A ciência e a religião são duas realidades distintas, dois domínios com línguas e métodos diferentes. Ao se entrelaçarem, surgem conflitos, como quando a religião faz afirmações cientificas implícitas ou quando a ciência se propõe como uma visão metafísica do mundo, em vez de um método de investigação. Quando se fala de diálogo entre essas duas esferas, a proposta mais audaciosa é a integração, onde tanto a ciência quanto a religião compartilham as questões fundamentais. E se a crise ambiental também fosse, de alguma forma, uma questão espiritual? A espiritualidade da Nova Era procura superar o dualismo e promover um holismo renovado. Neste contexto, é possível imaginar Deus não apenas como criador, mas como um agente de potencialização, movendo-se pela criação e atualizando possibilidades de forma improvisada, à semelhança das variações de uma fuga de Bach. Cientistas também podem ser poéticos, como Brian Swimme, que descreve o universo como um "dragão verde", metaforicamente vivo, emergente de um mistério profundo, capaz de ensinar os humanos as verdades mais profundas.

Contudo, ao transitar para o campo da experiência humana concreta, surge a questão de como nossa sociedade, em plena era do trauma pós-traumático coletivo, está se comportando diante de suas próprias feridas e desafios. Nos Estados Unidos, por exemplo, o cristianismo parece não ter sido plenamente capaz de redimir o sofrimento humano em meio a um cenário de guerra, capitalismo selvagem e a crescente desigualdade social. A convivência com o conceito de "pecado" parece ser uma constante, mesmo em um tempo supostamente pós-religioso. Isso ocorre porque, enquanto a sociedade americana avança na era do capitalismo radical e do livre mercado, as pessoas continuam a buscar alívio em fórmulas religiosas que não enfrentam de forma crítica as estruturas de opressão e exploração que nos afligem.

A metáfora do "hospital de campo", em que a sociedade se encontra debilitada e a cura parece distante, é particularmente relevante. As intervenções curativas se apresentam como paliativas, mais do que transformadoras, em um mundo onde a liberdade de mercado reina absoluta. A dependência do "estado de bem-estar" criado pela economia de mercado é vista por muitos como uma falsa promessa. Em um cenário de crescente individualismo, onde cada um parece buscar sua própria salvação, as questões sociais fundamentais – como a justiça, a solidariedade e a busca pelo bem comum – acabam sendo negligenciadas.

O cristianismo, como vivenciado por uma parte significativa da população americana, muitas vezes se alinha com esse sistema econômico que perpetua a desigualdade. Ao invés de propagar um evangelho de libertação e transformação social, muitos se contentam com um evangelho que os anestesia, oferecendo consolo para as dificuldades sem enfrentar as causas profundas das mesmas. A ideia de que "tudo está nas mãos de Deus" ou que o sistema econômico é justo e precisa ser mantido tal como está, se torna uma forma de "opioides espirituais", que impedem qualquer mudança real e profunda.

Por outro lado, a perda da visão coletiva do bem comum, onde instituições como escolas, igrejas e organizações sociais desempenham um papel vital na construção de uma sociedade mais justa, é um dos maiores desafios dessa era. A tendência crescente ao individualismo e ao desprezo pela coletividade enfraquece a capacidade da sociedade de se engajar de maneira construtiva. Quando as instituições são descreditadas, seja por governos, igrejas ou sindicatos, perde-se a confiança em uma ação coletiva que visa o bem-estar de todos.

Na verdade, o que está em jogo é muito mais do que questões de política ou economia; trata-se de uma crise espiritual. A incapacidade de nos conectarmos com a terra e de cuidarmos dela reflete uma desconexão profunda com nossas raízes espirituais. A forma como nos alienamos uns dos outros e da criação indica a ausência de uma visão ética que nos una em torno de um propósito comum. O que está em jogo, então, não é só uma questão de recuperação econômica, mas de recuperação da humanidade e da espiritualidade, que foi deslocada por um sistema que privilegia o lucro acima do bem-estar coletivo.

