A insuficiência ventricular direita (IVD) representa uma causa significativa de morbidade e mortalidade nos pacientes que passam pela implantação de dispositivos de assistência ventricular esquerda (LVAD, do inglês Left Ventricular Assist Device). Este problema se torna ainda mais crítico no pós-operatório imediato, quando muitos desses pacientes apresentam disfunção ventricular direita pré-existente, que pode ser agravada pela cirurgia, pelo uso de circulação extracorpórea (CEC) e pelo aumento da resistência vascular pulmonar.

Nos primeiros dias após a implantação do LVAD, é comum que a função do ventrículo direito se deteriore, uma vez que o ventriculo esquerdo (VE) sofre uma "descarga" de pressão devido ao funcionamento do dispositivo. Esse fenômeno pode alterar a geometria do septo interventricular, desviando-o para a esquerda e prejudicando ainda mais a função do ventrículo direito. A monitorização contínua da função do ventrículo direito, juntamente com ajustes precisos da velocidade da bomba do LVAD, torna-se, portanto, crucial.

Uma das estratégias mais comuns para o manejo da IVD pós-LVAD é o ajuste da velocidade da bomba, normalmente entre 4800 e 6000 RPM, com base em parâmetros ecocardiográficos e monitoramento da pressão venosa central (PVC) e da pressão de capilar pulmonar (PCWP). A monitorização dessas pressões ajuda a confirmar que as pressões de enchimento estão dentro dos parâmetros ideais, evitando tanto a sobrecarga de volume quanto a congestão pulmonar. Em casos mais graves, pode ser necessário utilizar dispositivos de monitoramento direto das pressões atriais para ajudar a avaliar as interações entre os ventrículos e as pressões pulmonares.

Além disso, o uso de agentes farmacológicos que atuam na vasodilatação pulmonar, como o nitroprussiato, pode ser útil para reduzir a pós-carga do ventrículo direito. Outra opção terapêutica inclui o uso de nitroglicerina intravenosa em doses baixas, que também ajuda a reduzir a pressão no ventrículo direito. No entanto, o uso de betabloqueadores deve ser evitado devido ao seu efeito inotrópico negativo, especialmente em pacientes com função ventricular direita já comprometida.

Em termos de agentes vasodilatadores, o clevidipino — um bloqueador de canais de cálcio L do tipo diidropiridina — tem mostrado bons resultados no controle da pressão arterial nesses pacientes, com um efeito mínimo sobre a contratilidade do miocárdio. A monitorização cuidadosa da função do ventrículo direito e da interação entre os ventrículos é fundamental para ajustar o tratamento de forma adequada e prevenir complicações graves, como o "suck down" ou a insuficiência aguda do ventrículo direito.

A definição de IVD, de acordo com o INTERMACS, inclui a necessidade de um dispositivo de assistência ventricular direita (RVAD) ou o uso prolongado de terapia inotrópica ou óxido nítrico inalado após a implantação do LVAD, caso haja sinais e sintomas persistentes de disfunção ventricular direita. Este quadro clínico, quando não tratado adequadamente, pode evoluir para falência multiorgânica, o que torna a monitorização rigorosa do índice cardíaco e das pressões hemodinâmicas imprescindível.

O manejo imediato da IVD pós-implantação de LVAD envolve não só a otimização da pré-carga do ventrículo direito, mas também a melhoria da contratilidade do ventrículo direito e a redução da pós-carga do mesmo. Isso pode ser alcançado através do uso de agentes inotrópicos como a dobutamina e o milrinona, que também proporcionam vasodilatação pulmonar. Contudo, esses agentes devem ser administrados com cautela, pois podem induzir hipotensão se usados de maneira inadequada.

A tamponada cardíaca, uma complicação grave e muitas vezes fatal, também pode ocorrer após a implantação de LVAD. A tamponada, geralmente associada a sangramentos cirúrgicos imediatos ou ao uso de anticoagulação no pós-operatório, pode se manifestar com sinais clínicos como hipotensão, índice cardíaco baixo, e distúrbios nas pressões atriais. A ecocardiografia, especialmente a transesofágica, desempenha um papel crucial na detecção precoce dessa condição. O tratamento inicial inclui a redução da velocidade da bomba do LVAD para prevenir eventos de sucção e, em alguns casos, a administração de volume ou uso de agentes inotrópicos.

