O controle de dados amostrados tem se tornado um conceito crucial em sistemas multiagente (MAS), especialmente quando se busca a sincronização de saídas e a regulação de saídas perturbadas. A dinâmica desses sistemas exige uma análise detalhada das condições sob as quais o consenso pode ser alcançado, mesmo quando os agentes operam com amostras de dados em intervalos irregulares e podem estar sujeitos a atrasos na comunicação entre eles.

No contexto de um MAS com controle de dados amostrados, os instantes de amostragem locais, denotados por .t_smp_h,i, são definidos como os momentos em que cada agente coleta informações de seus sensores e atuadores. O intervalo entre duas amostras consecutivas é dado por .T_smp_i = t_smp_h+1,i - t_smp_h,i, com a frequência de amostragem local .ω_i = 1/T_smp_i. Esses instantes de amostragem são locais para cada agente e não precisam ser sincronizados entre os agentes, o que torna o sistema mais flexível, mas também mais complexo do ponto de vista da análise e controle.

Por outro lado, a comunicação entre os agentes e a rede segue outro ritmo, caracterizado por um instante de amostragem de rede .t_net_h, que corresponde aos momentos em que as mensagens são enviadas e recebidas pela rede. A interação entre as amostras locais e as da rede exige que o controle seja projetado de maneira a lidar com as possíveis discrepâncias entre as frequências de amostragem locais e as de rede.

O objetivo do controle, quando utilizando os dados amostrados, é garantir que o erro de rastreamento, .e_regi, que descreve a diferença entre o comportamento desejado e o real do sistema, se converja para zero de forma assintótica. A chave para alcançar esse comportamento é o projeto de estabilizadores do tipo .u_smp_i = κ_i(z_smp_i), onde .z_smp_i é o estado amostrado utilizado como feedback. A estrutura do controlador composta por uma combinação de controle de estado, controle de saída perturbada e estabilizadores é fundamental para garantir que o sistema atinja o consenso, mesmo sob condições de comunicação perturbada.

A teoria subjacente ao controle de dados amostrados garante que, mesmo com a amostragem local e a comunicação pela rede sendo assíncronas, o sistema pode alcançar uma sincronização de saídas se certas condições forem atendidas. O Teorema 14.1 mostra que, ao projetar corretamente o controlador e atender aos requisitos de estabilidade, o sistema fechado alcança a sincronização das saídas no padrão desejado. As condições para a realização do consenso, em particular no caso de sistemas com atrasos temporais introduzidos pela rede, são fornecidas no Teorema 14.2. Esse teorema estabelece uma condição suficiente sobre a frequência de amostragem de rede .T_net, indicando que ela deve ser suficientemente pequena para garantir a estabilidade do sistema.

Além disso, a análise da estabilidade em sistemas com atraso temporal, resultante da diferença entre os instantes de amostragem local e de rede, é um aspecto essencial do controle de dados amostrados. A aplicação do Teorema de Lyapunov-Razumikhin, ao invés do tradicional Teorema de Lyapunov direto, se torna necessária para lidar com os desafios impostos pelos atrasos. A prova do Teorema 14.2 mostra como esses atrasos podem ser controlados e como as condições de estabilidade e consenso podem ser obtidas, mesmo com as dificuldades adicionais de atraso introduzidas pela comunicação pela rede.

Por fim, a análise do modelo de consenso referencial é exemplificada por meio de simulações numéricas, que demonstram a eficácia do controlador de dados amostrados. O exemplo 14.1 mostra que, mesmo com uma frequência de amostragem de rede .T_net = 0.046, o sistema consegue alcançar o consenso sem grandes diferenças em relação ao modelo sem amostras de dados. Esses resultados práticos reforçam a robustez da abordagem teórica e a aplicabilidade do controle de dados amostrados em sistemas de consenso em rede.

É fundamental compreender que a realização do consenso em sistemas com controle de dados amostrados não depende apenas da frequência de amostragem, mas também de uma coordenação precisa entre o controle local de cada agente e as interações com a rede. Além disso, a presença de atrasos temporais pode introduzir instabilidades, tornando necessário o uso de técnicas avançadas de análise de estabilidade. Para projetar um sistema eficiente, é crucial ajustar a frequência de amostragem de rede de forma a minimizar os efeitos dos atrasos, ao mesmo tempo que garante que os modelos de consenso possam ser alcançados de forma assintótica, sem perda de performance no sistema global.

