A aleatorização é uma técnica essencial para garantir a equidade em experimentos e comparações, especialmente quando se busca medir o impacto de diferentes anúncios sobre os hábitos de compra dos consumidores. Sua força está em atuar simultaneamente sobre todas as características dos consumidores, como gênero, hábitos de busca e preferências de compra online, inclusive sobre aquelas características que nem sempre são observadas ou reconhecidas pelo experimentador. Quando as amostras são grandes o suficiente e verdadeiramente aleatórias, qualquer diferença nos resultados entre os grupos não pode ser explicada por diferenças nas características dos consumidores, mas deve ser atribuída ao fator experimental, como um anúncio específico. Essa equivalência probabilística permite tratar as condições experimentais como se os consumidores estivessem, de fato, em dois mundos ao mesmo tempo, proporcionando uma comparação justa e controlada.
Essa abordagem permite que as empresas testem e avaliem suas estratégias de publicidade de maneira mais objetiva, sem o viés de fatores inconscientes ou variáveis não mensuradas que poderiam distorcer os resultados. Esse princípio é fundamental para garantir que as conclusões extraídas de experimentos controlados sejam realmente representativas e confiáveis, especialmente em um mercado tão dinâmico e diversificado como o digital.
No entanto, quando se trata de testar a experiência do usuário, é crucial garantir que a consistência do software seja mantida para os indivíduos em todas as interações experimentais. Se um usuário pertence ao grupo de controle, ele deve interagir com a versão original do software durante todo o experimento. Por outro lado, se o usuário pertence ao grupo que está testando um novo design, essa mudança deve ser aplicada de forma consistente em todas as partes do software que são relevantes para o estudo. Qualquer inconsistência no tratamento dos grupos pode comprometer a validade dos resultados e levar a conclusões equivocadas sobre o impacto da alteração no design.
A prática de testes A/B, embora poderosa, também apresenta limitações. Um exemplo notável dessa abordagem foi o famoso caso do Google, que utilizou testes A/B para decidir a tonalidade de azul a ser utilizada na sua barra de ferramentas. Testaram 41 gradientes diferentes para descobrir qual gerava mais cliques, uma decisão que, à primeira vista, pode parecer trivial, mas que tem um impacto direto na receita da empresa, visto que cada clique a mais significa uma melhoria no modelo de negócios. Marissa Mayer, ex-vice-presidente de Produtos de Pesquisa e Experiência do Usuário no Google, justificou a decisão em artigo ao New York Times, destacando que, apesar de simples, a escolha da cor impacta diretamente o número de cliques, refletindo-se em um aumento de receita.
Contudo, como Douglas Bowman, ex-designer do Google, ressaltou, o uso excessivo de A/B testing pode prejudicar a inovação. Ao transformar cada decisão em um problema a ser resolvido exclusivamente por dados, as equipes de design podem perder sua capacidade de tomar decisões audaciosas e criativas, essencialmente removendo a autonomia do time de desenvolvimento. Essa dependência dos dados para cada decisão pode paralisar a empresa e impedir que se arrisquem em inovações significativas que, embora não sejam imediatamente populares, podem ser transformadoras no longo prazo. Um exemplo clássico disso é a citação frequentemente atribuída a Henry Ford: “Se eu tivesse perguntado às pessoas o que elas queriam, teriam respondido: cavalos mais rápidos.” O uso exclusivo de A/B testing como base para decisões pode restringir a visão a soluções incrementais, em vez de soluções disruptivas.
Além dos testes A/B, as empresas também podem adotar o beta testing, uma abordagem que permite testar uma versão de software com um subconjunto de usuários antes do lançamento para o público geral. O beta testing serve para verificar a prontidão do produto, esperando que os usuários descubram bugs e problemas que o time de desenvolvimento não foi capaz de identificar. Essa fase de testes permite que as empresas obtenham uma diversidade de perspectivas, já que os usuários de fora do time de desenvolvimento podem interagir com o produto de formas que não foram antecipadas. As falhas encontradas durante o beta test podem ser causadas por interações específicas com o software, variáveis ambientais, como a localização geográfica, ou até mesmo as características físicas dos usuários, como deficiência visual ou auditiva. Isso dá à equipe de desenvolvimento uma visão mais realista e holística do desempenho do produto.
