Camaron, assim como muitos outros países africanos, apresenta uma economia altamente dependente do petróleo, que representa mais de 67% do PIB e 85% das exportações totais do país em 2017, com pouco impacto da agricultura (Awaritefe, 2018). O setor turístico, por outro lado, tem sido uma prioridade crescente, com o governo e o setor privado implementando planos de desenvolvimento e políticas específicas para o turismo. A evolução do turismo no país é um reflexo do investimento em infraestrutura, segurança, treinamento de pessoal e construção de uma imagem positiva, especialmente após a independência em 1960.
O turismo no Camaron tem suas raízes nas iniciativas de conservação das primeiras áreas protegidas, criadas pelos colonizadores britânicos. O desenvolvimento organizado do turismo começou com a fundação da Associação Turística da Nigéria (1962), seguida pelo desenvolvimento da infraestrutura de transporte e hospitalidade. Durante a era militar (1966–1999) e os primeiros anos democráticos (1990–2005), o turismo foi um setor instável, mas crucial para a economia nacional. Apesar das flutuações nas receitas do turismo internacional, o setor continuou a crescer, com receitas de US$ 47.000 em 1995, US$ 958 milhões em 2008 e US$ 688 milhões em 2011. As receitas do turismo internacional representaram 37% das exportações totais do país em 2017 (UNWTO, 2018). No entanto, o impacto do turismo no PIB ainda é vulnerável à instabilidade política e à infraestrutura deficiente.
A Nigéria, vizinha do Camaron, experimentou um crescimento mais substancial no turismo, com cerca de 1,5 milhão de chegadas internacionais em 2010, mas o volume de receitas diminuiu em 26,2% entre 2018 e 2019. De forma semelhante, o turismo doméstico tem um papel importante, com o governo e seus funcionários impulsionando a demanda por viagens internas, somando uma contribuição significativa à economia através de impostos sobre serviços turísticos e transporte.
Dentro desse contexto, o conceito de turismo noturno tem ganhado relevância crescente como um segmento especializado e lucrativo da indústria. Esse tipo de turismo envolve atividades que acontecem entre 18h e 6h do dia seguinte, como entretenimento, gastronomia, compras e turismo urbano, sendo particularmente atraente para destinos com intensa vida noturna e infraestrutura voltada para lazer e eventos. No entanto, as atividades de turismo noturno podem se assemelhar às do turismo diurno em termos de conteúdo, sendo o horário a principal distinção entre eles.
A prática do turismo noturno tem ganhado espaço globalmente, especialmente na Europa, onde a iluminação urbana, os festivais de luz e as performances noturnas se tornaram elementos estratégicos na promoção de cidades como destinos turísticos. Países como a Coreia do Sul e a China são pioneiros nesse tipo de turismo, com a Coreia destacando-se ao definir as 18h às 21h como a "hora do turismo noturno inicial" e as 21h à 00h como as "horas principais" para as atrações turísticas. Esse fenômeno tem se expandido para outras partes do mundo, com o turismo noturno sendo impulsionado tanto por atrações culturais, como shows e jantares temáticos, quanto por uma atmosfera única proporcionada pela noite.
É importante notar que o turismo noturno não é apenas uma extensão das atividades diurnas, mas uma oferta própria, que transforma a experiência do turista, proporcionando um ambiente diferenciado, mais imersivo e emocional. Mesmo sem a pompa das luzes e da agitação, as apresentações e atrações noturnas tendem a gerar um impacto emocional mais forte nos visitantes, criando uma "charmosa" diferença em relação ao turismo diurno.
A segmentação do turismo noturno pode ser feita de várias formas: dependendo do tipo de atividade (teatros, clubes noturnos, passeios de trem ou barco noturnos, por exemplo), do tipo de destino (urbano, costeiro, rural) ou da própria experiência (festivais, compras, gastronomia). Destinos turísticos urbanos, como Lagos, Abuja, Benin City e Calabar na Nigéria, são frequentemente associados ao turismo noturno, onde as atividades são concentradas em áreas de alto consumo, como centros comerciais e praças públicas.
Entretanto, o crescimento do turismo noturno também implica desafios, particularmente no que diz respeito à segurança e infraestrutura. Em várias regiões de Camaron e da Nigéria, a segurança continua sendo uma preocupação crucial, afetando diretamente a atração de turistas internacionais e a qualidade da experiência oferecida. Além disso, é essencial observar a interação do turismo com as comunidades locais. Embora o turismo possa gerar benefícios econômicos substanciais, ele também pode impactar negativamente os residentes e o meio ambiente, especialmente em áreas onde o turismo massivo prevalece.
Organizações não governamentais (ONGs) desempenham um papel crescente no contexto do turismo, promovendo práticas sustentáveis e responsáveis. O ecoturismo, por exemplo, tem ganhado atenção à medida que as ONGs buscam mitigar os impactos negativos do turismo, defendendo os direitos das comunidades anfitriãs e buscando alternativas que possam minimizar os danos ambientais. O desafio de equilibrar o crescimento do turismo com a proteção dos recursos naturais e o bem-estar das populações locais é um tema crucial para o futuro do setor.