É necessário, portanto, um novo tipo de visão social, fundamentada na busca do bem comum, que recupere a capacidade de todos se engajarem na construção de uma sociedade mais justa e equilibrada. Isso implica, também, em recuperar uma ética religiosa que seja capaz de ir além da doutrina e da moralidade individualista, convidando todos a se unirem para um projeto comum de redenção. A resposta a esse diagnóstico só pode vir por meio de uma transformação profunda, que leve os indivíduos e as instituições a reencontrarem um propósito coletivo que esteja alinhado com a saúde e a dignidade de todos.

Como a Esperança Pode Redefinir a Igreja no Século XXI

A esperança é uma força poderosa que permite aos seres humanos transformar possibilidades em realidades, processar sonhos e utopias, e alimentar a fé em um universo ainda em constante evolução. Dentro dessa oficina da esperança, novas terras são moldadas, novas realidades ganham forma. Para os judeus, por exemplo, essa esperança está presente na famosa expressão "No ano que vem em Jerusalém", que reflete a crença na redenção final, um momento de retorno à perfeição quando todo Israel celebra um único e perfeito Shabat. De maneira semelhante, as celebrações eucarísticas no cristianismo sacramentam a comida, com Cristo representado como o pão da vida e um "antegosto do banquete que virá".

Porém, existem forças que se opõem a essa esperança. A preguiça e a ironia são, em muitos aspectos, inimigos dessa virtude essencial. A preguiça, um dos sete pecados capitais, representa o abandono do esforço necessário para mudar o mundo, para procurar Deus em um universo marcado pelo sofrimento. Já a ironia é uma forma de distanciamento emocional, aprendida nas faculdades e amplamente praticada no mundo pós-formação. Ela se manifesta na atitude de autossuficiência intelectual, onde se exalta o ceticismo e se despreza qualquer esforço que busque mudanças transformadoras, considerando-os ingênuos ou condenados ao fracasso.

O aviso de Barbara Kingsolver, proferido em seu discurso de formatura em 2008 para os graduados de Duke, é claro: a ironia que permeia a geração atual precisa ser superada. Ela pede que os jovens se juntem a movimentos de mudança e abracem a esperança ativa. Segundo ela, a história é mais longa do que nossa visão humana consegue perceber, e a mudança de regras já ocorreu no passado, desde a abolição da escravatura até a conquista do sufrágio universal. Mudanças difíceis foram realizadas antes, e a luta entre aqueles que não conseguiam imaginar a mudança e os que diziam "já fizemos, já transformamos o mundo" sempre foi o motor da história.

O conceito de céu, como entendido plenamente, pode ser uma força motriz da esperança, assim como a esperança alimenta o poder imaginativo do céu e se recusa a abandoná-lo. No entanto, esse conceito foi distorcido por certos grupos fundamentalistas que veem o céu como um lugar de destruição, onde a Terra será destruída, e somente os eleitos sobreviverão. Esse tipo de visão apocalíptica, exacerbada por interpretações extremas, leva à desesperança e à fantasia de vingança, em vez de nutrir a esperança por uma nova Terra. Embora existam interpretações que associam catástrofes à punição divina, esse não é o propósito original da esperança cristã. O céu, como metáfora, sempre foi uma representação de uma realidade transcendental, um horizonte infinito que nos inspira a imaginar um futuro melhor e a trabalhar em direção a ele.

Ao purgar a ideia de céu da teologia cristã, a religião perderia uma das suas maiores metáforas, essencial para a humanidade. O céu é, sem dúvida, a mãe de todas as metáforas, a referência última para a imaginação humana, oferecendo-nos um norte que transcende nossa realidade presente. A privação dessa metáfora empobrece nossa linguagem e nossa cultura, nos privando da motivação para criar um mundo melhor, mais justo e mais compassivo.

A necessidade de um novo evangelho social, uma visão renovada de como a fé pode transformar a sociedade, é premente. A esperança deve ser colocada no centro do cristianismo, como prática essencial, que move a Igreja não apenas para dentro dos templos, mas também para as ruas e praças públicas, onde os verdadeiros desafios sociais e econômicos acontecem. A liturgia, como prática performativa, deveria não apenas envolver a congregação em um culto estático, mas ser um reflexo ativo da missão de Deus no mundo. O Deus da Bíblia, que desafia reis e senhores, que transgride as normas e vai em direção aos marginalizados, deveria ser o centro das pregações e da ação da Igreja. A ideia de que a liturgia e a teologia cristã devem ser um reflexo vivo e dinâmico da transformação que queremos ver no mundo é essencial.

