Donald Trump, ao se lançar na política, adotou uma estratégia amplamente conhecida entre os presidentes dos Estados Unidos: a busca por apoio popular, utilizando-se da exposição pública e da mídia como instrumentos essenciais para seu jogo político. No entanto, Trump trouxe consigo várias peculiaridades e reviravoltas incomuns, que garantiram que sua presidência fosse vista como mais do mesmo, sem as grandes transformações que seus apoiadores inicialmente esperavam. A análise de sua abordagem à comunicação e sua relação com a mídia é um dos pontos centrais para entender o impacto de seu governo.
Desde os primeiros dias como empresário em Nova York, Trump demonstrou uma habilidade notável em manipular a mídia para criar uma imagem de si mesmo como um bilionário de sucesso. Essa construção de imagem, muitas vezes exagerada, não escondia o fato de que seu império imobiliário fora, na realidade, amplamente financiado pelo dinheiro de seu pai, e que suas práticas de evasão fiscal eram bem documentadas. No entanto, o que importava era a narrativa construída sobre ele: a de um homem autossuficiente e um gênio dos negócios. Trump utilizou a imprensa sensacionalista para difundir histórias de sua vida pessoal e profissional, frequentemente inflando suas realizações, o que lhe permitiu consolidar uma imagem pública de sucesso e carisma. Esse processo de auto-promoção via exageros era, em sua visão, uma forma de "hipérbole verdadeira", como ele mesmo a chamaria. E a fórmula funcionava.
A transição para a política foi natural para Trump. Ele trouxe consigo todas as técnicas que utilizava no mundo dos negócios e na televisão, especialmente seu foco em exageros e afirmações ousadas, como a famosa teoria da "birther", que questionava a nacionalidade do então presidente Barack Obama. Este estilo agressivo de comunicação, que desafiava as convenções estabelecidas, foi crucial para sua vitória nas primárias republicanas e, posteriormente, nas eleições gerais de 2016. A manipulação da mídia não apenas lhe garantiu cobertura constante, mas também ajudou a criar uma narrativa política que ressoava com um vasto setor da população americana.
Ao longo de sua presidência, Trump continuou a utilizar a mídia de forma estratégica, monitorando constantemente sua própria cobertura e manipulando as narrativas a seu favor. Ele assistia de quatro a oito horas de televisão por dia, grande parte delas dedicadas ao canal Fox News, e mantinha um contato constante com jornalistas, aliados e até adversários, buscando sempre saber o que estava sendo dito sobre ele e como isso afetava sua imagem pública. Esse comportamento, descrito como uma forma de "crowdsourcing" da opinião pública, reflete sua necessidade constante de feedback e sua obsessão com a maneira como o mundo o percebia.
Sua relação com o canal Fox News, em particular, se aprofundou durante sua presidência. Programas como o de Sean Hannity e Jeanine Pirro passaram a funcionar como conselheiros informais para Trump, com os quais ele frequentemente discutia as ações do governo e as notícias do dia. Esse vínculo estreito com uma rede de comunicação alinhada com sua visão de mundo ajudou Trump a reforçar sua mensagem e consolidar seu apoio entre os eleitores mais conservadores. A dinâmica de Fox News e sua própria compreensão da política lhe permitiram criar uma estratégia comunicacional eficiente, que ressoava fortemente com sua base.
Porém, essa forma de comunicação não se limitava à mídia tradicional. Trump percebeu o potencial das redes sociais, em especial o Twitter, como uma ferramenta de comunicação direta com o público. Ele usou essa plataforma para contornar o que ele chamava de "fake news", permitindo-se falar diretamente com seus apoiadores. Essa forma de comunicação direta não só ajudou a manter sua base engajada, mas também lhe permitiu moldar o discurso político de maneira instantânea. No entanto, mesmo com essa abordagem, Trump sabia que a mídia tradicional ainda desempenhava um papel fundamental e, portanto, nunca abandonou sua necessidade de manipular a cobertura dos grandes veículos de comunicação. Sua presença constante nas manchetes era, em sua visão, essencial para manter sua relevância política.
O aspecto central de sua estratégia sempre foi dominar a cobertura midiática. Para Trump, a mídia não era apenas uma ferramenta para transmitir mensagens, mas um campo de batalha onde ele precisava garantir que suas palavras e ações estivessem constantemente no centro do debate público. Essa obsessão pela mídia, combinada com sua habilidade de usar a comunicação para manipular narrativas, caracterizou seu estilo único de governar. Em sua presidência, a mídia não foi apenas um meio de informar, mas uma arena onde ele travava sua guerra política diária.
