O estudo da estabilidade de sistemas com equações diferenciais com atrasos (DDEs) é fundamental para entender o comportamento dinâmico de muitos sistemas físicos e biológicos. O conceito de estabilidade de um sistema em equilíbrio é crucial para prever se o sistema permanecerá em um estado constante ou se, eventualmente, irá divergir. No contexto de sistemas com atrasos proporcionais, o entendimento da estabilidade se torna ainda mais complexo, mas igualmente importante. Este capítulo discute como analisar a estabilidade desses sistemas e fornece algumas propriedades essenciais que devem ser compreendidas para um estudo adequado.

Consideremos um sistema descrito por uma equação diferencial com atraso, que pode ser expresso na forma:

y=g(y(x),y(xτ1),y(xτ2),,y(xτn)),y' = g(y(x), y(x - \tau_1), y(x - \tau_2), \dots, y(x - \tau_n)),

onde τ1,τ2,,τn\tau_1, \tau_2, \dots, \tau_n são os atrasos proporcionais. Para determinar a estabilidade de tal sistema em um ponto de equilíbrio yy^*, diferentes conceitos de estabilidade podem ser utilizados. Primeiramente, a estabilidade de Lyapunov é uma abordagem clássica. Um sistema é considerado estável no ponto de equilíbrio yy^* se, para qualquer perturbação pequena, o sistema retorna ao equilíbrio após uma quantidade finita de tempo. Esta é uma definição fundamental, mas a estabilidade local não garante que o sistema permanecerá em equilíbrio a longo prazo.

Porém, a estabilidade assintótica é uma condição mais forte. Um sistema é assintoticamente estável se, além de ser estável no ponto de equilíbrio, a solução do sistema se aproxima de yy^* à medida que o tempo tende ao infinito, ou seja, conforme xx \to \infty, ϕx(x0)y0| \phi_x(x_0) - y^* | \to 0. Essa condição é importante, pois garante não apenas a estabilidade, mas também a convergência para o ponto de equilíbrio após um tempo suficientemente longo.

Se, por outro lado, o sistema não satisfizer as condições de estabilidade, ele é classificado como instável. A instabilidade pode resultar em oscilações ou em uma crescente divergência das soluções em relação ao ponto de equilíbrio, o que pode ser desastroso em muitos cenários de modelagem.

Ao lidar com sistemas mais complexos, como os sistemas de equações diferenciais com múltiplos atrasos proporcionais, a análise se torna ainda mais interessante. Um resultado relevante é que, quando a solução de equilíbrio yy^* de um sistema como o descrito acima é estável, existe um intervalo de tempo finito em que o sistema permanece estável. Isso pode ser formulado formalmente, considerando uma condição sobre as raízes dos autovalores do sistema linearizado, onde as partes reais de todas as raízes de λaieλτi\lambda - \sum a_i e^{ -\lambda \tau_i} são negativas.

Além disso, as soluções de equações diferenciais com múltiplos atrasos proporcionais podem ser expressas em termos de séries de potências, que podem ser analisadas para entender o comportamento do sistema. Por exemplo, ao resolver uma equação diferencial linear com múltiplos atrasos proporcionais, obtemos uma solução que pode ser representada por uma série de potências. Essa representação é crucial, pois nos permite analisar as soluções em termos de suas propriedades assintóticas e de estabilidade.

É importante também observar que, quando se generaliza a equações diferenciais com atrasos para equações fracionárias, as soluções ainda podem ser representadas por séries de potências, mas com o uso de funções especiais, como a função Mittag-Leffler. Essas funções têm propriedades únicas que ajudam a descrever soluções para sistemas com atrasos não inteiros. A estabilidade desses sistemas fracionários também pode ser analisada de maneira semelhante aos sistemas de ordens inteiras, mas com a adição de novos termos que refletem o caráter fracionário do operador de derivada.

Em sistemas de equações diferenciais com atrasos proporcionais de ordem fracionária, a solução exata pode ser expressa por uma série de potências do tipo:

Rα(a;q;x)=m=0(a;q)α,mΓ(αm+1)xm,R_\alpha(a; q; x) = \sum_{m=0}^{\infty} \frac{(a; q)_{\alpha,m}}{\Gamma(\alpha m + 1)} x^m,

onde (a;q)α,m(a; q)_{\alpha,m} é uma notação especial para a sequência que descreve o comportamento das soluções fracionárias. A convergência dessa série é garantida para todos os valores finitos de xx, e as funções Mittag-Leffler podem ser usadas para fornecer estimativas de crescimento das soluções.

