A comunicação entre dois indivíduos, como exemplificado no caso de A escrever "Eu te amo" em uma folha de papel e desejar que B, a 3000 milhas de distância, receba a mensagem de forma clara e rápida, envolve mais do que simplesmente a troca de palavras. A mensagem que A envia a B passa por um processo complexo, no qual vários elementos entram em jogo: o emissor A, o receptor B, o meio de comunicação, e o código utilizado para transmitir a mensagem. No entanto, o valor da informação não se resume à simples transmissão; ela depende da integridade da mensagem e da precisão na sua entrega.
O primeiro ponto a ser considerado é a questão do que constitui a informação em um sistema de comunicação. Para que uma mensagem seja considerada informação, ela precisa ser recebida sem distorções. Se, por exemplo, a mensagem escrita por A for transformada em uma sequência incompreensível como "K bogl pou", ou mesmo em algo com significado diferente, como "um arco longo", A ficará insatisfeito, independentemente da clareza ou incompreensibilidade da versão recebida por B. O valor da comunicação depende, portanto, de três aspectos essenciais: os sinais que compõem a mensagem, o conteúdo da mensagem e sua utilidade para o receptor.
Esses três aspectos—sinais, sobrecarga semântica e utilidade pragmática—formam a base da análise da informação. Primeiramente, é necessário que os sinais (as palavras ou símbolos) representem de maneira precisa o significado desejado. Depois, o conteúdo da mensagem deve ser relevante para o receptor, ou seja, deve possuir um significado que seja útil para quem a recebe. Por fim, a utilidade da informação depende do momento em que é recebida, já que uma informação pode perder seu valor se chegar tarde demais. A hierarquia entre esses aspectos implica que, para que uma mensagem seja útil, é necessário que primeiro se atenda ao significado correto e à clareza dos sinais utilizados.
Além disso, a transmissão de informação envolve um processo de codificação e decodificação, no qual a integridade dos sinais é fundamental. No exemplo de A e B, se a mensagem é entregue com atraso ou distorcida, a utilidade da informação diminui consideravelmente. Isso implica que a informação não é apenas sobre o conteúdo transmitido, mas sobre como e quando ela é recebida e interpretada. Por exemplo, se A escreve "Eu te amo", mas B já sabia disso ou a mensagem é entregue para D por engano, a informação transmitida a B perde seu caráter informativo, porque já não há novidade ou valor agregado.
Para melhor compreender a natureza da informação, é essencial considerar que ela não é apenas uma commodity objetiva que é transmitida sem qualquer interpretação prévia, mas sim algo que depende da recepção e da contextualização do receptor. A natureza da comunicação linguística humana é apenas uma forma de processar informações, embora seja uma das mais complexas. No mundo natural, existem outros processos informacionais, como sinais químicos entre bactérias e plantas, ou sinais que os animais utilizam para comunicar-se. Estes são exemplos de como a informação pode ser transportada por diversos meios, e não apenas por símbolos linguísticos.
A distinção entre informação "natural" e "não-natural" foi discutida por Grice (1957), que destacou que fenômenos como a fumaça (indicando fogo) ou as nuvens escuras (indicando chuva) também carregam informações, mas de uma forma que não depende de intenções ou convenções. Millikan (2004) desenvolveu ainda mais essa ideia, afirmando que a informação pode ser tanto um sinal intencional quanto natural. Esses sinais, que não dependem de um sistema linguístico formal, demonstram que a informação está em toda parte, não sendo algo restrito ao uso de palavras ou códigos.
Para entender a informação de maneira mais ampla, é importante não reduzir a comunicação humana à simples troca de palavras. A informação está profundamente enraizada em processos biológicos, como os sinais genéticos ou hormonais que regulam o comportamento de organismos, ou em fenômenos naturais como as marcas nas árvores que indicam sua idade. Embora a comunicação humana seja uma das formas mais sofisticadas de processamento de informações, os mecanismos de transmissão de informações no reino natural são igualmente relevantes e complexos.
A construção de uma teoria da informação, portanto, deve levar em consideração esses múltiplos aspectos e processos. A comunicação humana, embora central, é apenas um dos muitos exemplos de como a informação é processada e transmitida. A análise conceitual da informação deve servir como um ponto de partida para a criação de teorias mais abrangentes, capazes de integrar esses diferentes processos informacionais. O estudo da evolução da capacidade de processamento da informação, por exemplo, pode oferecer insights valiosos sobre a maneira como as espécies, incluindo os humanos, desenvolveram suas habilidades comunicativas ao longo do tempo. No entanto, para um entendimento mais amplo, é essencial que essas teorias se expandam para considerar a diversidade e complexidade das formas de comunicação e sinalização no mundo natural.
