A avaliação neurológica e do sistema musculoesquelético é fundamental para o diagnóstico e tratamento eficazes em reabilitação canina. Esse processo inclui uma inspeção visual detalhada e uma palpação cuidadosa, que se divide em dois tipos principais: palpação estática e palpação dinâmica. Na palpação estática, o clínico examina manualmente tecidos moles e estruturas ósseas, buscando alterações na textura, qualidade, alinhamento, calor, edema, sensibilidade e simetria. Já a palpação dinâmica, realizada após a estática, tem como foco avaliar o movimento dos segmentos articulares, observando a qualidade e a simetria da mobilidade.
Para que a palpação dinâmica seja efetiva, o profissional deve compreender a biomecânica normal das articulações e utilizar pontos de contato segmentares apropriados, desafiando cada segmento em seu eixo correto de movimento. Isso é crucial para identificar hipomobilidades sutis, que frequentemente passam despercebidas, mas que podem ser responsáveis por restrições e alterações funcionais. A hipomobilidade é caracterizada por limitações na amplitude e qualidade do movimento articular e indica a necessidade de terapia manipulativa para restaurar a mobilidade. Por outro lado, articulações instáveis ou hipermóveis não devem ser submetidas a ajustes, pois isso pode agravar o quadro.
Durante a avaliação neurológica, o exame da força muscular, reflexos e sensibilidade auxilia na localização de possíveis déficits neurológicos, orientando a formulação de diagnósticos diferenciais e a prescrição de um plano de reabilitação adequado, que pode incluir a terapia manipulativa.
A terapia manipulativa, especialmente a palpação dinâmica, é uma ferramenta valiosa para detectar hipomobilidades segmentares antes do surgimento de déficits clínicos evidentes, permitindo intervenções precoces que visam restaurar a mobilidade e prevenir complicações futuras. Essa abordagem é utilizada para tratar condições como claudicação, paresia, dor, lesões esportivas, disfunções da articulação temporomandibular e incontinência.
No âmbito da coluna vertebral, a terapia manipulativa pode eliminar adesões articulares que causam alterações degenerativas devido à hipomobilidade. Manter a mobilidade adequada da coluna vertebral e das articulações sacroilíacas é essencial para a funcionalidade global do paciente. Estudos em humanos e equinos têm demonstrado eficácia da manipulação quiroprática para alívio da dor crônica e melhora dos limiares nociceptivos mecânicos, o que embasa a aplicação dessa terapia em cães, sobretudo no segmento lombo-sacral e nas articulações sacroilíacas.
Ao abordar dores na coluna distal, é imprescindível considerar possíveis neurocascatas, incluindo reflexos viscero-somáticos, além de investigar condições que afetem a postura, como problemas no quadril ou nos membros pélvicos, que podem causar sobrecarga e tensão nos elementos vertebrais. A manipulação espinhal é amplamente reconhecida no tratamento da lombalgia em humanos e recomendada por entidades médicas importantes, o que reforça sua aplicabilidade na medicina veterinária.
A incontinência em cães geriátricos, frequentemente subestimada, pode ter origem em condições ortopédicas que limitam a mobilidade segmentar e causam dor, interferindo na postura e na capacidade de evacuação. A hipomobilidade dos segmentos lombares e sacrais pode comprometer os nervos responsáveis pelo controle sensorial e motor da micção e defecação. A terapia manipulativa pode contribuir para melhorar a mobilidade, função neurológica e reduzir a dor, auxiliando no manejo da incontinência.
No que diz respeito às claudicações nos membros torácicos, a integridade da inervação pelo plexo braquial é essencial para a função muscular. Hipomobilidade das vértebras cervicais pode ocasionar compressão nos forames intervertebrais, levando a síndromes radiculares que manifestam dor e fraqueza. A restrição do fluxo sanguíneo nesses nervos agrava a disfunção, e a terapia manipulativa pode ser um recurso valioso para aliviar essas restrições.