Como a Regulagem de Saída Perturbada em Dados Amostrados Resolve o Problema de Estabilização de Entrada para Sistemas Multi-Agentes

A equação que descreve a dinâmica do sistema amostrado pode ser expressa como:

ωsmp(t)γ(z(t/a1))ωsmp(t/a1)(14.45)\omega_{\text{smp}}(t^*) \leq \gamma(z(t^*/a_1)) \leq \omega_{\text{smp}}(t^*/a_1) \tag{14.45}

onde a1=2a_1 = 2 ou a1=4a_1 = 4. Como z(t/a1)z(t)>δz(t^*/a_1) \geq z(t^*) > \delta, com base nas equações (14.44) e (14.45), temos:

ωsmp(t)γ(z(t/a1))ωoz(t/a1)\omega_{\text{smp}}(t^*) \leq \gamma(z(t^*/a_1)) \leq \omega_{oz}(t^*/a_1)

O que implica que:

z(t)ωoz(t)(14.46)z(t^*) \leq \omega_{oz}(t^*) \tag{14.46}

Isso significa que a dinâmica do sistema amostrado segue um comportamento que é regulado dentro de limites específicos, o que garante que o sistema, mesmo em sua versão amostrada e perturbada, permaneça estável e siga a trajetória desejada, desde que sejam observadas as condições necessárias.

Quando a amostragem é feita em um período t/a1t^*/a_1, o comportamento do sistema pode ser manipulado para garantir que a saída perturbada z(t/a1)z(t^*/a_1) não exceda certos limites superiores. A partir disso, a dinâmica do sistema pode ser ajustada de forma que as desigualdades seguintes sejam atendidas:

ωsmpz(t/a1)γ(z(t/(a1a2)))ωsmpz(t/(a1a2))(14.47)\omega_{\text{smp}} z(t^*/a_1) \leq \gamma(z(t^*/(a_1 a_2))) \leq \omega_{\text{smp}} z(t^*/(a_1 a_2)) \tag{14.47}

onde a2=2a_2 = 2 ou a2=4a_2 = 4. Esse processo de manipulação das desigualdades mostra que, ao dividir o tempo de amostragem repetidamente, podemos garantir que a saída do sistema permaneça dentro de uma faixa aceitável, mesmo em presença de perturbações externas e ruídos. Este resultado é de suma importância na teoria de controle para sistemas amostrados, especialmente no contexto de sistemas multi-agentes e sua sincronização.

Se o parâmetro l>1l > 1, o mesmo processo pode ser repetido ll vezes, o que leva à seguinte sequência de desigualdades:

z(t)ωsmppara todos os instantes de tempotz(t^*) \leq \omega_{\text{smp}} \quad \text{para todos os instantes de tempo} \, t^*

Essa sequência de desigualdades, proveniente da repetição do processo de amostragem, assegura que, após ll iterações, o sistema continue operando dentro dos limites impostos pelas funções de regulagem de saída ωsmp\omega_{\text{smp}} e γ\gamma, garantindo assim a estabilização do sistema.

Além disso, como se observa em diversos exemplos práticos, como o exemplo 14.2, os sistemas multi-agentes podem ser estabilizados com sucesso usando a abordagem de dados amostrados. No entanto, a sincronização dos agentes e a estabilidade do sistema dependem da frequência de amostragem TsmpT_{\text{smp}}. Um valor de TsmpT_{\text{smp}} muito grande pode levar a falhas de sincronização, como evidenciado na figura 14.8, onde os agentes falham em atingir a sincronização devido ao uso de um período de amostragem maior do que o necessário.

Esse comportamento ilustra a importância do ajuste adequado dos parâmetros de amostragem em sistemas com múltiplos agentes. Além disso, é crucial que a implementação de controladores de dados amostrados não apenas garanta a estabilidade do sistema, mas também que minimize as variações na sincronização dos agentes. A escolha de TsmpT_{\text{smp}} deve ser cuidadosamente feita para evitar comportamentos indesejados, como a falha de sincronização observada em experimentos práticos.

Em termos de aplicações, a teoria e os resultados apresentados são fundamentais não apenas para sistemas de controle de multi-agentes, mas também para uma variedade de sistemas distribuídos que operam sob restrições de tempo e com dados amostrados. Para alcançar a estabilidade assintótica em tais sistemas, é essencial garantir que a amostragem seja realizada de acordo com as condições estabelecidas nas desigualdades, além de considerar as perturbações que podem afetar o comportamento do sistema.

Portanto, a estabilidade e o controle de sistemas com dados amostrados, incluindo aqueles sujeitos a perturbações externas, exigem uma análise cuidadosa das condições de amostragem e a implementação de reguladores que possam manter o sistema dentro de limites aceitáveis, mesmo diante de mudanças no ambiente e nas condições operacionais.