Para sistemas mais gerais, que envolvem matrizes e múltiplos atrasos proporcionais, uma solução exata pode ser expressa de forma semelhante, mas com o uso de matrizes e operações associadas. Se as condições de estabilidade forem atendidas, essas soluções exatas oferecem uma maneira de descrever o comportamento de sistemas multidimensionais.

É fundamental compreender que, ao lidar com tais sistemas, além da estabilidade em termos clássicos, como a estabilidade de Lyapunov ou assintótica, também deve ser considerado o comportamento das soluções no contexto de sistemas fracionários ou sistemas de múltiplas dimensões. A convergência das séries de potências e a análise das raízes dos autovalores fornecem informações essenciais sobre a estabilidade e a natureza das soluções ao longo do tempo.

Como as Equações Diferenciais Fracionárias Impulsivas Comportam-se em Sistemas Híbridos: Uma Análise dos Teoremas e Métodos Iterativos

As equações diferenciais fracionárias impulsivas (HCFDE, do inglês Hybrid Caputo Fractional Differential Equations) representam um desafio significativo no estudo de sistemas dinâmicos, especialmente em contextos onde o comportamento das soluções envolve efeitos descontínuos em momentos específicos. Tais equações são fundamentais para modelar fenômenos físicos e biológicos que exibem mudanças abruptas ou impulsos em momentos predeterminados. A análise dessas equações requer uma compreensão detalhada das soluções e dos teoremas que garantem sua existência e unicidade.

O modelo apresentado descreve uma equação diferencial fracionária de Caputo com momentos de impulso fixos, onde a solução x(t)x(t) é definida por uma sequência de condições iniciais e valores de impulso. Em um intervalo de tempo específico, a função x(t)x(t) é modelada de forma contínua, exceto nos instantes tkt_k, onde ocorre um impulso, representado pela condição de salto x(t+k)=Ik(x(tk))x(t+k) = I_k(x(t_k)), onde IkI_k é uma função que define o impacto do impulso no sistema. O comportamento da solução é analisado em diferentes intervalos de tempo, com o uso de técnicas de comparação para garantir que as soluções permaneçam dentro de certos limites.

A teoria das soluções monotônicas desempenha um papel crucial na análise dessas equações, pois permite determinar soluções superior e inferior para o sistema. Estas soluções garantem que, sob certas condições, a solução do sistema se aproxima de um valor limite. O teorema de comparação básico, por exemplo, afirma que se uma solução inferior v(t)v(t) e uma solução superior w(t)w(t) satisfazem condições específicas de continuidade e monotonicidade, então v(t)w(t)v(t) \leq w(t) para todo t[t0,T]t \in [t_0, T]. Isso implica que a solução do sistema se encontra dentro dos limites definidos por essas soluções monotônicas.

Além disso, o método iterativo monotônico é uma técnica eficaz para encontrar soluções aproximadas das equações diferenciais fracionárias impulsivas. Este método começa com uma solução inferior v0(t)v_0(t) e uma solução superior w0(t)w_0(t), e utiliza essas soluções para gerar uma sequência de soluções que convergem para a solução exata do problema. A principal vantagem deste método é sua flexibilidade e a garantia de convergência das soluções. A técnica pode ser aplicada em sistemas com momentos de impulso fixos ou variáveis, fornecendo uma maneira eficiente de estudar o comportamento dinâmico de sistemas complexos.

É importante compreender o comportamento evolutivo das soluções dessas equações. O fenômeno de impulso ocorre quando a solução atinge um valor crítico, resultando em uma mudança abrupta em seu estado. Essa mudança é modelada por uma função de impulso Ik(x(tk))I_k(x(t_k)), que representa o impacto do impulso no sistema. Esse processo é repetido ao longo do tempo, e a solução pode seguir um caminho contínuo até que um novo impulso ocorra. Este comportamento é caracterizado por fenômenos como "fenômenos de pulsação" e "confluência", onde diferentes soluções podem convergir para um comportamento comum após um certo tempo.