Em membros pélvicos, a disfunção do ligamento cruzado cranial é uma condição comum que demanda reabilitação cuidadosa. A manutenção da função muscular, força e flexibilidade dos estabilizadores do joelho é fundamental para a recuperação. A inervação proveniente dos nervos lombossacrais deve estar preservada e livre de compressões causadas por alterações segmentares vertebrais, para que tendões, ligamentos e mecanorreceptores articulares desempenhem seu papel adequadamente.
A fáscia, tecido conjuntivo rico em inervação e resistente, conecta fibras musculares e estruturas viscerais, influenciando a biomecânica e a sensibilidade. Sua integridade é crucial para a função neuromusculoesquelética e deve ser considerada no contexto da terapia manipulativa, pois alterações na fáscia podem contribuir para padrões de dor e disfunção.
Além dos aspectos técnicos da avaliação e tratamento, é importante compreender que a terapia manipulativa não atua isoladamente, mas em conjunto com outras modalidades de reabilitação. O reconhecimento da complexidade das interações entre sistema nervoso, musculoesquelético e tecido conjuntivo permite um manejo mais holístico e eficaz do paciente. A individualização do tratamento, baseada em uma avaliação minuciosa, é imprescindível para alcançar resultados duradouros e melhorar a qualidade de vida dos animais.
Como diagnosticar e tratar lesões ósseas e ligamentares no carpo canino?
Fraturas dos ossos do carpo podem ser difíceis de diagnosticar nas radiografias convencionais devido à fragmentação pequena dos ossos. Vistas oblíquas ou do tipo skyline podem ajudar na identificação dessas fraturas. É essencial realizar radiografias do carpo contralateral não afetado para comparação, aumentando a precisão do diagnóstico. Quando há suspeita de fraturas ou alterações ósseas, a tomografia computadorizada (TC) é recomendada para confirmar o diagnóstico. Para lesões ligamentares ou de tecidos moles, a ressonância magnética (RM) ou ultrassonografia musculoesquelética (US) são frequentemente necessárias para um diagnóstico definitivo. Os autores deste texto preferem iniciar a avaliação das lesões de tecidos moles com ultrassonografia musculoesquelética, pois esta permite a visualização direta e dinâmica das estruturas de suporte, sendo minimamente invasiva. Além disso, possibilita a avaliação objetiva da arquitetura dos tecidos e o acompanhamento da resposta ao tratamento. Se o ultrassom não for conclusivo, a RM deve ser indicada.
O tratamento das lesões do carpo varia conforme os componentes afetados. Fraturas ósseas carposas são geralmente intra-articulares, exigindo reconstrução anatômica e fixação rígida interna. Fraturas com deslocamento mínimo podem ser tratadas com técnicas minimamente invasivas, auxiliadas por artroscopia ou fluoroscopia para garantir a redução adequada. Implantes como parafusos de compressão ou fios de Kirschner podem ser utilizados se houver massa óssea suficiente para fixação. Em fragmentos pequenos, a excisão pode ser necessária. Mesmo com reparo anatômico, a osteoartrite é esperada como uma consequência inevitável. O suporte externo, como talas palmares, imobilizações tipo bivalve ou órteses personalizadas, costuma ser recomendado por um período de 6 a 8 semanas para proteger a estrutura enquanto cicatriza.
Luxações e subluxações do carpo frequentemente envolvem rupturas múltiplas dos ligamentos e da cápsula articular, geralmente demandando intervenção cirúrgica. As opções cirúrgicas incluem artrodese pancarpal ou parcial, dependendo da extensão da lesão, embora reduções fechadas ou abertas seguidas de coaptação externa possam ser suficientes em casos mais agudos ou sem danos adicionais. Apesar da osteoartrite pós-operatória, a função do membro geralmente permanece satisfatória.
