No contexto do modelo de spins facilitados de Fredrickson-Andersen (FA-2f), uma das questões centrais é como as propriedades das interações locais afetam a dinâmica global, particularmente no que diz respeito à transição de fase e à análise de limiares críticos. A dinâmica de sistemas de spins é frequentemente estudada por meio de modelos de percolação, que nos fornecem uma maneira eficaz de entender o comportamento coletivo das partículas sob certas condições de interação. No modelo FA-2f, os caminhos bons e super bons desempenham um papel fundamental na compreensão de como o sistema evolui à medida que parâmetros como a probabilidade de ocupação (denotada por q) são variáveis.
Caminhos Bons e Super Bons
A definição de "caminhos bons" (G) e "caminhos super bons" (SG) é essencial para a análise da dinâmica do modelo. Um caminho bom, em termos simples, é um caminho onde todas as linhas e colunas de um retângulo renormalizado possuem pelo menos um local vazio. Essa definição é crucial porque implica que, em um sistema de spins facilitados, os caminhos bons representam configurações que permitem que a dinâmica de facilitação ocorra de maneira eficiente, ou seja, que a ativação dos spins seja possível. Por outro lado, um caminho super bom é caracterizado por um retângulo em que a periferia está vazia, permitindo uma maior liberdade de movimento para as partículas.
A relação entre esses dois tipos de caminhos é vital para entender a propagação de alterações locais dentro de um sistema maior. De acordo com os teoremas discutidos, se um estado de renormalização pertence ao conjunto SG, então qualquer caminho que interaja com esse estado e com outros estados dentro do conjunto G resulta em uma configuração favorável à percolação de spins. A dinâmica resultante é, portanto, mais eficiente na facilitação de transições de estado.
A Importância da Renormalização e das Propriedades Locais
A renormalização é um processo central na física estatística e particularmente útil no modelo FA-2f. Ele permite transformar um sistema de grandes dimensões em um sistema mais simples, onde as propriedades globais podem ser extraídas de interações locais. Ao aplicar renormalização ao modelo FA-2f, o comportamento do sistema em uma escala macroscópica pode ser relacionado às interações locais entre os spins. Isso é feito através de uma transformação que reduz a complexidade do espaço de estados, mantendo as características fundamentais da dinâmica do sistema.
A renormalização é combinada com a desigualdade de Poincaré de longo alcance, que, de acordo com a Proposition 5.6, permite controlar as flutuações da função local e, assim, fornece uma maneira de estimar as variáveis associadas aos diferentes estados do sistema. A chave aqui é que, com a renormalização, podemos controlar a variabilidade das funções locais e analisar o comportamento do sistema em diferentes escalas. Ao combinar essas ferramentas, podemos obter estimativas mais precisas sobre a evolução do modelo.
Limiar Crítico e Transições de Fase
O modelo FA-2f é especialmente interessante por suas transições de fase, que são associadas ao limiar crítico. Esse limiar é a fronteira entre dois regimes do sistema, que podem ser descritos por comportamentos qualitativamente diferentes. Para o modelo FA-2f, a transição de fase ocorre quando a probabilidade de ocupação q atinge um valor crítico, e as dinâmicas de facilitação se tornam mais ou menos eficazes na mudança de estados.
Em termos matemáticos, o limiar crítico está relacionado à probabilidade de encontrar uma configuração de spins vazios em uma área suficientemente grande, o que por sua vez afeta a eficiência da percolação. Isso é descrito no teorema de limiar agudo (Theorem 5.8), que estabelece que, para o modelo FA-2f, à medida que q diminui, o tempo de relaxação do sistema se aproxima de uma constante multiplicada por log(q), o que implica em uma transição abrupta no comportamento do sistema. Esse comportamento é um exemplo clássico de uma transição de fase em sistemas de muitos corpos, que são comuns em modelos de percolação.
Limite Inferior e Bottleneck Combinatório
Além das considerações sobre renormalização e caminhos, o comportamento de relaxação do sistema FA-2f também pode ser descrito por limites inferiores combinatórios. Esses limites, discutidos no contexto de um "bottleneck" combinatório, descrevem as dificuldades que o sistema enfrenta ao tentar atingir o estado de equilíbrio. O conceito de bottleneck é particularmente útil porque ele explica o mecanismo pelo qual certos obstáculos locais (ou seja, locais de alta ocupação) podem impedir a propagação da dinâmica do sistema, retardando a transição para o estado de equilíbrio.