Um dos aspectos mais desafiadores no manejo pós-operatório é a necessidade de ajustar as terapias com base na evolução clínica de cada paciente, pois não há um parâmetro único que seja superior para monitoramento da função do ventrículo direito. O uso combinado de múltiplos índices hemodinâmicos, como a pressão venosa central, o índice de pulsação da artéria pulmonar (PAPi), a fração de ejeção do ventrículo direito (TAPSE) e outros parâmetros ecocardiográficos, proporciona uma avaliação mais robusta da função ventricular direita e permite ajustes terapêuticos mais precisos.

É importante lembrar que o manejo da IVD pós-implantação de LVAD deve ser multifacetado, incluindo tanto intervenções farmacológicas quanto ajustes na função da bomba do LVAD, e que a monitorização contínua é a chave para o sucesso. Além disso, a capacidade de detectar complicações precoces, como a tamponada e a disfunção ventricular direita, pode ser determinante para o prognóstico do paciente, e a intervenção rápida é fundamental para evitar resultados desfavoráveis.

Qual é o Impacto das Cirurgias de Válvulas Concomitantes Durante o Implante de CF-LVAD?

A cirurgia concomitante das válvulas mitral (MV) e tricúspide (TV) durante o implante de dispositivos de assistência ventricular contínua (CF-LVAD) tem sido um tópico de debate crescente entre os especialistas em insuficiência cardíaca avançada. A questão central é se a correção de anomalias valvulares nesse contexto pode melhorar os resultados clínicos dos pacientes que necessitam do CF-LVAD como ponte para o transplante cardíaco. Diversos estudos sobre a reparação da válvula mitral (MVr) e a substituição da válvula mitral (MVR) no momento do implante do CF-LVAD demonstraram resultados variados, mas com uma tendência geral de que essas intervenções não prejudicam os pacientes e, em alguns casos, podem melhorar a sobrevida e a qualidade de vida.

Embora a maioria dos estudos não tenha mostrado uma diferença significativa na mortalidade geral de 30 dias, observou-se que a cirurgia de MV concomitante pode reduzir as hospitalizações futuras e melhorar os parâmetros hemodinâmicos dos pacientes. Nos dados obtidos de registros como o INTERMACS, que analisaram mais de 4.900 pacientes submetidos ao CF-LVAD, aqueles que receberam reparo da válvula mitral (MVr) apresentaram melhor qualidade de vida, distância percorrida em 6 minutos e taxas de readmissão menores do que os que não passaram pela cirurgia de válvula (Robertson et al., 2018).

Em relação à válvula mitral, a maior parte dos estudos demonstrou que a MVr, realizada por técnicas como anulotomia com anel ou reparo de borda a borda, é o método predominante para tratar a insuficiência mitral significativa em pacientes com insuficiência cardíaca avançada. No entanto, os benefícios dessa intervenção são mais notáveis entre os pacientes com hipertensão pulmonar grave, que poderiam ser candidatos a um transplante cardíaco, mas que, devido ao comprometimento pulmonar, não seriam elegíveis sem essa intervenção. Isso implica que a correção da válvula mitral pode expandir a elegibilidade para o CF-LVAD, tornando-o uma alternativa terapêutica viável para mais pacientes.

Por outro lado, a válvula tricúspide (TV) também se apresenta como um fator relevante em pacientes que recebem o CF-LVAD. A insuficiência tricúspide significativa (TR) é frequentemente observada em 30-50% dos pacientes com insuficiência cardíaca grave, sendo um reflexo das alterações estruturais do ventrículo direito (VD) devido à sobrecarga de pressão e volume associada à insuficiência ventricular esquerda. Estudos mostraram que a presença de TR severa pré-CF-LVAD está ligada a um aumento na mortalidade a longo prazo, uma vez que a sobrecarga do ventrículo direito pode piorar após o implante. No entanto, alguns casos demonstraram que a implantação do CF-LVAD pode melhorar a função do ventrículo direito e reduzir a severidade da TR ao diminuir a pressão de enchimento do ventrículo esquerdo, aliviando o sobrecarga do ventrículo direito.