Além disso, o beta testing pode ser uma estratégia útil quando a empresa deseja ser a primeira a lançar um produto no mercado. Embora o software não esteja totalmente finalizado, ao colocar uma versão inicial nas mãos dos consumidores, a empresa gera entusiasmo e se posiciona como inovadora. Essa abordagem pode ser vantajosa, desde que o produto esteja suficientemente funcional para atrair e engajar os usuários, mesmo que ainda precise de ajustes.
Contudo, o beta testing também apresenta desafios. O feedback dos beta testers nem sempre é representativo de todo o público-alvo, já que esses usuários são geralmente mais predispostos à adoção precoce da tecnologia e podem ter expectativas diferentes das de usuários mais pragmáticos, que só adotam novas soluções após a consolidação do produto. Além disso, os testers podem não explorar o produto de forma profunda, limitando-se a uma “visita rápida”, o que pode deixar problemas não descobertos. A busca por feedback sobre a usabilidade do produto também pode ser prejudicada, já que nem todos os testers têm confiança para relatar questões de usabilidade se não souberem se esses problemas são significativos.
De maneira geral, os testes A/B e beta testing são poderosas ferramentas para a coleta de dados que ajudam a moldar decisões de design e produto, mas devem ser usados com discernimento e complementados por outras formas de avaliação para garantir que as inovações não sejam suprimidas pela busca excessiva por aprovação dos usuários. O uso equilibrado de dados quantitativos e a confiança no processo criativo das equipes de desenvolvimento são essenciais para que uma empresa consiga inovar e, ao mesmo tempo, atender às expectativas dos consumidores.
Como a Cultura DevOps Transforma o Papel do Testador no Desenvolvimento de Software
O termo DevOps surgiu como uma resposta ao crescente desejo de tornar os ciclos de desenvolvimento de software mais ágeis e eficientes. A ideia central era eliminar as barreiras tradicionais entre os times de desenvolvimento e operações, permitindo uma colaboração mais estreita e contínua. Mas, no meio de todo esse movimento de transformação, há uma área que frequentemente passa despercebida: o papel dos testadores.
A transformação DevOps, em muitos casos, é associada a práticas como entrega contínua e implantação contínua. A entrega contínua, como definida por Jez Humble e David Farley, busca garantir que o software esteja sempre pronto para ser lançado, permitindo que qualquer versão de código possa ser implantada em produção de maneira rápida e eficiente. Isso envolve não apenas práticas de codificação, mas também o gerenciamento de controle de versão e técnicas como o uso de "feature flags", que possibilitam a implantação de código sem que ele esteja imediatamente disponível para os usuários. A ênfase, aqui, está na automação e na rapidez, com o objetivo de reduzir o ciclo de feedback e aumentar a frequência de lançamentos.
É importante observar que, ao adotar a entrega contínua, as equipes de desenvolvimento podem conseguir grandes melhorias na velocidade e na qualidade das entregas sem que haja uma transformação radical nas equipes de operações. Contudo, essa mudança, mesmo que positiva no início, pode gerar tensões à medida que as dependências entre as equipes se tornam mais evidentes. As equipes de desenvolvimento e operações operam em ritmos diferentes, e é aí que o DevOps entra em cena, como uma mudança cultural mais ampla, que busca alinhar todos os departamentos para o mesmo objetivo: melhorar a confiabilidade e a frequência das entregas.
O Agile foi o precursor natural do DevOps, fornecendo a base de pensamento colaborativo e iterativo necessário para que o DevOps prosperasse. O manifesto ágil, com seus princípios focados em pessoas, comunicação e adaptação contínua, gerou as condições ideais para que o desenvolvimento e as operações se unissem de maneira mais estreita e eficaz. DevOps, por sua vez, oferece uma abordagem mais diretiva, focada em criar uma cultura que promova a colaboração entre as equipes de desenvolvimento e operações, resultando em entregas mais rápidas e confiáveis. Sem a filosofia ágil, o DevOps talvez nunca tivesse se materializado da forma como conhecemos hoje.