No tratamento das lesões ligamentares, a identificação precisa da estrutura comprometida é fundamental para o sucesso terapêutico. Entorses leves a moderadas podem ser tratadas com suporte externo, como talas palmares, faixas especializadas ou órteses personalizadas, acompanhadas de restrição de exercícios e reabilitação. Suportes externos imobilizam a articulação, prevenindo lesões adicionais e permitindo a cicatrização. Em casos mais severos, órteses funcionais articuladas podem permitir um controle da amplitude de movimento. A terapia por ondas de choque extracorpóreas tem mostrado benefício no tratamento dos ligamentos e tendões do carpo.
Lesões grau 2 ou superiores, com ruptura parcial das fibras ou alterações crônicas, podem se beneficiar de terapias ortobiológicas, como células-tronco mesenquimais associadas a plasma rico em plaquetas (PRP). Embora pareça contraditório, a indução de uma resposta inflamatória controlada é essencial para reiniciar o processo de cicatrização em lesões crônicas. A aplicação destas terapias é guiada por ultrassonografia, com imobilização subsequente em órteses controladas que permitem carga progressiva sobre o ligamento durante a reabilitação. Acompanhamentos periódicos por ultrassom são fundamentais para monitorar a evolução da arquitetura tecidual e a recuperação.
Lesões graves ou rupturas completas que não respondem ao tratamento conservador geralmente requerem intervenção cirúrgica, que pode incluir reparo primário do ligamento ou sua substituição por ligamento protético, fixado em túneis ósseos. Embora os resultados a longo prazo dessas técnicas ainda não sejam totalmente conhecidos, elas representam opções importantes para restaurar a estabilidade articular. Após reparos cirúrgicos, a imobilização externa é recomendada para proteção e consolidação tecidual. A terapia ortobiológica pode ser integrada ao tratamento cirúrgico para potencializar a recuperação.
Além do diagnóstico e tratamento técnico, é imprescindível compreender que as lesões do carpo envolvem não apenas danos ósseos, mas frequentemente comprometem a complexa rede ligamentar e tendínea, cuja integridade é essencial para a função e estabilidade articular. A evolução para osteoartrite, mesmo com tratamento adequado, deve ser considerada no planejamento terapêutico e no acompanhamento a longo prazo. A avaliação dinâmica das lesões por ultrassom e a combinação de diferentes modalidades diagnósticas asseguram um diagnóstico mais preciso e individualizado, possibilitando um tratamento mais efetivo. A integração da reabilitação funcional e o manejo cuidadoso da carga são determinantes para a recuperação da função e a qualidade de vida do paciente.
O tratamento e a abordagem das lesões do joelho e tendões em cães
A abordagem das lesões musculoesqueléticas em cães, especialmente em regiões como o joelho e os tendões, exige uma combinação de diagnóstico preciso, tratamento cirúrgico adequado e acompanhamento pós-operatório rigoroso. O joelho canino, particularmente o stifle (articulação do joelho), é uma das áreas mais afetadas por condições ortopédicas, incluindo rupturas de ligamentos e tendinites. Estes problemas são frequentemente associados a traumas diretos, instabilidade articular e complicações relacionadas ao envelhecimento ou a anomalias congênitas, como a luxação patelar. O tratamento adequado dessas condições não só visa aliviar a dor do animal, mas também preservar a funcionalidade a longo prazo da articulação afetada.
A rupturas do ligamento cruzado cranial (LCC) em cães são uma das causas mais comuns de instabilidade no stifle e, consequentemente, de claudicação. A técnica da osteotomia de nivelamento da plataforma tibial (TPLO) tem se mostrado eficaz em cães com essas rupturas, promovendo a estabilização da articulação e recuperação da função. Estudos demonstraram que, após a realização dessa técnica, muitos cães conseguem retomar a mobilidade com bons resultados funcionais a longo prazo. No entanto, essa abordagem também pode envolver complicações, como infecção ou não união óssea, que devem ser monitoradas de perto.
Em situações em que há comprometimento do tendão calcâneo, seja por rupturas parciais ou totais, o tratamento pode incluir desde o uso de imobilizadores, como talas, até intervenções cirúrgicas para reparar ou substituir a parte danificada do tendão. A pesquisa tem mostrado que o uso de terapia de ondas de choque extracorpóreas pode ser benéfico para estimular a regeneração tecidual e acelerar o processo de cicatrização dos tendões. Além disso, a escolha da técnica cirúrgica depende da extensão da lesão e da saúde geral do cão.