O turismo noturno, embora promissor, deve ser tratado com cautela, para garantir que seu desenvolvimento contribua para a sustentabilidade econômica, social e ambiental dos destinos turísticos. Além disso, é essencial que as políticas públicas e iniciativas privadas se alinhem a uma visão mais ampla, que integre o turismo não apenas como um produto econômico, mas como uma atividade que pode enriquecer a experiência dos visitantes, respeitando o legado cultural e ambiental dos lugares.
Como os Estereótipos Turísticos São Formados e Sua Influência nas Interações Sociais
Os estereótipos turísticos, como muitos outros estereótipos sociais, resultam de uma combinação complexa de fatores cognitivos, emocionais e culturais. A maneira como turistas e residentes percebem uns aos outros, muitas vezes distorcendo a realidade, está profundamente enraizada nas interações sociais e nas experiências de vida. A formação de estereótipos em contextos turísticos é, em grande parte, uma forma de tentativa de simplificação e categorização das experiências e identidades que surgem no encontro de diferentes culturas. Tais estereótipos não apenas afetam as percepções, mas também influenciam o comportamento e as expectativas em relação ao "outro", especialmente o "estranho", que é o turista.
A figura do "estranho" tem sido um objeto de análise desde os primeiros estudos sociológicos de George Simmel. Segundo ele, o estranho é, ao mesmo tempo, parte e fora do grupo. Este conceito aplica-se bem ao contexto turístico, onde o visitante é tanto integrante quanto distinto da comunidade local. Ele traz consigo uma bagagem cultural diferente, mas, ao mesmo tempo, está fisicamente presente no mesmo espaço. A diferença entre o turista e o residente local é, portanto, marcada por uma tensão entre proximidade e distância. O turista, assim como o estranho, está fora de seu ambiente habitual, muitas vezes sem uma conexão profunda com o local que visita, o que o torna vulnerável a ser estereotipado por características superficiais, como seu comportamento, origem ou aparência.
Esses estereótipos, frequentemente, se manifestam de maneira implícita, sem uma reflexão consciente por parte dos indivíduos envolvidos. Pesquisas recentes, como as conduzidas por Tse e Tung (2020), demonstraram que a utilização de testes de associação implícita pode captar estereótipos turísticos de maneira mais precisa do que os métodos tradicionais de autodeclaração. Esses estereótipos podem ser ativados de forma ainda mais eficaz por meio de abordagens experimentais, como os vídeos-vignetes, que ajudam a entender melhor o processo cognitivo por trás da formação de estereótipos. Esses métodos mostram como as percepções de turistas e residentes se entrelaçam e se constroem mutuamente, influenciadas por preconceitos e expectativas sociais.
A mobilidade do turista, como a do estranho, carrega consigo uma forma de "não-história". O turista, tal como o estranho, pode ser descrito como alguém que rompe com as raízes do seu passado e, ao mesmo tempo, não se conecta imediatamente com o futuro que o aguarda. Esse distanciamento temporal e cultural cria uma figura que, muitas vezes, é vista como uma entidade vagante, uma espécie de nômade moderno, desconectado de uma identidade fixada em um único lugar. Essa "fuga do passado" e "ausência de um futuro claro" são características que tanto o turista quanto o estranho compartilham, tornando-os mais suscetíveis a estereótipos que enfatizam sua excentricidade ou alienação.
Porém, ao contrário do "estranho" tradicional que é visto como uma figura afastada e desconectada da sociedade, o turista pode ser parte de um processo de "iluminação mútua", como descrito por Bakhtin. O encontro com o outro pode criar um espaço de troca e transformação, onde cada parte revisita suas próprias suposições e crenças. Nesse contexto, a alteridade do turista não precisa ser vista como uma ameaça ou como uma forma de distorcer a realidade local, mas como uma oportunidade para repensar e redefinir as próprias identidades culturais e sociais.
Porém, há um desafio significativo em lidar com os estereótipos no turismo, especialmente quando se busca transformar os estereótipos negativos em percepções mais equilibradas e precisas. Compreender o comportamento dos turistas e a forma como eles são percebidos por residentes pode ajudar a mitigar o impacto negativo desses estereótipos. Pesquisas sobre estratégias de modificação de estereótipos, como aquelas que envolvem a análise de medidas psicofisiológicas e de autorrelato, revelam que uma abordagem mais integrada e interativa pode reduzir significativamente a formação de estereótipos preconceituosos.
Além disso, a adaptação das estratégias turísticas para criar uma convivência mais harmônica entre turistas e locais deve envolver a conscientização sobre as origens e impactos dos estereótipos, tanto por parte dos turistas quanto dos residentes. Quando os estereótipos são abordados de maneira consciente, podem ser redirecionados para promover uma compreensão mais profunda da diversidade e das complexidades culturais. O turismo, então, deixa de ser apenas uma experiência de consumo e se torna uma oportunidade de aprendizado e crescimento mútuo, onde a diferença cultural é valorizada e compreendida de maneira mais rica e profunda.
No entanto, a implementação de estratégias eficazes para a modificação de estereótipos turísticos requer mais do que uma simples mudança de perspectiva. É necessário um esforço contínuo para fomentar um diálogo genuíno entre as culturas, onde os estereótipos não são apenas desafiados, mas gradualmente desconstruídos. Este processo não acontece de forma instantânea, mas exige uma série de intervenções estratégicas no nível individual, institucional e comunitário.

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