A habilidade de Trump de manipular e dominar a mídia, criando uma narrativa pessoal que se misturava com seu discurso político, foi, sem dúvida, um dos principais fatores de seu sucesso eleitoral. No entanto, é importante compreender que sua relação com a mídia não foi unilateral. Embora ele tenha conseguido moldar sua imagem e reforçar seu apoio popular por meio de estratégias comunicacionais inteligentes, também ficou evidente que esse estilo de governança mediática teve suas limitações. A constante exposição midiática, combinada com sua retórica polarizadora, acabou por alimentar a divisão política e social nos Estados Unidos, algo que, de certa forma, dificultou a implementação de políticas mais amplas e colaborativas.
A Política Externa de Donald Trump: Disrupção ou Continuidade?
A imagem amplamente divulgada de Donald Trump como um presidente que quebrou com as normas estabelecidas de diplomacia internacional é sem dúvida marcante. A capa da revista The Economist de 9 a 15 de junho de 2018, que o retratava montado sobre um globo em uma paródia ao clipe da música Wrecking Ball, reflete a visão predominante de Trump como um destruidor das convenções da política externa dos Estados Unidos. Essa visão o pinta como um político impetuoso e imprevisível, que rompe com acordos internacionais e desmantela as estruturas globais de poder estabelecidas. Contudo, ao observar mais de perto sua abordagem, torna-se evidente que, embora o estilo de Trump seja disruptivo, sua estratégia externa é profundamente enraizada na tradição da política externa republicana conservadora, particularmente na ideia de "paz através da força".
O conceito de "paz através da força" não é novidade. Ele remonta a uma abordagem histórica que visa demonstrar a força dos Estados Unidos como uma maneira de dissuadir adversários e afirmar sua posição de liderança no cenário mundial. Embora essa política tenha gerado tensões com aliados tradicionais, ela não é essencialmente uma ruptura com os precedentes, mas sim uma intensificação de um padrão que já estava presente, embora de maneira mais comedida, nas administrações republicanas anteriores. A verdadeira diferença, no entanto, reside na maneira com que Trump coloca em prática essa estratégia, geralmente em termos mais agressivos e com um estilo pessoal que choca e desconcerta muitos dos diplomatas e especialistas de longa data.
A administração Trump tem focado na projeção de poder, algo que parece refletir uma visão de mundo mais conflitiva do que aquela que prevaleceu nos anos anteriores. Trump, por exemplo, em várias ocasiões, adotou uma postura de confrontação direta com aliados e adversários, visando reforçar a imagem dos Estados Unidos como uma superpotência capaz de agir sem considerar as normas multilaterais. No entanto, esse estilo assertivo não se traduz necessariamente em um novo paradigma de política externa, mas sim em uma adaptação dos objetivos tradicionais dos Estados Unidos à personalidade e métodos do presidente. Por exemplo, sua aproximação com líderes autoritários, como Kim Jong-un e Vladimir Putin, contrastou com a postura mais tradicional dos EUA em relação à diplomacia com democracias. Essa tendência de tratar com maior facilidade com ditadores do que com aliados democráticos, como observado nas interações com a União Europeia, tem sido um ponto de frustração para observadores que esperavam uma política externa mais alinhada com os valores democráticos defendidos pelos Estados Unidos.
Importante frisar que a falta de experiência em política externa de Trump e a falta de coesão dentro de sua equipe de assessores não são características raras em presidentes iniciantes dos Estados Unidos. O que distingue Trump é sua tendência a simplificar questões complexas e a tomar decisões rápidas e, muitas vezes, impulsivas, sem considerar os efeitos a longo prazo ou o impacto em seus aliados tradicionais. Essa abordagem, embora controversa, tem ressoado com uma parte significativa do eleitorado americano, que vê nela uma ruptura com o que percebem como décadas de políticas externas ineficazes.
Se a retórica de Trump é frequentemente radical e até mesmo destrutiva, a realidade da política externa de seu governo é mais pragmática. Ao longo de sua presidência, houve uma continuidade em várias das políticas de segurança nacional e exteriores, como o fortalecimento da OTAN, a pressão sobre os aliados para aumentarem seus gastos de defesa, a retirada de acordos internacionais como o Acordo de Paris sobre mudanças climáticas, e o repúdio ao acordo nuclear com o Irã. Essas ações, embora marcadas pela impulsividade de Trump, se alinham com objetivos mais amplos de preservar a supremacia americana e reforçar a segurança nacional, algo central à política republicana.