No caso do modelo FA-2f, a ideia é que a origem de uma configuração de spins não pode ser "limpa" sem passar por certas barreiras de ocupação. A análise desse fenômeno leva a um limite inferior para o tempo de relaxação do sistema, que pode ser expressa em termos de um parâmetro q, o qual descreve a probabilidade de ocupação. A presença desses obstáculos pode ser vista como uma manifestação de um fenômeno de percolação em que, para a dinâmica do sistema ser bem-sucedida, é necessário que certas condições globais sejam satisfeitas.
Aspectos Críticos do Modelo e Perspectivas Futuras
É importante ressaltar que, embora o modelo FA-2f seja bem compreendido dentro de um contexto matemático e físico, ainda existem questões em aberto relacionadas à precisão das estimativas de transições de fase, especialmente no que se refere ao comportamento do tempo de relaxação. O avanço em modelos como o FA-2f depende da contínua exploração das interações entre as propriedades locais e globais do sistema. A observação da evolução de parâmetros como q e a análise de como pequenas mudanças podem afetar a dinâmica global do sistema são essenciais para aprofundar nossa compreensão das transições de fase e limiares críticos.
Qual é o Comportamento Universal dos Modelos Cinematicamente Constrangidos?
Os Modelos Cinematicamente Constrangidos (KCM, na sigla em inglês) são uma classe de modelos fundamentais para o estudo de sistemas desordenados e transições de fase em física estatística e matemática. Seu estudo se baseia no comportamento dinâmico de sistemas cujos estados evoluem de acordo com regras de atualização restritas, nas quais a dinâmica de cada partícula ou site depende do estado de seus vizinhos. Este capítulo visa explorar a universalidade dentro dos KCM, com ênfase nas diferenças de comportamento observadas em diferentes dimensões e com diferentes famílias de atualização. A universalidade, nesse contexto, refere-se à capacidade de classificar esses modelos em categorias com comportamentos semelhantes, independentemente das particularidades dos detalhes de cada modelo.
Começamos com uma revisão dos modelos unidimensionais, onde a teoria de universalidade é bastante bem definida. Nos KCM unidimensionais, observamos três classes principais de comportamento, representadas pelos modelos mais conhecidos como FA-1f, East e FA-2f. Cada um desses modelos exibe um comportamento distinto em termos da forma como sua relaxação para o equilíbrio ocorre. O modelo FA-1f, por exemplo, tem um comportamento de relaxação descrito por uma escala de tempo logarítmica, enquanto o modelo East apresenta uma escala mais complexa, descrita por uma expressão exponencial. Para o modelo FA-2f, a transição crítica ocorre a uma densidade específica, marcada pela condição de q = 1.
A teoria de universalidade unidimensional revela que, em última instância, existem apenas três comportamentos possíveis para os KCM unidimensionais, definidos pela presença de direções estáveis e instáveis nas regras de atualização. O comportamento de um modelo é fortemente determinado pela quantidade de direções instáveis que ele possui. Para ilustrar isso, definimos o conceito de direções estáveis, que são aquelas em que a propagação do estado vazio (ou de "não ocupação") é limitada, enquanto direções instáveis permitem a propagação sem restrições. Nos modelos FA-1f, East e FA-2f, essas direções estáveis variam, e a quantidade de direções instáveis determina o comportamento geral da relaxação do sistema.
Para o caso de modelos com duas direções instáveis, a relaxação segue uma lei de potência, com uma dependência do logaritmo inverso do parâmetro de densidade q. Já para modelos com uma direção instável, o comportamento é mais complexo, e a taxa de relaxação depende do logaritmo de q. Finalmente, para modelos sem direções instáveis, a relaxação ocorre de maneira mais restrita, com a densidade crítica ocorrendo em q = 1, como exemplificado pelo modelo FA-2f.
Em dois ou mais dimensões, a teoria de universalidade dos KCM se torna consideravelmente mais complexa. No entanto, a universalidade ainda se mantém como um princípio central. A relação entre as direções estáveis e instáveis é ampliada para incluir uma análise geométrica detalhada das direções possíveis. Definimos as direções estáveis em duas dimensões usando o círculo unitário e uma normal exterior a um conjunto específico. Um conceito importante que emerge neste contexto é o de direções fortemente estáveis e direções isoladamente estáveis, que permitem uma classificação mais precisa dos comportamentos dos modelos.