Na atualidade, a teologia cristã falha em conectar os problemas contemporâneos com as suas práticas. A falta de um debate contínuo sobre o verdadeiro significado dos textos bíblicos é alarmante. De um lado, há uma voz conservadora que se recusa a questionar as interpretações dominantes; do outro, há um liberalismo que perdeu a coragem de debater questões centrais para a sociedade, e o secularismo que desdenha do debate religioso. O verdadeiro diálogo entre cristãos de diferentes vertentes, sobre uma visão bíblica para o mundo atual, praticamente não acontece mais.

Para que a Igreja e a teologia cristã possam se engajar verdadeiramente com o mundo contemporâneo, é preciso recuperar e reinventar o papel da esperança dentro da comunidade cristã. A esperança deve ser uma força vital que move a Igreja, não só dentro de seus muros, mas também nas questões sociais, políticas e econômicas que dominam o cenário atual. A esperança precisa ser reintegrada à prática diária da fé, como um projeto de transformação e ação que possa mudar o mundo.

Como a Esperança Cristã Desafia o Realismo: Utopia e Transformação Social

A visão escatológica da chegada do céu à terra sempre foi negligenciada, um ente rejeitado no testamento final que coloca o realismo como o único legado legítimo da humanidade. As potências dominantes continuam intocadas pela visão radical cristã, que, ao invés de se preocupar com as questões materiais do mundo, foca no "infinito do inacabado". Porém, a esperança cristã espera pelo dia em que o céu cruzará o limiar da terra, assim como Deus se fez carne em Cristo, permitindo que a terra se tornasse capaz de acolher o céu.

Diversos evangélicos têm resistido à ideia de justiça social, tratando-a como um valor político liberal e, em muitos casos, como algo objetável. Em 2019, o evangelista conservador/fundamentalista John MacArthur fez uma declaração pública contra a ênfase crescente na justiça social dentro do cristianismo progressista. Logo, sete mil pastores assinaram seu manifesto. Eles negaram que a justiça social fosse uma dimensão essencial da proclamação cristã do evangelho, argumentando que ela desvia o foco do mais fundamental no cristianismo — a conversão individual do crente a Cristo — e sugerindo que a órbita religiosa é, essencialmente, individual, não social. MacArthur também rejeitou qualquer forma de justiça social que afirmasse a homossexualidade e os direitos iguais das mulheres, parecendo confortável com um evangelho que negligenciava o coração de Deus pelos pobres.

Quando, no início do século XVI, Thomas More escreveu sua utopia humanista, o termo "utopia" significava literalmente "nenhum lugar", e muitos, à época e até hoje, a interpretam como uma proposta de reformas idealistas, porém impraticáveis. De fato, há quem veja a obra de More mais como uma sátira da Inglaterra contemporânea do que uma proposta genuína para o futuro. Mas talvez More tenha desejado que um idealismo humanista pudesse melhorar seriamente as estruturas sociais e políticas de sua época, substituindo o feudalismo do passado e o domínio dos reis e senhores pela justiça, equidade e o bem comum. O idealismo utópico logo se entrelaçou com os novos ventos da Reforma Protestante, às vezes se unindo às esperanças radicais milenaristas dos anabatistas ou às visões do visionário medieval Joaquim de Fiore.

Eventualmente, o utopismo se associou à crença iluminista no progresso histórico inevitável. Nos Estados Unidos, essa tradição de pensamento utópico floresceu no século XIX, quando o marxismo sonhou com uma utopia socialista como resultado inevitável de sua filosofia histórica. Mas as filosofias históricas confiantes e o otimismo que as acompanhavam colidiram com a dura realidade na primeira metade do século XX. Pensadores como Huxley e Orwell expressaram preocupações sobre como o utopismo inevitavelmente buscava um estado totalitário para impor suas visões, como aconteceu na União Soviética e na China. O que se seguiu foi uma tendência crescente em direção ao realismo político e social, que via o utopismo como um romantismo que se recusava a lidar com o mundo como ele realmente era — ou como uma visão que se entregava facilmente ao fanatismo, ao ponto de fazer qualquer coisa necessária para concretizar o mundo que imaginava. Os excessos das visões comunistas de Stalin e Mao são agora bem conhecidos, assim como os milhões sacrificados em seu altar. O movimento Y2K, no final do segundo milênio, procurou reduzir as expectativas e ansiava por um mundo imutável, ao invés de uma utopia do terceiro milênio. A esperança foi redefinida como a garantia de que tudo no novo ano seria como sempre foi.