Porém, a solução ideal para a insuficiência tricúspide permanece incerta. A maioria dos estudos relata que a presença de TR significativa após o implante de CF-LVAD não é resolvida automaticamente, com a condição persistindo em 30-60% dos pacientes a longo prazo. Algumas abordagens mais recentes, como o reparo transcateter de borda a borda (TEER) da válvula tricúspide, têm mostrado certa promessa, mas não há consenso definitivo sobre sua eficácia antes ou depois do implante do CF-LVAD.

A decisão de realizar uma cirurgia concomitante das válvulas mitral e tricúspide deve ser cuidadosamente ponderada com base em uma avaliação detalhada do estado hemodinâmico do paciente, do grau de insuficiência valvular e do risco geral do procedimento. Embora não exista um protocolo único que seja aplicável a todos os pacientes, a abordagem mais comum tem sido reservar a correção das válvulas para aqueles com insuficiência pulmonar grave que seriam candidatos a um transplante cardíaco, mas que, devido ao aumento da resistência vascular pulmonar, não são elegíveis para o CF-LVAD sem a intervenção valvular.

Além disso, é importante observar que, embora o reparo valvular concomitante seja seguro na maioria dos casos, ele pode envolver desafios técnicos significativos, como tempos prolongados de cirurgia e maiores tempos de clamping. Portanto, a experiência da equipe cirúrgica, a condição clínica do paciente e o tipo de dispositivo CF-LVAD a ser implantado devem ser considerados ao planejar a cirurgia. A avaliação de risco, a escolha da técnica cirúrgica e a decisão sobre qual válvula (mitral ou tricúspide) deve ser corrigida têm um papel crucial na definição dos resultados do procedimento.

O uso de TEER no contexto de insuficiência mitral residual após o implante de CF-LVAD tem se mostrado promissor, oferecendo uma possibilidade terapêutica para a melhoria dos sintomas de insuficiência cardíaca após a implantação do dispositivo. Embora mais pesquisas sejam necessárias para estabelecer sua eficácia definitiva, os dados disponíveis sugerem que a combinação de técnicas transcateter e dispositivos de assistência ventricular pode representar um avanço significativo no manejo de insuficiências valvulares associadas à insuficiência cardíaca avançada.

Como Avaliar e Compreender os Efeitos Cognitivos em Pacientes com Dispositivos de Assistência Cardíaca (LVAD)

O impacto cognitivo em pacientes com insuficiência cardíaca avançada, especialmente aqueles que utilizam dispositivos de assistência ventricular esquerda (LVAD), é um tema complexo, mas fundamental para o acompanhamento desses indivíduos. A avaliação neuropsicológica adequada torna-se essencial para entender como as disfunções cerebrais podem afetar o funcionamento diário e a qualidade de vida desses pacientes. Estudos têm mostrado que mudanças cognitivas podem ocorrer de forma variada, não apenas em pacientes com insuficiência cardíaca grave com fração de ejeção reduzida (HFrEF), mas também em pacientes com insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada (HFpEF), que muitas vezes são assintomáticos (Havakuk et al., 2017).

As alterações estruturais e funcionais no cérebro, resultantes da insuficiência de perfusão e oxigenação, podem se manifestar de maneiras diversas. Imagens cerebrais têm mostrado redução no volume de substância cinzenta em pacientes com insuficiência cardíaca avançada, principalmente aqueles com HFrEF. Tais alterações podem prejudicar a capacidade desses pacientes de se envolver adequadamente em atividades de autocuidado, como evidenciado por Cameron et al. (2010), além de dificultar a compreensão e a manutenção dos planos de tratamento, o que compromete ainda mais a adesão ao regime terapêutico recomendado (Hawkins et al., 2012).

Nos pacientes que sobrevivem a uma parada cardíaca, a amnésia era anteriormente considerada o déficit cognitivo primário, devido à interrupção abrupta do fluxo sanguíneo cerebral. No entanto, muitos desses pacientes não apresentam amnésia evidente, mas sim um conjunto de déficits que podem envolver disfunções na memória, além de lentidão motora nas extremidades superiores e impacto variável nas funções executivas. As funções executivas são cruciais para o controle emocional e comportamental, e seu comprometimento pode dificultar a capacidade do paciente de tomar decisões adequadas e manter a estabilidade emocional, fatores vitais para o cuidado de si mesmo.