Como os Autôgenos Replicam a Informação Genética: Uma Abordagem Interpretativa
Os sistemas vivos, até mesmo os vírus, possuem modelos que servem como moldes para sua replicação, expressos principalmente por meio de RNA, em vez de DNA. Esses modelos funcionam como templates genéticos que codificam e armazenam informações essenciais para replicar sistemas com a mesma capacidade de replicação. De acordo com von Neumann (1966), um sistema capaz de replicação pode utilizar as informações codificadas no template para construir outro sistema com a mesma estrutura e função, ou seja, com as mesmas informações e a mesma capacidade de replicação. Para que um sistema tenha a capacidade de replicação, ele deve conter três componentes fundamentais: uma descrição de si mesmo, um mecanismo construtor universal que lê as informações codificadas e constrói o sistema, e um mecanismo universal de cópia que reproduz as informações. No entanto, ao se deparar com a questão dos autôgenos, surge uma importante reflexão: será que, mesmo sem um template molecular independente como os existentes nos sistemas biológicos, o autôgeno ainda possui uma função de replicação?
Embora a estrutura do autôgeno contenha informações estruturais que restringem a maneira como seus componentes podem ser organizados, isso não implica que o autôgeno careça de uma função de replicação. A rede de catálise recíproca e o seu contêiner contêm estruturas que, de forma implícita, codificam informações sobre a localização e a relação entre seus componentes. Esta informação estrutural define os limites e as possibilidades de construção dos componentes, funcionando, assim, como uma descrição do próprio autôgeno. Quando as condições ambientais são favoráveis, a rede de catálise recíproca gera novos componentes que, por sua vez, constroem o contêiner de acordo com as informações estruturais, conduzindo ao crescimento. Assim, o autôgeno realiza a função de um construtor universal.
Em uma situação hipotética, caso um autôgeno seja severamente danificado em vários fragmentos, perdendo sua capacidade de autorreparação, ainda assim, cada fragmento mantém parte da estrutura contendo a informação estrutural do autôgeno. Se o ambiente local fornecer os reagentes necessários para reiniciar a catálise recíproca, cada fragmento terá a oportunidade de se regenerar, formando um novo autôgeno com a mesma estrutura e função do original. Assim, o autôgeno, mesmo sem um template molecular clássico, consegue realizar um processo de replicação. O modelo do autôgeno captura, portanto, o aspecto informacional da vida.
Há quem argumente que, embora a estrutura do autôgeno contenha informações estruturais, estas ainda não podem ser consideradas como informações no sentido pleno, uma vez que falta a interpretação desse dado estrutural. De acordo com a filosofia de Deacon (2021), o autôgeno não apenas exibe competência interpretativa, mas também é dotado de normatividade, autonomia e manutenção recursiva. Por meio do seu contêiner, o autôgeno distingue-se fisicamente e funcionalmente do ambiente ao seu redor, alcançando a autonomia. Ele mantém suas condições de fronteira, sustentadas por processos recíprocos que produzem as condições externas necessárias para sua própria manutenção e replicação. Cada parte do autôgeno existe para a manutenção do todo, constituindo um sistema teleológico. Em outras palavras, o autôgeno tem um propósito intrínseco: sua própria existência contínua.
Com a emergência de um propósito intrínseco, surge também a normatividade. Cada processo dentro do autôgeno atua para garantir a persistência do sistema como um todo, e quando um desses processos falha, como ocorre em caso de dano ao contêiner ou na interação não planejada de moléculas durante a catálise recíproca, o autôgeno pode falhar em sua auto-organização. Essa falha nos processos normativos pode impedir a replicação do sistema, o que aponta para a importância de compreender o papel da interpretação no funcionamento do autôgeno. O conceito de "dualidade de código", proposto por Hoffmeyer e Emmeche (1991), pode ajudar a entender como as informações estruturais do autôgeno se transformam em sinais com significado por meio da interpretação operacional.
O debate sobre se a informação genética é ou não semântica tem sido uma questão central na biologia. Enquanto alguns defendem que as informações genéticas são representacionais, outros consideram que os termos usados pelos biólogos são meramente metáforas. A visão mecanicista da biologia não consegue dar conta da natureza interpretativa da informação genética, que vai além da mera transmissão mecânica de dados. O "dogma central" da biologia molecular, que descreve o fluxo de informações genéticas durante a síntese de proteínas, sugere que a informação genética não pode ser revertida de proteína para nucleotídeo, o que caracteriza a irreversibilidade da informação biológica. No entanto, a simples compreensão dessa mecânica não explica o caráter interpretativo do processo de transcrição, tradução e replicação, que são, essencialmente, processos de interpretação operacional da informação genética.
Portanto, ao revisitar a noção de autogênese, podemos entender que a replicação não é um processo meramente físico ou mecânico, mas envolve também uma capacidade interpretativa, que é intrínseca ao próprio funcionamento do sistema. A interpretação não ocorre apenas por meio de observadores externos, mas é uma característica fundamental do próprio sistema biológico. A competência interpretativa dos autôgenos, ao lidar com a informação estrutural, reflete um nível de complexidade que vai além da simples replicação genética e aponta para uma forma de semântica operacional que caracteriza a própria natureza da vida.
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