A teoria da universalidade em duas dimensões também se relaciona estreitamente com a teoria da percolação, em particular com o problema de percolação bootstrap, que tem implicações diretas para o comportamento de sistemas em redes de interação. O estudo das direções estáveis em duas dimensões permite uma compreensão mais profunda de como a topologia do espaço e as restrições cinemáticas afetam a dinâmica de relaxação, levando a novos tipos de transições e fases críticas que não seriam observadas em sistemas unidimensionais.
Além disso, ao comparar os KCM com modelos clássicos de percolação e exclusão simétrica, é possível expandir a compreensão sobre o comportamento de tais sistemas em redes, principalmente em grafos ou árvores de alta conectividade. A adaptação das teorias unidimensionais para dimensões superiores exige novas ferramentas e abordagens, como a renormalização e a aplicação de métodos probabilísticos avançados.
No entanto, há ainda questões abertas em relação à precisão das assintóticas para modelos gerais de KCM. O estudo da dependência precisa de tempo de relaxação logarítmica, como ocorre nos modelos FA-1f e East, é um tópico em aberto que continua sendo objeto de intensa pesquisa. As abordagens matemáticas atuais envolvem técnicas de renormalização e análises combinatórias que buscam estabelecer as condições exatas para a transição entre as diferentes classes de universalidade.
Em última análise, a universalidade dos KCM, tanto em uma dimensão quanto em duas, oferece uma estrutura poderosa para compreender como sistemas complexos se comportam sob restrições cinemáticas. Este campo de estudo está intimamente ligado às transições de fase e ao comportamento de sistemas longe do equilíbrio, sendo uma ferramenta crucial para o desenvolvimento de modelos matemáticos e computacionais em várias áreas da física e da teoria das probabilidades. As técnicas e resultados discutidos aqui são fundamentais para avançar o entendimento de como sistemas dinâmicos interagem e evoluem sob restrições, oferecendo novas perspectivas para a modelagem de fenômenos complexos.
Como a Estrutura Interna das Gotas e o Comportamento de Cruzamento Afetam a Dinâmica dos Modelos de Percolação
A dinâmica das gotas em modelos de percolação e seus comportamentos relacionados com cruzamentos e interações são fundamentais para a compreensão do comportamento crítico em sistemas percolativos. Ao mudar sua estrutura interna, as gotas podem se mover um pouco sem criar uma nova gota, como observamos na seção 5.3.3. Isso é relevante porque, ao contrário de uma interação direta que geraria uma nova gota, essas mudanças não são necessariamente proíbidas, mas são improváveis de acontecer dependendo das condições do ambiente dinâmico.
Um dos conceitos cruciais para lidar com esses problemas é o de cruzamento, que entra em cena quando consideramos um strip vertical S de largura dentro do domínio . De maneira geral, dizemos que o strip S tem um cruzamento se duas condições forem atendidas: primeiro, os locais vazios em S, juntamente com toda a metade do plano à esquerda de S, são suficientes para infectar um caminho da esquerda para a direita em S; e segundo, S não contém uma gota crítica conectada (spanned). Esses dois eventos possuem monotonicidades opostas na configuração, o que implica que as suas probabilidades devem ser tratadas com ferramentas apropriadas de percolação, como os métodos de BP (Bootstrap Percolation).
Utilizando essas ferramentas, é possível demonstrar que a probabilidade de um cruzamento ocorre com uma taxa decrescente exponencialmente em função da largura de S nas escalas de interesse. Em particular, a probabilidade sob de que tal strip seja cruzado é da ordem de . A prova disso se dá por meio de uma divisão do strip em tiras menores, que são ou cruzadas por uma única gota conectada de tamanho subcrítico ou contêm um par de sites adjacentes vazios. Ao ter limites apropriados sobre a probabilidade de gotas subcríticas conectadas como função de seu tamanho, é possível provar o limite desejado para o cruzamento por meio de um limite de união sobre a partição de S nas tiras menores.
É importante notar que, no caso de um número infinito de direções estáveis, a forma de limitar a probabilidade de cruzamentos muda consideravelmente, mas ainda assim permanece viável. Com esses limites estabelecidos, podemos incorporar esses cruzamentos no gargalo combinatório — estamos satisfeitos se visitarmos uma configuração com um strip cruzado de largura ou com gotas críticas disjuntas. A falta de cruzamentos nos permite excluir a possibilidade de uma gota atingir o lado direito do strip vertical S sem a ajuda de sites à direita de S, já que a dinâmica do KCM (Kinetic Continuous Model) nunca pode infectar mais do que o que o processo de percolação bootstrap pode (como discutido na seção 3.2).