No entanto, o DevOps não exige, necessariamente, a implementação do Agile. Embora a combinação das duas metodologias seja altamente recomendada para obter os melhores resultados, é possível aplicar práticas DevOps em um ambiente que não siga os princípios ágeis. O DevOps pode ser benéfico até em contextos mais tradicionais, onde o objetivo seja, por exemplo, melhorar a confiabilidade das releases ou reduzir o tempo de inatividade do sistema. As mudanças culturais que o DevOps propõe não se limitam ao Agile; elas podem ser aplicadas em qualquer ambiente, desde que haja um esforço para alinhar equipes e melhorar processos.
Mas onde entra o teste nessa equação? Embora a maioria das discussões sobre DevOps se concentrem em desenvolvimento e operações, os testadores muitas vezes ficam à margem. A ausência de uma ênfase clara no papel do teste dentro da cultura DevOps pode gerar confusão, com testadores questionando como seu trabalho se encaixa em um ciclo contínuo de desenvolvimento. Dan Ashby, por exemplo, enfatiza que o teste deve ser parte integrante de cada fase do ciclo DevOps, e não uma etapa isolada a ser realizada no final do processo. O teste, portanto, deve ser uma atividade transversal, envolvendo toda a equipe desde o início.
No contexto DevOps, o teste não é uma função separada; ele é uma prática contínua. Isso significa que o time de testes deve ser parte do processo de desenvolvimento desde o planejamento até a produção, assegurando que o software seja testado de forma constante, sem interrupções. Além disso, a automação de testes é uma peça-chave nesse processo, garantindo que, à medida que o código é alterado e implantado, ele seja validado de forma rápida e eficaz.
Com isso, o papel do testador em um ambiente DevOps se torna mais dinâmico e colaborativo. Ao invés de ser visto apenas como o responsável por identificar erros no final do ciclo de desenvolvimento, o testador passa a ser um membro integral da equipe de desenvolvimento, contribuindo ativamente para a criação de software de qualidade. Isso também implica que os testadores devem estar envolvidos nas discussões sobre o design do sistema e na definição dos critérios de aceitação desde as primeiras fases do projeto.
Uma reflexão importante para qualquer equipe que esteja iniciando a jornada DevOps é entender qual o contexto atual de suas práticas de teste e como elas podem ser aprimoradas. Antes de iniciar a transformação, é essencial realizar uma retrospectiva da estratégia de testes, verificando se todos na equipe estão alinhados quanto às práticas e objetivos a serem seguidos. Isso ajuda a criar uma visão compartilhada e a identificar áreas que podem ser melhoradas, além de garantir que os novos processos sejam bem compreendidos e aplicados de forma eficaz.
Em suma, a mudança para uma cultura DevOps não é apenas uma questão de adotar novas ferramentas ou práticas. Ela envolve uma transformação profunda na forma como as equipes de desenvolvimento, operações e teste colaboram. O teste, em particular, deve ser visto como uma atividade contínua e colaborativa, que permeia todo o ciclo de vida do software. Somente com esse entendimento é que se pode garantir a qualidade e a confiabilidade das entregas, além de promover uma verdadeira cultura de melhoria contínua.
Como a Colaboração Entre Disciplinas Pode Transformar o Desenvolvimento de Software
O programa da Etsy é dividido em três partes: tarefas de casa, uma aula presencial e a implementação prática. Da mesma forma que um membro da equipe de desenvolvimento que rota para a área de suporte, convidar outras pessoas para o desenvolvimento fomenta empatia e colaboração entre equipes. É uma forma prática de expandir o caminho entre diferentes disciplinas. A colaboração, além do desenvolvimento, pode ser vista como uma estratégia poderosa para criar uma conexão mais profunda entre diferentes áreas de uma organização, promovendo soluções mais integradas e eficazes.
Para além das interações individuais entre equipes, uma prática importante para facilitar a colaboração é o dojo de codificação. Este conceito, que no contexto do software se refere a um ambiente de aprendizagem e prática colaborativa, oferece aos participantes uma oportunidade de trabalhar em conjunto, independente de sua formação ou especialização. Participantes de um dojo podem ser de uma única equipe, disciplina ou até mesmo de um público mais amplo. Já participei de dojos com equipes de desenvolvimento, onde desenvolvedores e testadores colaboraram para escrever novos códigos de produção e testes automatizados. Também facilitei dojos para grupos de testadores, de diferentes equipes de desenvolvimento, com o objetivo de estabelecer padrões para a implementação de um novo framework de automação de testes.