Outro fator importante a ser considerado no tratamento de lesões do stifle é o acompanhamento do comportamento postural e a função muscular. A perda de massa muscular nas pernas afetadas por lesões no joelho ou no tendão pode levar a uma recuperação mais lenta e à recorrência de problemas articulares. Programas de reabilitação, incluindo fisioterapia, exercícios de fortalecimento muscular e técnicas de hidroterapia, são frequentemente recomendados para ajudar na recuperação e para evitar complicações futuras.
Em cães com lesões complexas, como a combinação de ruptura do ligamento cruzado cranial com deformidades ósseas, a opção por procedimentos cirúrgicos combinados, como a osteotomia tripla da pelve, tem demonstrado bons resultados na recuperação da funcionalidade articular e na prevenção de complicações posturais. A correção das deformidades ósseas associadas à luxação patelar ou a insuficiência do LCC pode ser fundamental para a estabilidade a longo prazo da articulação do joelho.
Além disso, a análise biomecânica dos cães com luxação medial da patela tem se tornado uma ferramenta importante para o diagnóstico e o planejamento do tratamento. Modelos computacionais estão sendo cada vez mais utilizados para estudar a relação entre as deformidades ósseas e o funcionamento do joelho, permitindo a personalização das abordagens terapêuticas.
É importante ressaltar que, embora as abordagens cirúrgicas avancem, a eficácia dos tratamentos depende amplamente da precisão do diagnóstico inicial e da capacidade do veterinário em escolher a melhor opção para cada caso. As complicações, como infecções pós-operatórias, a falha na cicatrização do osso ou a reincidência das lesões, devem ser cuidadosamente monitoradas durante o período pós-operatório. O prognóstico do animal depende não só do tipo de lesão, mas também da idade, da raça e da saúde geral do cão.
Finalmente, a gestão das lesões no joelho e tendões exige uma abordagem multifacetada. Isso inclui desde a escolha da técnica cirúrgica até a reabilitação adequada e a educação dos tutores sobre os cuidados pós-operatórios. A continuidade do monitoramento após a cirurgia e a adaptação do tratamento às necessidades individuais do cão são essenciais para garantir a melhor recuperação possível.
Como a Estrutura e Função dos Tendões e Ligamentos Influenciam a Saúde Musculoesquelética?
Tendões e ligamentos são componentes essenciais do sistema musculoesquelético, cada um desempenhando papéis fundamentais na transmissão de forças e na manutenção da integridade articular. Os tendões, compostos principalmente por colágeno, elastina e proteoglicanos, são estruturas que conectam os músculos aos ossos, permitindo o movimento e o controle de posições articulares. As células predominantes nos tendões são os tenócitos, que atuam na síntese e organização das fibras de colágeno. A vascularização dos tendões, em particular, é um fator determinante para a sua capacidade de regeneração, uma vez que a distribuição de vasos sanguíneos pode ser limitada, especialmente em tendões envoltos por bainhas sinoviais. Nesses casos, o fornecimento de nutrientes é assegurado através da difusão do fluido sinovial.
Os tendões podem ser classificados em diferentes tipos, como os tendões posicionais, que possuem uma estrutura densa e cordiforme, voltados principalmente para o controle muscular da posição das articulações. Outros tipos incluem os tendões de armazenamento de energia, adaptados ao peso corporal e à manutenção da postura, que contêm maior concentração de elastina. Em tendões como os extensores do tarsal, que desempenham papéis de apoio e flexibilidade, a elastina facilita a deformação e retorno à forma original sob tensão.
Além disso, os tendões podem ter formatos distintos, como os tendões que cruzam articulações e mudam de direção, conhecidos como tendões de "envolvimento" ou "wraparound", que frequentemente passam por canais ósseos especializados, agindo como polias. Essas estruturas são estabilizadas por retináculos fibrosos, que ajudam a manter a função e a resistência ao movimento articular.