Com esses elementos adicionais, o esquema de prova da Proposição 6.13 pode ser realizado, levando às estimativas inferiores do Teorema 6.11. A única diferença entre as classes de universalidade refinadas reside na escolha das escalas de comprimento e nos limites da probabilidade de gotas conectadas e cruzamentos, e suas respectivas provas.
Passando para as estimativas superiores, o processo de obtenção dos limites superiores no Teorema 6.11 é altamente dependente da classe refinada de universalidade. Existem, no entanto, duas classes nas quais todos os elementos da prova já foram discutidos. O limite superior mais fraco, correspondente a no Teorema 6.11, aplica-se a todos os modelos, mas é afiado apenas para famílias críticas desequilibradas com número infinito de direções estáveis, e na verdade segue da prova do Teorema 6.9 mencionado na seção 6.3.2. No extremo oposto, o limite superior para modelos isotrópicos () é provado de forma similar ao Teorema 5.8, utilizando a técnica da boneca matrioska (como discutido na seção 5.3.3), até algumas modificações técnicas.
O próximo passo é esboçar a prova do limite superior do Teorema 6.11 com , aplicável a qualquer KCM crítico com número finito de direções estáveis, mas afiado apenas para famílias enraizadas desequilibradas com número finito de direções estáveis. O objetivo aqui é ilustrar a relevância da ausência de direções fortemente estáveis, que determinam o valor do expoente , o mais importante dentro do contexto.
Para fins de simplicidade, consideramos o modelo descrito na Figura 6.3b. Iniciamos com algumas considerações heurísticas antes de explicar como transformá-las em uma prova derivada de [19]. Como estamos interessados em um limite superior, podemos escolher a noção de gota de maneira simples. Ou seja, uma gota é (um translado de) uma moldura quadrada vazia de tamanho e espessura 2, onde é uma constante adequadamente grande. Sob a distribuição , tipicamente há um site vazio na coluna à esquerda de , permitindo que se esvazie . Contudo, é improvável encontrar um par de sites vazios adjacentes em qualquer outro lado de , o que nos leva a concluir que é fácil para avançar apenas para a esquerda.
Uma maneira eficiente de realizar esse movimento à esquerda é dada pelo caminho legal para o modelo East KCM, onde cada site vazio representa um translado vazio de . A ideia-chave é que basta realizar esse movimento semelhante ao modelo East por uma distância da ordem de , para encontrar um par de sites vazios na linha acima da gota. Uma vez que a gota os alcance, ela pode subir um passo. É então possível reverter o caminho East para levar a gota à posição original, mas deslocada um passo na rede para cima. Esse procedimento gera efetivamente um passo na direção para cima. Podemos, então, iterar essa ideia, movendo para cima de maneira semelhante ao modelo East, onde cada passo para cima é, de fato, um longo caminho East à esquerda e de volta. Eventualmente, alcançamos um par de sites vazios permitindo que a gota se mova para a direita, e assim por diante. Com base nessas heurísticas, espera-se que as gotas possam se mover livremente em todas as direções, criando apenas cerca de gotas adicionais de cada vez.
A partir disso, a expectativa é que o tempo necessário para as gotas se moverem seja da ordem de , onde é a probabilidade de uma única gota sob . Isso nos dá a desejada escala de tempo . Para transformar o acima em uma prova rigorosa, utilizamos a técnica da boneca matrioska da seção 5.3.3.2. A geometria das regiões consecutivas é dada na Figura 6.6, e a ocorrência do evento super bom para requer que:
-
A gota esteja vazia;
-
Cada coluna da base contenha um site vazio;
-
Cada linha do retângulo contenha um par de sites vazios adjacentes;
-
Cada coluna dos retângulos e contenha um par de sites vazios adjacentes.
Graças à escolha da geometria, não é difícil verificar que os três últimos eventos são muito prováveis sob , então temos .