Realistas e outros com grandes interesses no status quo, que bem os serve, desprezam o utopismo, frequentemente se opondo ativamente a tal pensamento. O utopismo, por definição, busca desestabilizar e transcender o que é. O pensador radical Joaquim de Fiore perturbou a igreja e a sociedade no século XII ao sonhar com uma "terceira era do Espírito", que substituiria ou sucederia a ordem existente do cristianismo, incluindo, claro, a igreja estabelecida. No século IV, enquanto Roma desmoronava, Agostinho propôs uma ordem civil ancorada no cristianismo e em sua visão da Cidade de Deus. Ao fazer isso, ele deslocou as poderosas energias apocalípticas de partes do Novo Testamento para a eternidade. Tais visões não teriam poder ou iluminação para o caminho à frente. Setecentos anos depois, quando a visão agostiniana ainda dominava a Europa, Joaquim buscava por um tempo de novos testamentos, novas instituições, novas autoridades, um tempo para dar voz aos anseios reprimidos e aos sonhos perigosos, uma nova era com seu próprio "evangelho eterno" (essa época já chegou?).

A história está repleta de exemplos de utopias frustradas. A revolução francesa, por exemplo, iniciou como um movimento utópico, mas rapidamente se transformou em uma violência redentora e purificadora da sociedade. Os anabatistas do século XVI rapidamente moderaram seu utopismo após sucumbirem às tentações violentas em Münster. Quando uma sociedade carece ou suprime uma esperança utópica que poderia ser politicamente e culturalmente poderosa, a pressão do desejo reprimido pode gerar erupções surpreendentes. Um exemplo disso foi o movimento de piercings corporais no final do milênio, que se tornou uma forma de resistência transgressora, uma maneira de se opor à assimilação à cultura dominante. Contudo, com o tempo, essa forma de resistência se transformou em uma nova estética pessoal e, eventualmente, os piercings e tatuagens foram cooptados pela moda urbana, tornando-se simplesmente uma expressão estética sem impacto real sobre as estruturas sociais.

O pensamento utópico não se limita à esquerda política, mas também se manifesta à direita, como no caso do fundamentalismo religioso que antecipa a chegada iminente de Deus para corrigir as injustiças. Na década de 1980, em Israel, surgiu a chamada "Síndrome de Jerusalém", quando visitantes internacionais, imersos em uma atmosfera de expectativa religiosa, começaram a acreditar que eram a encarnação de personagens bíblicos. Esses indivíduos eram tratados em clínicas israelenses com medicamentos antipsicóticos e se recuperavam rapidamente, mas a mensagem era clara: o apocalipse não era um jogo de ilusão.

O utopismo, encantador na forma literária, é facilmente descartado ou desmerecido quando aparece na vida real. Utopia é sempre o ente rejeitado no testamento que torna o realismo o único legado legítimo. Contudo, como Ernst Bloch argumentou, a esperança — a verdadeira esperança — não deve ser confundida com uma resignação conformista, mas sim com a visão de um mundo que ainda está por vir, um mundo no qual o humano, sempre inacabado, aponta para algo mais, algo além de si. Somos flores que se inclinam para a luz de Deus, como o Evangelho de João sugere. A esperança imita o risco que Deus tomou ao se fazer carne, ao se lançar no mundo em sua forma mais vulnerável.

Como o Mistério Pascal nos Chama a um Novo Movimento Coletivo

O chamado para unir-se a Deus no mistério pascal é, em essência, o convite para a transição do sofrimento para a liberdade, da morte à vida, e do antigo mundo para um novo. Jesus e aqueles que o seguem representam a esperança de um Deus libertador, e essa esperança se manifesta como um ritual performativo. A questão da performance, frequentemente associada à insinceridade, precisa ser superada. A ideia de que a performance equivale a um ato vazio, desprovido de genuinidade, é uma falácia que precisa ser deixada de lado. A performance no contexto religioso é uma prática profundamente sincera, que simboliza uma resposta ativa à graça de Deus. Aqueles que temem que rituais performativos sejam vistos como “boas ações” que substituem a graça divina também devem ser libertados dessa visão estreita. O ritual performativo é a expressão jubilosa de uma nova era, um "chamado e resposta" que vem da ação comunitária em fé.