Além disso, a análise das equações diferenciais fracionárias impulsivas com momentos de impulso variáveis acrescenta uma camada adicional de complexidade ao sistema. Quando os momentos de impulso dependem do valor da solução, os pontos de impulso podem ocorrer em diferentes instantes para diferentes soluções, o que pode resultar em um comportamento dinâmico mais complexo. A solução pode atingir o mesmo ponto de impulso múltiplas vezes ou, em alguns casos, nunca atingir um impulso, dependendo do valor inicial da solução. O fenômeno de "confluência" ocorre quando diferentes soluções que começaram com condições iniciais diferentes acabam se comportando de forma similar após algum tempo.

Em casos específicos, como o exemplo apresentado, onde a equação híbrida Caputo com momentos de impulso variável é aplicada a um sistema com um comportamento pulsante, as soluções podem se comportar de maneira previsível ou imprevisível, dependendo dos parâmetros iniciais. Por exemplo, se a condição inicial estiver fora de um certo intervalo, a solução pode não sofrer nenhum impulso, enquanto soluções com condições iniciais dentro de um intervalo específico podem ser afetadas por múltiplos impulsos, o que pode levar a uma dinâmica de solução mais complexa, caracterizada pela interação de impulsos sucessivos.

Ao estudar essas equações, é fundamental considerar não apenas as soluções obtidas, mas também os efeitos dos impulsos e como eles alteram o comportamento do sistema ao longo do tempo. Isso inclui a análise das condições de continuidade e monotonicidade das funções que definem os momentos de impulso e das funções que governam a dinâmica do sistema. O uso do método iterativo monotônico garante que, mesmo em sistemas complexos com impulsos e momentos variáveis, as soluções podem ser determinadas de forma eficaz e com boa precisão.

Como Resolver Equações de Difusão Fracionárias com Termo Não Linear: Uma Análise dos Métodos de Diferenças Finitas

A equação de difusão fracionária com um termo fonte não linear é um problema matemático interessante, que tem aplicação em diversas áreas da física e engenharia. Este tipo de equação descreve como uma substância se espalha ao longo do tempo, levando em conta efeitos de memória e não-localidade, representados por derivadas fracionárias no tempo. O estudo da solução de tais equações envolve o uso de métodos numéricos eficazes, como os métodos de diferenças finitas, para obter soluções aproximadas.

Considere a equação de difusão fracionária com um termo fonte não linear dada por:

αutα2ux2=u(1u),0<x<π,0<tT,0<α1,\frac{\partial^{\alpha} u}{\partial t^{\alpha}} \frac{\partial^2 u}{\partial x^2} = -u(1 - u), \quad 0 < x < \pi, \, 0 < t \leq T, \, 0 < \alpha \leq 1,

com as condições iniciais:

u(x,0)=x(1x),u(x, 0) = x(1 - x),

e as condições de contorno:

u(0,t)=0=u(1,t).u(0, t) = 0 = u(1, t).

Essas equações são um exemplo clássico de como problemas não lineares podem ser abordados com métodos de diferenças finitas. Para resolver essa equação, primeiro é necessário discretizar o domínio do problema. A discretização da equação envolve a substituição das derivadas parciais por diferenças finitas, tanto para o tempo quanto para o espaço.

Discretização da Equação de Difusão Fracionária

O método de diferenças finitas pode ser aplicado para discretizar a equação de difusão fracionária com o uso de uma grade no espaço e no tempo. Definimos uma grade discreta com os pontos xl=lhx_l = l h, onde l=0,1,2,...,Ml = 0, 1, 2, ..., M, e tk=kτt_k = k \tau, onde k=0,1,2,...,Nk = 0, 1, 2, ..., N. Aqui, hh representa o tamanho do passo no espaço e τ\tau o tamanho do passo no tempo.

A derivada espacial segunda pode ser discretizada utilizando a fórmula clássica de diferenças finitas para a segunda derivada:

2ux2u(xl1,tk)2u(xl,tk)+u(xl+1,tk)h2.\frac{\partial^2 u}{\partial x^2} \approx \frac{u(x_{l-1}, t_k) - 2 u(x_l, t_k) + u(x_{l+1}, t_k)}{h^2}.

Quanto à derivada temporal fracionária de ordem α\alpha, esta pode ser discretizada utilizando a fórmula de Caputo para derivadas fracionárias:

αutα1Γ(1α)j=0ku(xl,tkj)u(xl,tkj1)(tktkj)α,\frac{\partial^{\alpha} u}{\partial t^{\alpha}} \approx \frac{1}{\Gamma(1 - \alpha)} \sum_{j=0}^{k} \frac{u(x_l, t_{k-j}) - u(x_l, t_{k-j-1})}{(t_k - t_{k-j})^{\alpha}},

onde Γ\Gamma é a função gama, e a soma é realizada sobre os pontos anteriores na grade temporal.