A cirurgia cardíaca, em geral, tem sido associada a um risco significativo de prejuízo cognitivo. A etiologia desse comprometimento cognitivo é multifatorial, envolvendo, possivelmente, a circulação extracorpórea durante a cirurgia, o tempo prolongado do procedimento e a formação de êmbolos. Apesar dos riscos cirúrgicos conhecidos, evidências apontam que a função cognitiva pode melhorar após a implantação do LVAD. Estudo de Simoni et al. (2014) revelou que os receptores de LVAD frequentemente apresentam melhorias na memória e nas funções executivas, e tais melhorias podem se manter estáveis ao longo do tempo, independentemente do tipo de dispositivo utilizado (fluxo contínuo ou pulsátil).

Uma avaliação neuropsicológica formal inicia-se com uma entrevista abrangente que investiga diversos aspectos da história do paciente, como o histórico médico geral, problemas na infância e problemas acadêmicos, incluindo dificuldades de aprendizado. Compreender esses fatores é essencial, pois questões como dificuldades na leitura e na compreensão de materiais impressos, como planos de tratamento, formulários de consentimento e instruções de alta, podem ser prejudiciais à adesão do paciente ao tratamento.

Além disso, é fundamental avaliar a história médica completa, levando em conta o uso de substâncias e os antecedentes de saúde mental do paciente, como discutido anteriormente. Isso ajuda a determinar possíveis influências de fatores externos ou transtornos que possam afetar a cognição. A avaliação neuropsicológica deve ser flexível, com a escolha dos instrumentos de teste dependente da situação clínica e da capacidade do paciente de participar do processo.

Testes como o RBANS-U (Repeatable Battery for the Assessment of Neuropsychological Status) são úteis para avaliar funções cognitivas essenciais como atenção, memória verbal e não verbal, habilidades visuoespaciais e funções executivas. O RBANS-U é ideal para avaliações pré e pós-cirúrgicas, podendo ser adaptado para avaliações em ambientes de cuidados intensivos ou ambulatórios.

Além do RBANS-U, o Mini-Mental Status Exam (MMSE) também pode ser utilizado, embora tenha limitações, como a não avaliação abrangente das funções executivas e memória visual imediata. Este teste é mais adequado para monitorar alterações no estado mental, especialmente quando a alteração já é evidente.

Em pacientes que passaram por implante de LVAD, avaliações neuropsicológicas feitas ao longo do tempo – especialmente após um mês ou três meses do procedimento – podem documentar melhorias cognitivas, como a melhora na atenção complexa. Esses resultados são importantes, pois mostram que, embora o período pós-cirúrgico imediato possa dificultar a avaliação precisa da função cognitiva, uma melhoria real pode ser observada em longo prazo.

Além da avaliação neuropsicológica, é essencial um acompanhamento contínuo para entender o impacto das mudanças cognitivas ao longo do tempo. A habilidade de um paciente de gerenciar seu próprio cuidado após a implantação de um LVAD, incluindo a adesão a tratamentos complexos e a comunicação eficaz com os profissionais de saúde, depende em grande parte de sua função cognitiva. Assim, os clínicos devem estar atentos não apenas à sobrevida, mas também à qualidade dessa sobrevivência, considerando o papel fundamental que a cognição desempenha na capacidade do paciente de participar ativamente de seu tratamento.

Como a Coordenação de Suporte Circulatório Mecânico (MCS) Pode Impactar a Gestão da Falência do Ventrículo Direito em Pacientes com LVAD

Os pacientes que recebem dispositivos de assistência circulatória mecânica (MCS) enfrentam uma jornada desafiadora de cuidados técnicos e clínicos, exigindo monitoramento constante para evitar complicações graves, como a falência do ventrículo direito (RV). A falência do ventrículo direito em pacientes com dispositivos de assistência ventricular esquerda (LVAD) pode ocorrer de forma precoce ou tardia, cada uma exigindo intervenções específicas. O papel do coordenador de MCS é crucial para identificar e tratar esses sinais de falência de forma eficaz, prolongando a vida do paciente e melhorando sua qualidade de vida.