O ponto de inserção dos tendões no osso, denominado entese, é um dos locais mais suscetíveis a lesões devido à complexidade das forças mecânicas envolvidas. Este local de transição é composto por fibras de colágeno que se intercalam com uma camada de fibrocartilagem, especialmente nos tendões fibrocartilaginosos. A fibrocartilagem, nesse contexto, age como uma zona de transição entre as fibras colágenas do tendão e a matriz óssea, permitindo resistência a tensões multidimensionais. A presença dessa estrutura é crucial para absorver forças de compressão e tração, especialmente em locais de alto impacto, como nas articulações de membros.
O comportamento mecânico dos tendões é caracterizado pela curva tensão-deformação, que ilustra a resposta do tendão ao carregamento axial. A curva, composta por três regiões — região de "calo", região elástica linear e ponto de ruptura — descreve como o tendão se alonga, se deforma e, eventualmente, falha sob forças excessivas. A região inicial da curva, conhecida como região de "calo", envolve a adaptação do tendão a pequenas tensões, enquanto a região elástica é onde o tendão retorna à sua forma original após ser esticado. A falha do tendão ocorre quando as fibras de colágeno sofrem ruptura, levando à destruição da matriz interfibrilar e ao colapso estrutural do tecido.
Além disso, a lesão dos tendões pode ocorrer por meio de diferentes mecanismos, como o uso excessivo ou trauma direto. A tendinopatia é um termo genérico que engloba diversos tipos de disfunções tendinosas, incluindo tendinoses crônicas, nas quais a inflamação é frequentemente ausente, mas a degeneração estrutural do tendão é evidente. A ruptura do tendão pode ser classificada em direta (trauma) ou indireta (excesso de carga), sendo que o tratamento pode envolver a reparação ou substituição do tendão para prevenir danos articulares secundários.
O processo de cura de um tendão é complexo e depende de diversos fatores, incluindo a imobilização, que pode afetar as propriedades mecânicas dos tendões e ligamentos, com os ligamentos sendo geralmente mais suscetíveis a mudanças em sua mecânica devido à falta de vascularização. Estudos indicam que a imobilização prolongada pode levar a uma degeneração das fibras de colágeno, prejudicando a capacidade do tendão de resistir a tensões e comprometendo sua regeneração. No entanto, a regeneração adequada do tendão requer uma interação equilibrada entre repouso e atividade controlada, favorecendo a reparação sem sobrecarregar a estrutura.
A compreensão da estrutura e da função dos tendões e ligamentos é fundamental não apenas para o tratamento de lesões, mas também para o desenvolvimento de estratégias de prevenção e reabilitação, garantindo a saúde e a função adequadas das articulações ao longo da vida.
O Que Define um Atleta Canino?
Os cães atletas participam de atividades que vão além de simples exercícios físicos; essas competições exigem habilidades específicas, treinamento contínuo e uma compreensão profunda do comportamento animal. Cada esporte canino é projetado para destacar as características naturais dos cães, seja a habilidade de rastrear, correr, buscar ou proteger. No entanto, é necessário entender que essas atividades não apenas testam a agilidade e o treinamento do cão, mas também impõem desafios físicos que podem levar a lesões. A seguir, exploramos algumas das disciplinas caninas mais populares e os riscos associados a elas.