A contínua ênfase na força militar e na assertividade econômica, como exemplificado pela guerra comercial com a China, também reflete uma tentativa de redefinir o papel dos Estados Unidos no cenário global, promovendo uma agenda mais nacionalista e centrada nos interesses diretos do país. Mas mesmo essas ações têm suas limitações. A falha de Trump em consolidar apoio substancial no Congresso, especialmente entre os republicanos mais moderados, ilustra a dificuldade de implementar reformas profundas, mesmo com uma presidência dominada por sua figura central.
Por fim, o que é crucial compreender é que, apesar do estilo explosivo e frequentemente controverso de Trump, sua política externa, em muitos aspectos, não representou uma grande transformação, mas sim uma intensificação de abordagens pré-existentes. Em termos de objetivos, o governo Trump procurou reafirmar o poderio militar e econômico dos Estados Unidos, mas as táticas e a retórica muitas vezes tornaram essas ações mais desafiadoras de implementar de forma coesa. O desafio de Trump, como presidente, foi justamente equilibrar sua personalidade polarizadora com as exigências da política internacional e a necessidade de alianças duradouras. A permanência de certas direções políticas, apesar de sua administração ser amplamente vista como disruptiva, aponta para uma continuidade nos grandes temas da política externa americana, mesmo que a forma de sua execução tenha mudado.
A Política de Paz Através da Força: A Abordagem de Trump na Segurança Internacional
A política externa dos Estados Unidos sob a presidência de Donald Trump, em muitos aspectos, reflete uma reinterpretação das abordagens tradicionais de diplomacia e segurança. Com sua ênfase no conceito de "paz através da força", Trump procurou estabelecer uma postura que combinasse retórica agressiva com o fortalecimento das capacidades militares e uma política externa mais assertiva. Esse enfoque teve implicações diretas não apenas nas relações dos EUA com países adversários, como a Coreia do Norte, mas também com seus aliados, como membros da OTAN e na Ásia-Pacífico.
Em relação à Coreia do Norte, a política de Trump parecia inicialmente ser orientada para uma postura de força intransigente. A ameaça de ações militares diretas, acompanhada de retóricas contundentes, refletia uma estratégia que visava deixar claro que os EUA não hesitariam em eliminar qualquer ameaça à sua segurança, sem se desculpar. O aumento da presença militar na região, com exercícios conjuntos com a Coreia do Sul e o Japão, além de pressões diplomáticas sobre a China para intensificar as sanções contra o regime de Kim Jong Un, seguiam esse princípio de força. Contudo, a escalada da retórica e o risco de um conflito direto com a Coreia do Norte geraram um aumento nas tensões regionais e preocupações com uma possível escalada envolvendo potências como China e Rússia.
Não obstante, a mudança de direção na estratégia de Trump veio com a oferta de diálogo por parte de Kim Jong Un, que através de intermediários sul-coreanos, propôs uma conversa direta. Em 2018, um histórico encontro entre Trump e Kim em Cingapura foi realizado, marcando o primeiro diálogo direto entre um presidente dos EUA e um líder norte-coreano. Durante a cúpula, Trump anunciou com confiança que a desnuclearização da Coreia do Norte estava ao alcance, embora sem um tratado formal ou compromissos substanciais. Trump, no entanto, acreditava que sua postura de força, combinada com a ameaça explícita de ação militar, havia sido fundamental para transformar a relação com a Coreia do Norte, dando origem à possibilidade de negociações.
Esse princípio de "paz através da força" também foi refletido nas relações dos EUA com seus aliados, especialmente dentro da OTAN. Trump, há muito crítico de países que considerava como "caronas" nos benefícios da segurança americana, continuou a pressionar seus aliados europeus a cumprirem seus compromissos de gastos com defesa. A retórica de Trump, embora extrema em alguns momentos, ecoava preocupações anteriores de outros presidentes dos EUA sobre o "fardo compartilhado" na OTAN. No entanto, a forma como Trump abordou essas questões com suas ameaças de retirada das garantias de segurança e seu foco em buscar acordos bilaterais, em vez de manter arranjos multilaterais, evidenciava seu desejo de redefinir os parâmetros das alianças tradicionais, como exemplificado pelo seu abandono do Trans-Pacific Partnership (TPP) e a renegociação do NAFTA.
Essa abordagem mais combativa também se estendeu às relações comerciais, particularmente com a China, que Trump criticava abertamente por suas práticas econômicas. A linguagem direta e a acusação de "roubo" econômico por parte da China ilustraram seu desejo de confrontar diretamente a ascensão chinesa, algo que foi visto como necessário para proteger os interesses dos trabalhadores americanos. A mudança para uma postura mais agressiva refletiu uma quebra com as estratégias anteriores, que buscavam engajamento e cooperação com a China, buscando mitigar seu potencial de ameaça através de uma relação econômica.