Métodos de Diferenças Finitas Explícitas e Implícitas

Existem diferentes formas de discretizar numericamente os problemas de valor de contorno com derivadas fracionárias. O método explícito de diferenças finitas, por exemplo, é simples de implementar e eficiente, embora possa ser instável para certos valores de α\alpha e τ\tau. A discretização explícita para a equação de difusão fracionária leva à seguinte fórmula:

ulk+1=ulk+τ[ul1k+12ulk+1+ul+1k+1h2+f(ulk)].u^{k+1}_l = u^k_l + \tau \left[ \frac{u^{k+1}_{l-1} - 2u^{k+1}_l + u^{k+1}_{l+1}}{h^2} + f(u^k_l) \right].

Por outro lado, o método implícito, embora mais complexo de implementar, oferece maior estabilidade numérica, principalmente quando o valor de α\alpha é grande ou τ\tau é pequeno. A fórmula implícita é dada por:

ulk+1=ulkτ[ul1k+12ulk+1+ul+1k+1h2+f(ulk+1)].u^{k+1}_l = u^k_l - \tau \left[ \frac{u^{k+1}_{l-1} - 2u^{k+1}_l + u^{k+1}_{l+1}}{h^2} + f(u^{k+1}_l) \right].

A estabilidade de ambos os métodos deve ser analisada com cuidado, e em muitas situações, o método implícito é preferível devido à sua maior resistência a erros numéricos.

Método de Crank-Nicolson

Uma alternativa interessante aos métodos explícito e implícito é o método de Crank-Nicolson, que é uma combinação dos dois. Este método, que utiliza uma média ponderada entre os valores do passo anterior e do passo atual, proporciona um equilíbrio entre estabilidade e precisão. A discretização do método de Crank-Nicolson para a equação de difusão fracionária resulta na fórmula:

ulk+1=12[ulk+ulk+1]+τ2[ul1k+12ulk+1+ul+1k+1h2+f(ulk+1)].u^{k+1}_l = \frac{1}{2} \left[ u^k_l + u^{k+1}_l \right] + \frac{\tau}{2} \left[ \frac{u^{k+1}_{l-1} - 2u^{k+1}_l + u^{k+1}_{l+1}}{h^2} + f(u^{k+1}_l) \right].

Análise de Estabilidade e Convergência

A análise de estabilidade é crucial para garantir que o método numérico produza soluções aproximadas válidas. A estabilidade pode ser verificada utilizando o método de Fourier, que envolve a análise das perturbações no domínio numérico e a verificação da dissipação dos erros ao longo do tempo.

A convergência do método é garantida quando as soluções numéricas se aproximam da solução exata à medida que o passo no tempo e no espaço diminui. Em termos gerais, os métodos de diferenças finitas, quando corretamente aplicados, convergem para a solução exata, desde que o tamanho dos passos no espaço e no tempo seja suficientemente pequeno e as condições de contorno sejam adequadas.

O uso dos métodos numéricos de diferenças finitas, como os esquemas explícitos, implícitos e de Crank-Nicolson, oferece uma maneira poderosa de resolver equações diferenciais fracionárias complexas, com aplicações que vão desde a modelagem de processos físicos até o estudo de fenômenos biológicos.

Como As Equações Funcionais Integro-Diferenciais Estocásticas com Variáveis Fuzzy Influenciam Modelos Matemáticos Complexos

Ao se deparar com modelos matemáticos que lidam com fenômenos estocásticos complexos, surge a necessidade de tratar a incerteza não apenas como um simples acaso, mas como algo que envolve diferentes níveis de imprecisão e fuzzificação. No caso das equações integrais e diferenciais estocásticas, a combinação de variáveis fuzzy com elementos probabilísticos cria um quadro robusto e adaptável para entender processos dinâmicos em sistemas incertos.

Consideremos um modelo em que variáveis estocásticas fuzzy desempenham um papel fundamental, onde a solução de uma equação funcional integra-se com a complexidade das funções dependentes de uma variável de tempo tt e de um espaço amostral Ω\Omega. A equação que descreve este fenômeno pode ser formulada como uma integral funcional fuzzy associada a uma série de integrais diferenciais. A análise deste tipo de equação requer um entendimento profundo da dinâmica da transformação da variável fuzzy ao longo do tempo e da influência das flutuações probabilísticas sobre o comportamento geral do sistema.