A falência do ventrículo direito pode ser classificada em duas categorias: falência precoce e falência tardia. A falência precoce é geralmente medida por infusões inotrópicas dentro de 7 a 14 dias após a implantação do LVAD, sendo uma das complicações mais comuns que exigem intervenções imediatas. De acordo com Stevenson et al. (2021), os pacientes com perfis INTERMACS I-II, que indicam choques graves ou declínio progressivo, são mais propensos a experimentar falência precoce do RV. Para esses pacientes, o coordenador de MCS precisa monitorar com atenção o tempo em que o paciente permaneceu em inotrópicos pós-implantação do LVAD, ajudando a otimizar a terapia e a ajustar a velocidade do LVAD através de estudos de ecocardiograma, conhecidos como “ramp studies”.

A falência tardia do ventrículo direito pode ser mais difícil de identificar e tratar. Muitos programas de MCS incluem protocolos rigorosos para monitorar falência do RV, incluindo ecocardiogramas de rotina e cateterismos cardíacos para avaliar as pressões de enchimento. Embora o LVAD seja dependente do fluxo sanguíneo fornecido pelo ventrículo direito, a falência do RV pode ocorrer mesmo em dispositivos como BiVADs ou corações artificiais totais, que oferecem suporte para o ventrículo direito. Nessas situações, o coordenador de MCS deve estar atento aos sinais de sobrecarga de fluido, congestão hepática e alterações nas leituras do dispositivo, como volumes de enchimento ou índices de débito cardíaco.

Além disso, os pacientes com MCS podem sofrer de uma variedade de complicações hemorrágicas, que variam de epistaxe (sangramentos nasais) a acidentes vasculares cerebrais hemorrágicos. A anticoagulação prolongada, essencial para o funcionamento do LVAD, é um fator de risco significativo para esses eventos. O coordenador de MCS desempenha um papel vital na educação dos pacientes sobre como minimizar os riscos hemorrágicos, como evitar quedas, remover objetos que possam causar acidentes, e como proceder caso ocorram sangramentos ou lesões, como segurar pressão em cortes superficiais por tempo mais prolongado do que o habitual.

Outro aspecto essencial do cuidado do paciente com MCS é o suporte 24 horas oferecido por muitos centros de MCS, com linhas de emergência disponíveis para pacientes, cuidadores, equipes médicas e outras agências externas. Este suporte permite que os pacientes recebam cuidados imediatos em caso de complicações graves. No entanto, é fundamental que os coordenadores de MCS, ao receberem essas ligações de emergência, sejam capazes de distinguir entre chamadas urgentes e não urgentes. Muitas vezes, os chamados não urgentes envolvem alarmes de baixo fluxo ou falhas temporárias no dispositivo, mas, ainda assim, os coordenadores devem estar preparados para lidar com qualquer situação crítica que possa surgir a qualquer momento.

Ao lidar com emergências, como pacientes com suspeita de acidente vascular cerebral hemorrágico ou mudanças significativas no estado mental, o coordenador de MCS deve ser capaz de instruir os pacientes e seus cuidadores sobre a importância de procurar ajuda imediata. Este treinamento contínuo é vital para que os pacientes saibam quando buscar atendimento, como reconhecer os sinais de complicações e como realizar os primeiros cuidados para mitigar danos adicionais, como pressionar ferimentos para estancar sangramentos.

Além disso, o coordenador de MCS tem um papel educacional contínuo, preparando os pacientes para a vida com MCS e as nuances do cuidado de longo prazo. Muitas vezes, isso envolve o fornecimento de informações sobre como lidar com as complexidades dos dispositivos, como o LVAD, e quando procurar ajuda médica especializada. Em situações de falência do ventrículo direito, a capacidade de intervir precocemente, por meio de ajustes no dispositivo, medicamentos inotrópicos ou diuréticos intravenosos, pode ser a diferença entre a recuperação e o agravamento do quadro clínico do paciente.

É importante lembrar que a gestão de pacientes com MCS envolve um esforço colaborativo entre os coordenadores de MCS, os pacientes, os cuidadores e as equipes médicas. A educação, o treinamento contínuo e a vigilância rigorosa são essenciais para o sucesso do tratamento e para garantir que os pacientes recebam a melhor assistência possível. Esse cuidado colaborativo não só melhora os resultados clínicos, mas também proporciona uma sensação de segurança e confiança para os pacientes e seus familiares.