Como os Modelos Cinematicamente Constritos Ajudam a Compreender a Transição Líquido-Vidro
A compreensão da transição líquida-vidro é um dos maiores desafios na física da matéria condensada. A questão central reside no fato de que, ao ser resfriado, o vidro apresenta características tanto de sólidos quanto de líquidos. Apesar da rigidez macroscópica do vidro, sua estrutura microscópica mantém a desordem característica dos líquidos. Isso cria uma ambiguidade intrigante, já que, sob uma única observação, o vidro e o líquido são essencialmente indistinguíveis. Essa dualidade desafia as leis termodinâmicas tradicionais, que sugerem que, ao ser resfriado abaixo de sua temperatura de fusão, um líquido deveria se transformar em um cristal ordenado. Contudo, o vidro permanece amorfo, sem uma estrutura ordenada, e é essa característica que o torna tão fascinante.
Em 1995, o prêmio Nobel Philip Anderson destacou o estudo do vidro e da transição para o estado vítreo como um dos problemas mais profundos e não resolvidos da teoria do estado sólido. Apesar dos avanços, a natureza do vidro e de como ele se forma continuam sendo um mistério. Uma das razões para essa falta de compreensão é o comportamento incomum dos materiais vítreos, que podem ser descritos de duas maneiras paradoxais: como um "líquido extremamente viscoso que não flui" ou como um "sólido amorfo sem estrutura". Esse paradoxo está no cerne das dificuldades em compreender a transição líquida-vidro e, mais amplamente, as transições de entupimento, que são fenômenos típicos de sistemas complexos fora do equilíbrio.
Os Modelos Cinematicamente Constritos (KCM) emergem como uma ferramenta central para estudar esses processos. O modelo KCM tenta capturar as dinâmicas do vidro, focando nas restrições cinéticas que impedem o movimento das partículas em determinadas condições. Isso é particularmente relevante para sistemas fora do equilíbrio, onde as transições entre diferentes estados de energia e estrutura podem ocorrer de forma imprevisível, mas ainda assim seguem regras e comportamentos específicos. O estudo desses modelos se torna crucial não apenas para entender o vidro, mas também para descrever comportamentos em sistemas como redes complexas e até mesmo em processos biológicos.
A partir dos KCMs, uma das questões centrais é o estudo da transição entre estados distintos de ordem e desordem em materiais vítreos. Embora a teoria cinética tradicional se concentre na transição de fases de líquidos para sólidos, no caso do vidro, o comportamento é muito mais complexo. O KCM ajuda a explicar como as partículas em um sistema vítreo interagem de maneira restrita, o que impede a formação de uma estrutura cristalina. Esse fenômeno pode ser descrito através de modelos que limitam a capacidade de movimento das partículas e geram estados de equilíbrio que são diferentes daqueles observados em sistemas líquidos ou sólidos convencionais.
Além disso, a análise das transições de fase em sistemas como o vidro também requer um entendimento das propriedades dinâmicas do sistema. Por exemplo, o estudo da viscosidade e como ela varia com a temperatura oferece pistas cruciais sobre o comportamento dos materiais vítreos. Em muitas substâncias, a viscosidade aumenta exponencialmente à medida que a temperatura diminui, alcançando um ponto em que o líquido se torna praticamente "parado", mas ainda sem formar um cristal. Esse fenômeno, conhecido como transição vítrea, é um exemplo claro de como o KCM pode ser usado para modelar a dinâmica do vidro e os processos envolvidos na formação de estruturas vítreas.
O estudo do vidro também se estende para além das condições de equilíbrio, para o que é conhecido como o "regime fora de equilíbrio". Quando os sistemas não estão em equilíbrio, suas propriedades podem se comportar de maneira totalmente diferente. Em materiais vítreos, por exemplo, a estrutura do material pode evoluir de maneira imprevisível, dependendo de como ele é manipulado ou exposto a diferentes condições externas. O KCM pode ser útil nesse contexto, ajudando a entender como esses sistemas evoluem ao longo do tempo e como as diferentes restrições cinéticas influenciam o seu comportamento.
Porém, além de entender como o vidro se comporta dentro de modelos como o KCM, é importante considerar a relação entre esse fenômeno e outras áreas da física, como as transições de fase em sistemas biológicos ou até mesmo em sistemas de redes complexas. Os KCMs têm implicações em diversas áreas da ciência, desde a física até a biologia, e são úteis para a compreensão de uma ampla gama de comportamentos emergentes em sistemas fora de equilíbrio.