A Igreja negra tem sido um exemplo claro dessa vivência performativa da fé. As canções espirituais da Igreja negra, como a famosa “I looked over Jordan and what did I see?”, capturam o movimento para uma nova terra, um novo lar, que não é simplesmente um espaço celestial, mas a luta por um mundo renovado e reivindicado. Essa sensibilidade, que tem suas raízes na tradição do êxodo, continua a ser um pilar da fé negra nos Estados Unidos. O relato da travessia do deserto para uma nova terra não se limita ao passado, mas se projeta para o presente e o futuro, transformando o sofrimento e a opressão em pontos de resistência e redenção. O erro de muitos norte-americanos brancos, especialmente de classe média, está em não reconhecer que a América, a qual muitos idealizam, pode ser, na verdade, o Egito moderno que oprime. A jornada para uma comunidade justa, que exige uma reinterpretação da história e da realidade, deve passar pela dificuldade transformadora do deserto, onde os encontros com o Deus liberal das Escrituras se tornam decisivos.

Entender o movimento como uma expressão do avanço coletivo é essencial. A ressurreição, representada pela palavra grega "anástasis", implica um movimento coletivo, um impulso ascendente que rompe com o estado de estagnação. Cristo, ao ressurgir, não se ergue sozinho, mas lidera uma comunidade em direção a uma vida despertada e escatológica. Esse movimento é o cerne da ação comunitária, onde as pessoas se fortalecem mutuamente, respondendo ao chamado de Deus e ao chamado dos outros. Bons rituais sempre acontecem em comunidade ou geram novas comunidades. O movimento, nesse sentido, é tanto uma expressão de transformação pessoal quanto social.

A história da Sojourners, com sua fundação no movimento evangélico dos anos 1960, é um exemplo de como um movimento religioso pode evoluir para um movimento social de justiça. Sob a liderança de Jim Wallis, a Sojourners se tornou um defensor significativo dos direitos sociais, sendo influente na crítica ao capitalismo de livre mercado, à reforma do bem-estar social e às questões ambientais. A organização popularizou a ideia de “Cristãos de Mateus 25”, aqueles que se comprometem com a justiça social e a luta pelos direitos dos oprimidos, não apenas em um nível teórico, mas em ações práticas. O movimento, que busca transformar o país e o mundo através de uma ética cristã de justiça e misericórdia, desafia os cristãos a repensar suas responsabilidades sociais, políticas e econômicas.

Em um contexto mais amplo, o movimento Tikkun, originado no judaísmo, oferece uma perspectiva complementar. Tikkun significa curar, transformar e reparar a criação. Desde o seu início, Tikkun procurou incluir um "Rede de Progressistas Espirituais", onde cristãos, judeus e até agnósticos e ateus pudessem colaborar em uma missão comum de justiça social e cura. A ideia central é construir uma sociedade que favoreça relacionamentos e famílias saudáveis, promovendo responsabilidade ética e ação comunitária.

O que esses movimentos têm em comum é a ideia de que o Evangelho não é uma mensagem para um tempo distante, mas um chamado para uma ação concreta no presente. A fé é dinâmica e se expressa através de práticas que não são apenas individuais, mas coletivas. A ação transformadora não é um esforço isolado, mas um movimento compartilhado, onde cada indivíduo é parte de uma resposta mais ampla a um chamado divino para a liberdade, a justiça e a renovação.

É fundamental compreender que os rituais performativos, longe de serem apenas gestos simbólicos ou ações vazias, são a vivência diária de uma fé viva. Cada ato ritual, cada prática religiosa comunitária, é uma resposta ativa à graça de Deus e à missão que Ele nos confia. Não se trata de uma performance no sentido comum da palavra, mas de um envolvimento genuíno que reflete um compromisso profundo com a transformação do mundo, tanto individual quanto coletivamente. O chamado é para uma mobilização constante, onde o antigo dá lugar ao novo, e onde a opressão cede espaço à liberdade.