Além disso, a política de Trump revelou um desafio maior para a ordem global estabelecida. Sua atitude assertiva, tanto nas negociações comerciais quanto nas questões de segurança, não visava apenas reconfigurar a posição dos EUA no cenário internacional, mas também redefinir as expectativas dos outros países em relação à América. As alianças não seriam mais baseadas em um compromisso compartilhado de segurança e prosperidade, mas sim na comprovação tangível do valor que cada parte trazia para a mesa. No entanto, a consequência desse tipo de diplomacia pode ser uma crescente fragmentação das alianças, com potências como a China e a Rússia se aproximando para preencher o vácuo deixado pela retirada dos EUA de algumas arenas multilaterais.
Ao adotar a "paz através da força", Trump foi além de uma simples estratégia militar ou diplomática; ele implementou uma abordagem que desafiava o status quo das relações internacionais. Seus sucessos e fracassos ao tentar modificar o equilíbrio de poder global revelaram tanto os riscos quanto as oportunidades associadas a tal abordagem. A lição fundamental que surge dessa política é a compreensão de que o uso da força, seja econômica, militar ou política, pode ser eficaz em alguns contextos, mas também pode gerar repercussões imprevisíveis, especialmente quando se trata de relações complexas entre nações.
Qual a Estratégia de Defesa e a Revisão da Postura Nuclear sob a Administração Trump?
A estratégia de defesa e a Revisão da Postura Nuclear indicam que, antes da publicação de decisões importantes, a visão administrativa é cuidadosamente analisada. Embora Mike Flynn tenha sido forçado a renunciar devido aos seus laços com a Rússia, menos de quatro semanas após assumir o cargo, seus sucessores como Conselheiros de Segurança Nacional — H. R. McMaster e John Bolton — trouxeram um nível de experiência e conselhos sólidos. Mesmo no caso de Bolton, com sua abordagem teórica e ideológica peculiar, os dois ajudaram a orientar a política de forma relativamente ortodoxa e previsível, mais do que poderia ser esperado pela performance pública de Trump. Rex Tillerson, por outro lado, frequentemente ficou à margem e nunca pareceu entender completamente seu papel de liderança no Departamento de Estado ou suas contribuições ao Conselho de Segurança Nacional. A falta de uma equipe sênior eficaz em seu departamento, somada à tendência do presidente de contradizer suas próprias declarações horas após pronunciá-las, não facilitou sua posição. A movimentação de Mike Pompeo, um legislador experiente e formulador de políticas, do cargo de Diretor da CIA para Secretário de Estado, assim como a nomeação de Bolton, teve um impacto significativo nas preferências políticas, especialmente em relação ao Irã e à China. Sua ascensão também sugeriu uma estabilização da política externa americana, embora de maneiras tradicionais.
A voz constante da razão em termos de política de segurança entre os principais conselheiros de Trump foi Jim Mattis, Secretário de Defesa. Segundo o jornalista Bob Woodward, a abordagem de Mattis foi admirada na Casa Branca e mostrou-se eficaz para lidar com Trump: “evitar a confrontação, demonstrar respeito e deferência, agir com inteligência nos negócios, viajar o máximo possível, sair da cidade” (Woodward, 2018).
Com relação aos feitos da administração Trump, o presidente, em seu discurso na ONU em 2018, afirmou com audácia: "Em menos de dois anos, minha administração realizou mais do que quase qualquer outra na história do nosso país." Para surpresa de Trump, essa afirmação provocou risos desdenhosos na Assembleia Geral da ONU. Trump, sem dúvida, se mostrou uma presença disruptiva no cenário mundial, adotando uma postura agressiva e revertendo várias políticas e acordos da administração anterior. Essas mudanças podem ser vistas como "realizações", desde que implementadas, mas não é possível concluir que elas tenham sido eficazes para resolver os problemas internacionais que os Estados Unidos enfrentam. Apesar da confiança de Trump em ter alcançado um sucesso notável desde sua posse, suas "realizações" podem ser interpretadas como uma simples reinicialização da abordagem dos EUA, aproximando-se das políticas republicanas anteriores, obtendo ganhos modestos que ainda precisam ser consolidados ou, em alguns casos, agravando os problemas que pretendiam resolver. Em outras palavras, os resultados da administração Trump têm sido relativamente comuns, sem grandes inovações ou mudanças radicais no engajamento com os problemas e nos resultados políticos esperados nesse estágio de um governo.