Os dojos se destacam por serem um formato excelente para trabalho colaborativo focado. O funcionamento é simples: todos se reúnem por um tempo determinado, geralmente entre 90 a 120 minutos. Um computador é conectado a um projetor e uma lousa está disponível para resolução de problemas. Dois participantes operam o computador, enquanto os demais contribuem verbalmente. A ideia é que os participantes se revezem no controle do computador, garantindo que todos tenham a chance de liderar durante a sessão. Para garantir que o grupo permaneça no caminho certo, um sensei (ou facilitador) é responsável por moderar, definir o tema do dojo, controlar o tempo e evitar que o grupo se desvie do objetivo. O sensei não deve oferecer soluções diretamente, pois o foco é permitir que os participantes cheguem às respostas juntos. Essa dinâmica contribui para uma troca mais fluida e autêntica de ideias.
Ao implementar um dojo, é essencial promover a participação de todos, inclusive de pessoas que podem achar o formato intimidador. Um dos maiores desafios do dojo é garantir que todos se sintam à vontade para contribuir, seja um desenvolvedor, um designer ou um gerente de produto. O medo de fazer algo errado em frente a colegas respeitados pode ser paralisante. Portanto, encorajar a participação e desestimular críticas destrutivas é vital para criar um ambiente de aprendizagem saudável. Feedback negativo e cortante só serve para afastar os participantes, tornando-os desconfortáveis e até mesmo relutantes em se envolver.
Além de promover a colaboração dentro da equipe, outra estratégia eficaz para estreitar os laços entre diferentes disciplinas é buscar inspiração externa. Enviar membros da equipe para apresentações ou conferências fora de sua área de atuação, ou até mesmo convidar especialistas para palestrar dentro da organização, pode trazer novas perspectivas valiosas. Muitos profissionais, especialmente aqueles envolvidos com DevOps, estão dispostos a compartilhar suas experiências, tanto os sucessos quanto os erros cometidos ao longo do caminho. Essa troca de conhecimento não só aumenta a expertise interna, mas também fortalece a colaboração com a comunidade externa.
A colaboração entre diferentes disciplinas também está ligada a um fenômeno conhecido como a Lei de Conway: “Qualquer organização que projeta um sistema… produzirá um design cuja estrutura é uma cópia da estrutura de comunicação da organização.” A aplicação dessa lei no contexto do desenvolvimento de software é clara: as equipes que cultivam boas conexões além de seu próprio domínio acabam produzindo soluções mais bem adaptadas às necessidades reais do negócio. Por exemplo, se uma equipe de desenvolvimento tem uma boa conexão com os administradores de sistema, gerentes de mudança e outros stakeholders, ela tende a produzir software mais eficiente, alinhado às necessidades operacionais. No entanto, se essa mesma equipe não tem uma boa relação com o centro de atendimento ao cliente ou com os analistas de dados, pode acabar construindo soluções tecnicamente perfeitas, mas que não atendem de forma plena às necessidades do usuário final.
A interação com o centro de atendimento ao cliente, por exemplo, pode fornecer feedback crucial sobre como os usuários estão adotando uma nova funcionalidade, ou se uma mudança específica está causando problemas não previstos. O envolvimento de analistas de dados pode oferecer uma visão profunda sobre como as alterações no software impactam o comportamento do usuário, permitindo que a equipe de desenvolvimento faça ajustes rápidos para melhorar a experiência do cliente. Dessa forma, é fundamental não apenas focar em como a equipe se comunica internamente, mas também buscar integrar outras áreas da empresa que podem contribuir para o sucesso do produto.
Em última análise, a chave para um desenvolvimento de software bem-sucedido reside na colaboração constante e eficaz entre diferentes disciplinas. Quando equipes de desenvolvimento, operações, suporte e outras áreas trabalham juntas desde o início do processo, as soluções produzidas são mais completas, adaptadas às necessidades reais dos usuários e mais eficientes em termos de tempo e recursos. A implementação de práticas como os dojos de codificação, a participação em conferências externas e a promoção de um ambiente de aprendizado colaborativo são fundamentais para criar um ecossistema onde a inovação e a resolução de problemas fluem de maneira natural e orgânica.

Deutsch
Francais
Nederlands
Svenska
Norsk
Dansk
Suomi
Espanol
Italiano
Portugues
Magyar
Polski
Cestina
Русский