proteção anticorrosiva. A relação entre os metais e a sua proximidade em um ambiente com eletrólitos pode amplificar esse efeito, como foi observado em estudos como o de Knudsen et al. [42], que analisaram a corrosão galvânica em estruturas flutuantes de aço em contato com metais mais nobres, como o cobre.

Além disso, a corrosão galvânica é intensificada quando existem fendas ou pequenas rachaduras, pois esses pontos tornam-se locais de acumulação de fluídos corrosivos, alterando as condições ambientais e criando áreas propensas à formação de pitting, ou corrosão pontual. Em outro estudo, Hu et al. [43] mostraram como a presença de metais dissimilares pode provocar uma corrosão acelerada, especialmente quando a interface entre esses metais não está adequadamente protegida.

Outro fator que pode agravar a corrosão galvânica é o aumento da alcalinidade no ambiente, o que pode promover a formação de óxidos, como a magnetita, nas superfícies metálicas. Esse óxido forma uma camada protetora que impede que o fluido corrosivo entre em contato diretamente com a superfície metálica, retardando o processo de corrosão. No entanto, essa proteção não é permanente e pode ser comprometida com o tempo, dependendo das condições ambientais e das mudanças de pH.

A corrosão erosiva, que ocorre quando materiais metálicos entram em contato com fluidos ou sólidos em movimento, também é um grande problema em várias indústrias, como a de oleodutos e gasodutos. Ela ocorre quando a interação entre a abrasão causada pelo fluxo de partículas e os efeitos corrosivos do fluido geram uma forma sinérgica de degradação do metal. Essa combinação de erosão e corrosão resulta em uma perda acelerada de espessura e compromete a integridade estrutural dos materiais.

A pesquisa de Rao et al. [52] sobre a corrosão erosiva em aço AISI 1018 revelou que diversos fatores influenciam a intensidade desse fenômeno. A velocidade do fluido, a temperatura, o tamanho das partículas presentes no fluido e o ângulo de impacto das partículas sobre a superfície metálica são alguns dos principais fatores que aceleram a corrosão erosiva. Além disso, a composição química do fluido e a presença de substâncias como areia ou outros sólidos podem também aumentar a taxa de corrosão, já que as partículas em suspensão podem diminuir a eficácia dos inibidores de corrosão.

A utilização de inibidores químicos é uma das abordagens mais comuns para controlar a corrosão erosiva. Inibidores de corrosão, como os carboxilatos, têm se mostrado eficazes em muitos casos, mas a sua eficiência depende de vários fatores, incluindo a concentração do inibidor, a presença de cloretos e a temperatura do ambiente. Além disso, é importante considerar a forma como esses inibidores interagem com outros materiais presentes no sistema, como os sólidos suspensos, que podem reduzir a eficácia do tratamento.

Em casos onde a corrosão erosiva é um problema constante, a escolha de materiais mais resistentes à corrosão, como ligas de alta resistência, pode ser uma solução. O estudo de Xu et al. [58] sobre o uso de ferro fundido austenítico (BS 3468 S2W) como substituto de ligas convencionais demonstrou que, ao ser submetido a condições de fluxo de fluido, houve uma redução na perda de massa devido à desintegração das partículas do metal. Além disso, áreas com fluxo de fluido não direto, como curvas e bombas, são especialmente vulneráveis à corrosão erosiva.

Finalmente, o processo de fissuração por corrosão sob tensão (SCC), onde as rachaduras se propagam em metais expostos a ambientes corrosivos, pode ser considerado uma das formas mais destrutivas de corrosão. Esse tipo de rachadura ocorre devido à combinação de tensões mecânicas e à presença de um ambiente corrosivo, resultando em fissuras que podem comprometer seriamente a resistência e a durabilidade dos materiais.

Para prevenir ou mitigar a corrosão em ambientes industriais, é fundamental um monitoramento constante das condições ambientais, a escolha adequada de materiais, o uso de tratamentos preventivos como revestimentos protetores e a aplicação de inibidores de corrosão, sempre levando em consideração as especificidades do local de instalação e as propriedades dos materiais envolvidos.