A solução wn(t,ω)w_n(t, \omega), associada a essas equações, representa um processo estocástico com uma componente fuzzy, o que significa que cada trajetória do processo depende não apenas da realização das variáveis estocásticas mas também da imprecisão inerente a essas variáveis. Essa imprecisão é capturada pela função de pertinência fuzzy, que, no caso, assume o papel de refletir a incerteza da modelagem do problema.

Para melhor ilustrar, podemos observar o comportamento da função wn(t,ω)w_n(t, \omega) ao longo do intervalo de tempo [0,T][0, T^*], onde a integral de funções multiplicadas por um exponencial decaindo com a variável Ξ(t)\Xi(t) e outros coeficientes implica na suavização dos efeitos de variabilidade no sistema. A diferença entre os valores de Ξ(t)\Xi(t) e Ξ(0)\Xi(0) é um elemento crucial na dinâmica das equações, fornecendo uma medida da evolução temporal da incerteza. Isso nos leva à formação de limites superiores sobre a mudança no sistema, que devem ser controlados para garantir que o sistema permaneça estável dentro de parâmetros previsíveis.

Uma das propriedades fascinantes dessas equações integrais diferenciais com variáveis fuzzy é a sua continuidade. Como mostrado, a sequência {wn(t,ω)}\{ w_n(t, \omega) \} converge de forma uniforme para uma função limite w(t,ω)w(t, \omega), o que significa que, à medida que avançamos nas iterações nn, o comportamento das soluções se torna cada vez mais suave e controlado. Isso é importante quando pensamos no controle de processos dinâmicos que dependem de uma combinação de incertezas fuzzy e de flutuações estocásticas.

Contudo, a simplicidade aparente de uma convergência suave em sistemas fuzzy não deve nos enganar. Cada uma das variáveis que compõem as equações, como a função Ξ(t)\Xi(t), a função de fuzzificação ϕ(0,ω)\phi(0, \omega), e as funções de interação como gω(s,wn)g_\omega(s, w_n), têm impactos significativos nas soluções, e a combinação de todas essas influências forma um sistema interdependente e, muitas vezes, imprevisível sem uma análise detalhada. A não linearidade das interações e o efeito das condições iniciais, como Ξ(0)\Xi(0), são cruciais para garantir que o modelo seja uma boa aproximação para o fenômeno real que está sendo modelado.

Portanto, a compreensão completa desses sistemas exige um conhecimento não só das técnicas de solução de equações integrais diferenciais, mas também do comportamento das variáveis fuzzy em combinação com a aleatoriedade estocástica. Essa abordagem não apenas fornece um modelo matemático poderoso, mas também abre portas para a análise de sistemas onde a incerteza precisa ser tratada de forma sofisticada e contínua.

Além disso, é importante destacar a necessidade de avaliar a validade dos modelos em cenários práticos, onde as variáveis podem não ser perfeitamente fuzzificadas ou estocásticas. Nesse caso, o desenvolvimento de métodos de aproximação e a utilização de técnicas computacionais se tornam essenciais para a implementação prática dessas soluções matemáticas complexas.

Quais são os critérios suficientes para a estabilidade prática de soluções triviais em equações diferenciais fracionárias?

A estabilidade prática de soluções triviais em equações diferenciais fracionárias (FDEs) tem sido um campo de crescente interesse nas últimas décadas. A estabilidade, nesse contexto, se refere à capacidade de uma solução para retornar a um comportamento previsível e controlado após pequenas perturbações em seu estado inicial. Este conceito é fundamental, especialmente em sistemas dinâmicos onde pequenas variações nos parâmetros de entrada podem resultar em comportamentos muito diferentes ao longo do tempo.

O conceito de estabilidade prática para a equação diferencial fracionária de Caputo, que é amplamente utilizada para descrever processos dinâmicos com memória, pode ser formalizado de maneira rigorosa. Um dos resultados mais importantes nesse sentido é o teorema que fornece critérios suficientes para a estabilidade prática da solução trivial da equação diferencial fracionária de Caputo, considerando certas condições sobre as funções envolvidas no sistema.

Em termos simples, para que uma solução trivial de uma FDE seja estável de forma prática, é necessário garantir que, dado um conjunto de condições iniciais (λ,A,T)>0(\lambda, A, T) > 0 e uma condição inicial x0x_0 em R+R^+, o comportamento da solução x(t)x(t) a partir de um tempo t0t_0 satisfaça x(t)<A|x(t)| < A para tt0+Tt \geq t_0 + T, desde que x0<λ|x_0| < \lambda. Este tipo de estabilidade se aplica a sistemas que, após uma pequena perturbação, retornam ao seu estado estável após um certo período de tempo.