Portanto, a natureza da transição líquida-vidro não se limita apenas ao estudo do vidro em si, mas se entrelaça com diversas outras questões fundamentais da física de sistemas complexos. O uso dos Modelos Cinematicamente Constritos é, assim, uma das chaves para desvendar esses mistérios e entender melhor as leis que governam a matéria em suas fases mais desordenadas e dinâmicas.
Como o Processo de Contato Sexual e o Percolação com Morte se Relacionam com a Dinâmica de Vacâncias em Sistemas Não-Equilibrados
O processo de contato sexual (SCP), proposto por [26], é um processo de Markov contínuo no tempo, definido sobre o conjunto , ou em volume finito com condição de contorno específica. Esse processo, com uma representação gráfica similar à do modelo de condutividade de KCM, descreve a interação entre sítios dispostos em uma rede, nos quais a atualização do estado de um sítio ocorre após um tempo exponencialmente distribuído. Se ambos os vizinhos de um sítio , ou seja, e , estão no estado , o estado de pode mudar para com probabilidade ou para com probabilidade . Caso contrário, o estado de mantém-se inalterado com probabilidade ou muda para com a probabilidade restante.
Este processo possui algumas características interessantes em comparação com outros modelos, como o FA-2f, sendo atrativo e orientado. Contudo, a principal dificuldade reside na inexistência de uma medida invariante explícita quando não se trata do caso trivial . A comparação canônica entre o SCP e o FA-2f, quando ambos são definidos sobre o mesmo domínio e condições iniciais semelhantes, revela que, com a condição inicial , o SCP tende a ter uma configuração de vacâncias maiores em comparação com o FA-2f, o que caracteriza sua evolução dinâmica.
No estudo do comportamento do SCP, a introdução de ciclos de Toom permite a compreensão mais profunda das dinâmicas de vacâncias. Quando o parâmetro está próximo de , com condição inicial vazia, a maioria dos sítios do sistema permanece vazia. Isso nos ajuda a entender que a criação de longas cadeias de ciclos de Toom é improvável, dada a tendência do sistema a se manter em estados de baixa densidade de ocupação, o que implica que o processo tende a gerar configurações altamente esparsas ao longo do tempo.
Em sistemas como o SCP, a relação com o processo de percolação com morte (BP with Death) se torna evidente ao analisar como o sistema evolui para estados onde a densidade de ocupação se aproxima de zero. O uso de ciclos de Toom e a dinâmica da vacância oferecem um meio de estudar a percolação em sistemas com morte, particularmente quando se aproxima de regimes de alta vacância.
Além disso, em um regime de alta densidade de vacâncias, o comportamento do processo é governado por uma série de fenômenos combinatórios complexos que envolvem tanto a interação dos ciclos de Toom quanto a propagação de partículas através da rede. A evidência matemática sugere que a medida de percolação para grandes será de fato esparsa, uma vez que a probabilidade de conexão entre pontos no espaço-tempo, dado um conjunto de condições, diminui rapidamente conforme o tamanho do sistema cresce.
Outro aspecto crucial que deve ser destacado ao considerar a dinâmica desses sistemas é a importância dos conjuntos de "sítios laranja", definidos no contexto do SCP. Esses sítios têm a função de garantir que processos com condições iniciais diferentes se acoplam fora desses sítios, evitando interações que poderiam distorcer o comportamento esperado dos processos de percolação. A análise da evolução desses conjuntos e sua relação com o comportamento geral do SCP fornece uma base sólida para compreender a dinâmica das vacâncias e sua conexão com os fenômenos de percolação com morte.
Ao entender a dinâmica do SCP e suas comparações com o FA-2f, os leitores devem atentar para a ideia de que o comportamento do sistema depende fortemente do parâmetro e da densidade inicial de vacâncias. Além disso, é importante compreender que as propriedades de percolação, especialmente em grandes sistemas, podem ser descritas de maneira precisa por meio de resultados clássicos sobre percolação e suas aplicações em sistemas estocásticos.
Ao comparar diferentes condições iniciais, como o estado versus o estado , com o auxílio de resultados de percolação e cadeias de Toom, pode-se deduzir como o comportamento de vacâncias evolui ao longo do tempo, fornecendo insights valiosos sobre a configuração final do sistema. Essa abordagem leva a uma melhor compreensão das transições de fase em sistemas estocásticos fora do equilíbrio, principalmente quando a taxa de alteração de estados é muito pequena.

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