O Agility, por exemplo, é uma das competições mais emblemáticas e de crescimento mais rápido no mundo, sendo praticado em muitos países. Trata-se de um esporte em que o cão deve passar por uma série de obstáculos – saltos, túneis, estruturas em A, postes de zigue-zague, entre outros – com o objetivo de completar o percurso no menor tempo possível e sem cometer erros. O desafio não está apenas na habilidade do cão em executar os movimentos, mas na capacidade do condutor (ou "handler") em guiá-lo, utilizando comandos verbais, gestos e posturas corporais. Embora o esporte seja visualmente fascinante e exija uma enorme sincronia entre cão e dono, também carrega consigo riscos consideráveis. As lesões mais comuns envolvem tecidos moles, especialmente nas articulações dos membros, como tendinites no ombro e lesões no ligamento cruzado craniano (LCC). A lesão no LCC, por exemplo, é frequentemente associada a cães que saltam de forma excessiva ou realizam movimentos rápidos de torção e impacto. Além disso, a combinação de altos níveis de atividade com treinos frequentes pode aumentar ainda mais a probabilidade de lesões, com a incidência de problemas musculares e articulares sendo alta em cães que participam de competições intensas.
Esportes como o Lure Coursing, em que cães sight hounds, como galgos e outros cães de caça, perseguem um objeto simulando uma presa, também podem ser extenuantes. Embora o principal objetivo seja a velocidade e a agilidade do cão, os riscos de lesões musculares ou problemas nas articulações estão sempre presentes, principalmente em cães mais jovens ou mais velhos, que podem não ter o condicionamento físico necessário para suportar o ritmo exigido. Para os cães que competem no Mushing, uma atividade que envolve cães puxando trenós ou carrinhos, o desgaste físico é igualmente elevado. Embora este esporte seja um excelente exercício para cães de raças robustas, como os Huskies, ele coloca grande pressão sobre as articulações dos cães, o que pode resultar em lesões ao longo do tempo, especialmente em competições de longa distância.
Outros esportes, como o Barn Hunt, onde cães caçam ratos escondidos em tubos plásticos dentro de celeiros, também exigem habilidades naturais de rastreamento e caça. Embora as lesões aqui não sejam tão comuns quanto em esportes de velocidade ou agilidade, a tensão nas articulações e nos músculos também é uma preocupação, especialmente em cães mais velhos ou com histórico de problemas articulares.
A prática de esportes caninos não se limita aos tipos de competição descritos, e cada modalidade tem seu conjunto único de desafios físicos e mentais. O Trick Dog, por exemplo, permite que o cão mostre habilidades como dar a pata, fazer rolar ou saltar através de arcos. Este esporte, embora não envolva atividades de grande intensidade física, também exige um alto grau de treinamento e paciência por parte do cão e de seu dono. No entanto, mesmo em atividades mais tranquilas, como o Trick Dog, o risco de lesões pode ser associado à repetição excessiva de certos movimentos ou à pressão psicológica imposta ao cão durante os treinos.
Outro aspecto importante a ser considerado é o impacto do treinamento intensivo na saúde física do cão. O aumento da incidência de lesões entre cães atletas pode ser atribuído a diversos fatores. Entre os mais prevalentes estão a falta de experiência do condutor, o treinamento inadequado para a idade do cão e a prática de esportes com intensidade excessiva, sem o devido período de recuperação. A prevenção de lesões é um fator crucial para garantir o bem-estar do cão a longo prazo, e isso exige um acompanhamento veterinário adequado, ajustes nos regimes de treinamento e atenção especial ao tipo de superfície em que o cão treina ou compete.
Além disso, é importante que o treinador compreenda as limitações do próprio cão, respeitando as suas necessidades individuais e ajustando o treinamento de acordo com as suas condições físicas e psicológicas. O condicionamento físico do cão deve ser cuidadosamente monitorado, especialmente em esportes que exigem grande resistência e velocidade, como o Lure Coursing ou o Agility.
Em suma, enquanto os esportes caninos oferecem uma excelente oportunidade para promover a saúde e o bem-estar dos cães, eles também exigem uma preparação rigorosa e atenção constante ao estado físico e psicológico dos animais. Cada esporte tem seus riscos, mas com o treinamento adequado, cuidados veterinários regulares e uma compreensão clara das necessidades do cão, os benefícios podem superar os desafios. É essencial, portanto, que o envolvimento do cão em atividades esportivas seja equilibrado e sustentável, para que ele possa desfrutar de uma vida longa, saudável e ativa.

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