Como a Corrosão Afeta a Indústria de Energia e Métodos de Prevenção

A corrosão é um fenômeno natural que representa um grande desafio para a indústria de energia, comprometendo a confiabilidade, a eficiência e a segurança dos sistemas de geração de energia. Esta questão não se limita a um tipo específico de geração de energia; seja em plantas de energia a combustível fóssil, nuclear ou renovável, todos os tipos de instalação estão suscetíveis aos efeitos corrosivos. É fundamental compreender os mecanismos, as consequências e as estratégias de prevenção da corrosão para garantir a integridade e a longevidade da infraestrutura de plantas de energia.

A corrosão pode gerar perdas econômicas consideráveis devido à falha de equipamentos, paradas imprevistas e à necessidade de manutenção extensiva. Por exemplo, a corrosão pode danificar caldeiras, turbinas e condensadores em usinas de energia a carvão, resultando em redução da eficiência e aumento dos custos operacionais. Em usinas nucleares, a corrosão apresenta um desafio adicional, dado o risco de contaminação radioativa e os rigorosos padrões de segurança exigidos. Além disso, a integração de fontes de energia renováveis, como turbinas eólicas offshore e painéis solares, traz novos desafios de corrosão, especialmente no que diz respeito às estruturas que sustentam esses sistemas.

Os tipos de corrosão mais comuns encontrados nas plantas de energia incluem a corrosão uniforme, a corrosão por pite, a corrosão por fresta e a trinca por corrosão sob tensão. Cada um desses tipos de corrosão ocorre sob condições específicas, que podem ser influenciadas por fatores como temperatura, umidade, composição química do ambiente e tensão mecânica nos materiais. A corrosão uniforme ocorre de maneira mais geral e homogênea na superfície do material, enquanto a corrosão por pite é localizada, formando pequenos buracos ou cavidades. A corrosão por fresta, por sua vez, acontece em regiões de difícil acesso, como rachaduras ou junções, e a trinca por corrosão sob tensão é particularmente insidiosa, já que a combinação de tensão e corrosão pode levar a falhas catastróficas.

A escolha dos materiais também desempenha um papel crucial na resistência à corrosão. Metais e ligas usados em usinas de energia, como aço carbono, aço inoxidável e ligas resistentes a altas temperaturas, possuem diferentes níveis de susceptibilidade à corrosão, dependendo das condições operacionais. Por exemplo, em ambientes de alta temperatura, como fornos e caldeiras, materiais especiais são frequentemente necessários para evitar o desgaste prematuro. Além disso, o contato com ácidos ou outros compostos químicos agressivos pode acelerar o processo corrosivo, exigindo um monitoramento contínuo da integridade dos materiais.

Para prevenir a corrosão e mitigar seus efeitos, diversas estratégias podem ser adotadas. A seleção adequada de materiais, com base nas condições ambientais específicas de cada planta, é uma das principais formas de evitar a corrosão. Além disso, o uso de revestimentos protetores, como tintas anti-corrosivas ou tratamentos de superfície, ajuda a criar uma barreira que impede o contato direto entre o metal e os agentes corrosivos. A proteção catódica, que envolve a aplicação de uma corrente elétrica para prevenir a corrosão em superfícies metálicas, também é uma técnica eficaz em determinadas situações. O uso de inibidores de corrosão, produtos químicos que reduzem a taxa de corrosão ao reagirem com o metal ou o ambiente corrosivo, tem se mostrado útil em vários contextos industriais.

Embora as estratégias de prevenção sejam essenciais, a manutenção contínua e a monitorização constante são igualmente importantes para detectar os primeiros sinais de corrosão antes que danos significativos ocorram. Inspeções regulares, análise de desgaste e testes não destrutivos, como ultrassom e radiografia, permitem que as plantas identifiquem áreas comprometidas e adotem medidas corretivas de forma eficaz. Isso não só ajuda a evitar falhas catastróficas, mas também contribui para a durabilidade e segurança da planta, garantindo que os custos operacionais se mantenham baixos.

A corrosão, portanto, não deve ser vista apenas como um problema inevitável, mas como uma questão que pode ser gerida e controlada através de uma combinação de boas práticas de engenharia, monitoramento contínuo e uso de tecnologias avançadas. Para garantir a longevidade e a segurança das instalações, é imperativo que as plantas de energia adotem uma abordagem integrada, levando em consideração todos os aspectos da corrosão, desde a escolha dos materiais até as estratégias de manutenção.