Trump destaca especialmente o progresso nas relações com a Coreia do Norte como uma vindicação de sua abordagem de "paz através da força" e o maior feito de sua administração no primeiro semestre de seu mandato. De fato, é significativo que um presidente dos EUA tenha se sentado para conversas diretas com um líder norte-coreano pela primeira vez, e que as relações entre Pyongyang e Seul tenham demonstrado um grande avanço rumo à normalização em um tempo surpreendentemente curto. Contudo, a normalização parece ter sido impulsionada muito mais pelos próprios coreanos do que por qualquer intervenção direta ou facilitação de Trump ou seus conselheiros. Pode-se argumentar que a retórica de Trump, ameaçando ações militares, gerou tal temor de guerra na península coreana que os líderes políticos de ambos os lados da Zona Desmilitarizada decidiram que era hora de dialogar. Mesmo a cúpula entre Trump e Kim em Singapura, em junho de 2018, foi mais uma iniciativa diplomática coreana do que uma ação da Casa Branca. Mais importante ainda, não houve nenhum acordo concreto, muito menos um tratado formal, no qual a Coreia do Norte se comprometesse com o "desarmamento completo, verificável e irreversível", como exigido pelos EUA. Embora Trump afirme com confiança que a Coreia do Norte tenha cessado seu programa nuclear, com a interrupção dos testes de mísseis e nucleares e a destruição de parte de sua infraestrutura nuclear, não foi estabelecido um cronograma ou um programa sistemático de desarmamento verificável. A Coreia do Norte também não indicou que voltaria ao Tratado de Não Proliferação (TNP), e apenas negociações limitadas continuam, com alguma diplomacia de trânsito de Pompeo e a sugestão de uma segunda cúpula. A situação ainda não foi totalmente resolvida, e a Coreia do Norte já quebrou acordos anteriores, o que coloca em dúvida a efetividade da administração Trump em garantir uma península coreana sem armas nucleares.
Em sentido oposto, a administração falhou em avançar na causa da não proliferação nuclear ao se retirar do Acordo Nuclear com o Irã (JCPoA). Ao rejeitar o JCPoA, que todos os outros signatários consideram eficaz, e retornar a uma política de sanções e isolamento — uma abordagem que já havia fracassado durante a administração Bush —, Trump agravou, em vez de resolver, os problemas que ele tinha com o acordo. A oposição de Trump ao acordo se baseava em sua insatisfação com a falta de permanência do pacto, sua falha em abordar o desenvolvimento de mísseis iranianos e sua negligência quanto à agressão regional de Teerã. No entanto, a história dos controles de armamentos, especialmente com a União Soviética e agora com a Rússia, demonstra que acordos temporários ou tratados focados em elementos específicos dos programas nucleares são uma forma estabelecida de conter, reduzir ou erradicar programas nucleares. Um acordo mais abrangente que abordasse questões não nucleares nunca foi, e continua não sendo, uma opção viável. Embora Trump tenha tido sucesso em rasgar o que considera o "pior acordo de todos", provavelmente isso estimulará a renovação do programa nuclear iraniano e o afastamento diplomático, o que, como a administração Bush descobriu, é improvável que leve a uma relação mais cooperativa com Teerã.
No Oriente Médio, Trump afirmou que a "nova abordagem" de sua administração estava "gerando grandes avanços e mudanças históricas", mas, no conjunto, parece mais uma continuidade do "negócio como de costume". Trump está correto ao afirmar que o Estado Islâmico foi praticamente derrotado no Iraque e na Síria, e que os sucessos militares se aceleraram consideravelmente desde sua chegada ao poder, especialmente após o relaxamento das regras de engajamento para as forças americanas e seus aliados. No entanto, a estratégia para derrotar o Estado Islâmico não mudou significativamente em relação à estabelecida durante o governo Obama, e os riscos de terrorismo patrocinado ou inspirado pelo IS fora da região permanecem. Em relação aos conflitos complexos na Síria e no Iémen, a administração Trump demonstrou maior disposição para utilizar a força, especialmente o poder aéreo e as forças de operações especiais, incluindo ataques diretos contra alvos do governo sírio, como o ataque à base aérea de Shayrat e as ameaças de mais ações caso o regime de Assad utilize novamente armas químicas. No entanto, os combates não diminuíram, e a administração Trump não conseguiu iniciar um plano abrangente para resolver as questões inerentes aos conflitos e terminar as guerras. Embora Trump indique um desejo de trazer estabilidade para essas situações, parece não haver uma estratégia clara para encontrar uma solução política que satisfaça todas as partes envolvidas.

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