Em capítulos anteriores, exploramos como distribuições não singulares e involutivas podem induzir decomposições locais do espaço de estados de sistemas de controle, levando à criação de subvariedades de menor dimensão. Esse resultado, embora útil, depende de uma suposição crítica: a dimensão da distribuição precisa ser constante em uma vizinhança ao redor do ponto de interesse. A ideia fundamental por trás dessas decomposições locais é compreender a interação entre as entradas e os estados de um sistema de controle. Contudo, quando se busca uma análise mais ampla e global, é necessário abordar os problemas de maneira diferente, removendo a exigência de que a distribuição seja não singular e obtendo decomposições que têm validade global. Neste contexto, o espaço de estados é considerado uma variedade diferenciável N, o que nos permite uma abordagem mais generalizada.

Vamos definir uma distribuição AA sobre uma variedade NN. Um subespaço SNS \subseteq N é dito ser um subespaço integral da distribuição AA se, para cada ponto pSp \in S, o espaço tangente TpST_pS coincide com o subespaço A(p)A(p) do espaço tangente de NN. O conceito de uma subvariedade integral máxima de AA é definido como aquela que é conexa e que, qualquer outra subvariedade integral de AA que a contenha, coincide com ela. A partir dessa definição, podemos afirmar que qualquer duas subvariedades integrais máximas de AA que passem por um ponto pp devem coincidir, o que nos leva à noção de que uma distribuição AA possui a propriedade de subvariedades integrais máximas. Isso significa que, para cada ponto pNp \in N, existe uma subvariedade integral máxima de A$ que passa por \( p, gerando uma partição global de NN em subvariedades integrais máximas de AA.

Essa noção de decomposição global reflete uma versão global da integrabilidade completa de uma distribuição. Uma distribuição não singular e completamente integrável possui a propriedade de que, para cada ponto pp, existe uma vizinhança UU de pp onde a distribuição restrita a UU tem a propriedade das subvariedades integrais máximas. Vale ressaltar que, em contraste com as decomposições locais, as partições globais geradas por distribuições com a propriedade das subvariedades integrais máximas são compostas por subvariedades imersas, ao contrário das subvariedades embutidas observadas nas decomposições locais.

Um exemplo elucidativo da diferença entre decomposições locais e globais pode ser visto no caso da distribuição AA definida no plano R2\mathbb{R}^2, onde a dimensão da distribuição depende da posição no plano. Quando se considera a distribuição AA com a propriedade de subvariedades integrais máximas, observa-se que subvariedades que passam por um ponto singular, como (0,c)(0, c), não são mais submanifolds integrais. Isso ilustra a diferença crucial entre os comportamentos local e global em sistemas de controle: enquanto localmente podemos encontrar partições do espaço de estados com subvariedades embutidas, globalmente, essas subvariedades podem ser apenas imersas, sem a possibilidade de embutir-se em uma vizinhança coordenada.

Para a teoria de decomposições globais de sistemas de controle, o Teorema de Sussmann estabelece a condição necessária e suficiente para que uma distribuição tenha a propriedade das subvariedades integrais máximas. O teorema afirma que uma distribuição AA possui essa propriedade se e somente se, para todo vetor campo rAr \in A e para todo par (t,p)R×N(t, p) \in \mathbb{R} \times N, a derivada do fluxo de rr em pp mapeia o subespaço A(p)A(p) no subespaço A(φt(p))A(\varphi_t(p)), onde φt(p)\varphi_t(p) é o fluxo de rr em pp. A compreensão intuitiva desse teorema está no fato de que, para uma subvariedade integral SS de AA que passa por um ponto pp, qualquer ponto de NN alcançável pelo fluxo de um vetor campo de AA a partir de pp deve também pertencer a SS.

É fundamental compreender que, enquanto o teorema de Sussmann oferece uma condição necessária e suficiente para a decomposição global, a estrutura das subvariedades integrais máximas pode ser bastante complexa. Em particular, a noção de imersão de submanifolds, ao contrário da embutida, torna evidente que, em muitos casos, as subvariedades globais podem ter uma topologia densa e não podem ser tratadas como fatias coordenadas simples. Em sistemas de controle reais, isso implica que, embora a análise local forneça uma compreensão direta das interações do sistema, a análise global pode revelar comportamentos e complexidades adicionais que exigem uma abordagem mais cuidadosa e abrangente.

Como a Estabilidade no Controle Não Interativo é Garantida por Feedback Dinâmico

O conceito de controle não interativo com estabilidade via feedback dinâmico se baseia na análise da dinâmica de sistemas e na forma como suas trajetórias se comportam sob a ação de diferentes estratégias de controle. Um dos pilares dessa teoria é a consideração das variedades invariantes do sistema, que são subconjuntos do espaço de estados nos quais o sistema permanece ao longo do tempo. Essas variedades fornecem uma estrutura crucial para garantir a estabilidade e a independência dos componentes do sistema quando submetidos a um controle específico.

Em um sistema dinâmico, a configuração do espaço de estados é definida por um conjunto de coordenadas, que representam a evolução do sistema ao longo do tempo. Quando essas coordenadas são zero, exceto em um componente específico, obtém-se o que é denominado de "manifold invariante". Este é o caso da manifold LL^*, que é a máxima subvariedade integral do campo vetorial ZlmixZ_{lmix} contendo o ponto x=0x = 0. Quando o sistema é restrito a essa manifold, as equações dinâmicas se tornam uma versão simplificada do comportamento global do sistema, permitindo uma análise focada nas dinâmicas mais relevantes.

A restrição do sistema dinâmico f(x)f(x) à manifold invariante LL^* é de fundamental importância. Quando se deseja resolver o problema de controle não interativo com estabilidade, é necessário que a evolução do sistema, restrita a essa manifold, seja assintoticamente estável na aproximação de primeira ordem, no ponto de equilíbrio x=0x = 0. Este é um dos critérios essenciais para garantir que o sistema não apenas permaneça estável, mas também que as interações entre seus componentes sejam controladas de forma eficiente.

O teorema que fundamenta essa solução é claro: para que o problema de controle não interativo seja resolvido com estabilidade via feedback dinâmico, a restrição do campo vetorial f(x)f(x) à manifold LL^* deve ser assintoticamente estável em uma primeira aproximação. Isso significa que as trajetórias do sistema, quando projetadas sobre essa manifold, devem convergir para o ponto de equilíbrio x=0x = 0, sem oscilações ou desvios indesejados, mesmo quando sujeitos a perturbações externas ou variações nos parâmetros do sistema.

A necessidade de estabilidade na aproximação de