O teorema que lida com os critérios suficientes para a estabilidade prática da solução trivial de uma FDE envolve algumas condições específicas:

  1. A função gC[R+×R,R]g \in C[R^+ \times R, R] deve satisfazer g(t,0)0g(t, 0) \equiv 0.

  2. Deve existir uma região ΔRn\Delta \subset R^n, contendo o ponto de origem 00, tal que, para qualquer t0R+t_0 \in R^+ e x0Δx_0 \in \Delta, a FDE de Caputo tenha uma solução contínua.

  3. Existe uma função VV que satisfaz a condição de desigualdade cDqV(t,x(t,t0,x0))g(t,V(t,x))cD^q V(t, x(t, t_0, x_0)) \leq g(t, V(t, x)), o que implica que a solução x(t)x(t) está restrita à região Δ\Delta e permanece dentro de limites controláveis.

  4. A função VV deve satisfazer b(x)V(t,x)a(x)b(||x||) \leq V(t,x) \leq a(||x||) em R+×S(ρ)R^+ \times S(\rho), onde a,bKa, b \in K, que são funções contínuas adequadas.

Essas condições fornecem uma forma prática de garantir que a solução de um sistema com FDE de Caputo se mantenha dentro de um intervalo de confiança predeterminado após a perturbação inicial, o que é fundamental para a modelagem de sistemas reais com comportamentos dinâmicos não-lineares.

Além disso, a estabilidade de Ulam-Hyer-Rassias (UHR) é uma extensão importante da estabilidade de Ulam, que se refere a soluções que são aproximadas, mas não necessariamente exatas, em resposta a pequenas mudanças nos parâmetros do sistema. Este conceito é particularmente útil quando se trabalha com FDEs que não atendem às condições de estabilidade clássica. O teorema correspondente afirma que, dada uma solução aproximada y(t)y(t) que satisfaz uma desigualdade de erro pequeno Taqy(t)+λy(t)f(t)ϵ|T^q_a y(t) + \lambda y(t) - f(t)| \leq \epsilon, existe uma solução u(t)u(t) para a FDE original que se mantém dentro de um erro proporcional a ϵ\epsilon, o que garante a robustez do sistema frente a pequenas perturbações.

Ao lidar com equações diferenciais fracionárias de ordens não inteiros, é importante notar que as diferentes derivadas fracionárias não satisfazem todas as propriedades tradicionais das derivadas inteiras. Por exemplo, elas não obedecem às regras do produto e da cadeia da mesma forma. Isso requer abordagens e técnicas adicionais, como o uso de derivadas fracionárias conformáveis, que são definidas para satisfazer algumas propriedades das derivadas clássicas, como a linearidade, e são adequadas para análise em sistemas com memória e comportamento histórico.

Em FDEs com derivada conformável, um tipo de derivada fracionária que generaliza a ideia de derivada clássica, as condições de estabilidade de Ulam-Hyer também se aplicam. A estabilidade de Ulam-Hyer em sistemas com derivadas conformáveis envolve garantias de que, se a solução aproximada satisfaz uma condição de erro, então uma solução exata pode ser encontrada dentro de um erro controlado. Este conceito pode ser essencial ao lidar com sistemas que evoluem de forma não linear ao longo do tempo, especialmente em contextos como sistemas de controle e modelagem de processos físicos.

Para FDEs com atraso constante, o conceito de estabilidade de Ulam-Hyer-Rassias se estende para sistemas com memória e demora nas respostas, o que é comum em muitos modelos biológicos e econômicos. Em tais sistemas, a presença de um termo de atraso adiciona uma camada extra de complexidade, mas as condições de estabilidade UHR podem ser aplicadas para garantir que a solução do sistema, embora afetada pelo atraso, ainda se mantenha dentro de limites controláveis.

É crucial que, ao trabalhar com tais sistemas, os leitores compreendam a importância de definir corretamente as condições iniciais e os parâmetros envolvidos. A estabilidade não se trata apenas de garantir que a solução não "exploda" com o tempo, mas sim de assegurar que as variações iniciais do sistema permaneçam dentro de limites desejáveis, mesmo diante de perturbações externas.