Lesões significativas na cabeça, associadas a fraturas do crânio ou dos ossos faciais, que ocorreram há muitos anos, podem cicatrizar com áreas de osso deiscente e dura-máter exposta, predispondo ao desenvolvimento de meningite. Entre as opções terapêuticas para drenar secreções purulentas dos seios paranasais estão a lavagem antral, a trefinação frontal, a cirurgia endoscópica dos seios e o drenamento endonasal do seio frontal. Quando disponível, a tecnologia de dilatação com balão também pode ser indicada. O princípio fundamental dessas intervenções é drenar as coleções purulentas, removendo assim a fonte de infecção e possibilitando a coleta de amostras para cultura.
A infecção intracraniana geralmente surge de infecções nos seios frontais, etmoidais ou esfenoidais. Os abscessos cerebrais mais comuns, de origem rinogênica, localizam-se no cérebro ou nos lobos frontais, sendo que os sintomas clínicos variam de acordo com o local e o estágio de formação do abscesso. A progressão da infecção pode levar à irritação meníngea, aumento da pressão intracraniana e déficits focais, que são mais pronunciados conforme a infecção avança. Em um empiema subdural, áreas da superfície cerebral ficam cobertas por pus, com uma apresentação clínica progressiva e dramática, refletindo o estado grave do paciente. As características focais dependem das áreas do cérebro envolvidas, com a possibilidade de disseminação hematogênica da infecção para múltiplos locais intracranianos.
Abscessos epidurais geralmente estão associados à sinusite frontal e podem não ser reconhecidos até serem demonstrados por uma tomografia computadorizada ou ressonância magnética do crânio. Após a suspeita de infecção intracraniana, uma varredura urgente deve ser solicitada. Uma tomografia computadorizada do crânio, com configurações adequadas e contraste, é essencial, juntamente com uma análise simultânea dos seios. A ressonância magnética, por sua vez, pode fornecer informações detalhadas sobre a extensão da infecção e seus efeitos no cérebro.
Entre as complicações raras, destaca-se a tromboflebite, como a trombose da veia cerebral superior. Esse tipo de complicação surge com o sequestro epidural ou subdural, com características como dor de cabeça severa, déficits focais, especialmente nas pernas, e progressão para infarto cerebral. Além disso, a trombose do seio cavernoso, embora rara, pode ocorrer em consequência da infecção sinusal aguda, com risco significativo de morte. Essa complicação se origina da infecção purulenta do seio esfenoide, que se espalha retrogradamente por anastomoses venosas parasinusais e pode envolver a trombose das veias intracranianas adjacentes. A sintomatologia começa com inchaço ocular ipsilateral, seguido por proptose e dor retroorbital intensa, podendo afetar a motilidade ocular e causar paralisia dos nervos cranianos III, IV e VI.
Em relação às complicações ósseas, a sinusite aguda pode, ocasionalmente, evoluir para a osteomielite dos ossos sinusais adjacentes, um evento raro, mas mais comum em adultos com osteomielite frontal. A osteomielite frontal foi bem conhecida antes da era dos antibióticos, sendo denominada tumor de Pott (em homenagem ao cirurgião Sir Percivall Pott, do St Bartholomew's Hospital, em 1760). A infecção do seio frontal causa osteíte da parede anterior do seio frontal, levando à necrose óssea e à formação de um abscesso subperióstico, que se manifesta como um nódulo flutuante e doloroso na testa. Embora, em alguns casos, o abscesso possa se romper espontaneamente antes da intervenção cirúrgica, causando uma fístula frontocutânea, a drenagem cirúrgica é frequentemente necessária. Isso pode ser feito por meio de uma incisão pequena na prega cutânea da testa, facilitando a curetagem do osso necrótico e a remoção de coleções purulentas. Além disso, a cirurgia endoscópica pode ser considerada para iniciar o drenamento do seio frontal.
A drenagem endoscópica do seio frontal, por meio de uma cirurgia no recessus frontal ou ampliando a abertura do seio, é frequentemente realizada em combinação com uma antrostomia meatal média endoscópica. Caso disponível, a dilatação com balão do seio frontal pode ser uma opção para facilitar o drenamento. Após a infecção aguda, o paciente normalmente precisará de antibióticos orais por várias semanas para garantir a resolução completa da infecção. Uma vez superada a fase aguda, intervenções cirúrgicas adicionais podem ser necessárias para evitar recorrências ou corrigir depressões e cicatrizes estéticas no frontal.
Embora a osteomielite frontal seja rara, ela pode surgir como resultado de uma exacerbação aguda de uma sinusite crônica subjacente, o que exige um tratamento prolongado para prevenir novas infecções. Em casos mais graves, pode ser indicada uma drenagem frontal tipo 3 de Draf, um procedimento de sinuplastia para evitar recorrências e resolver complicações associadas à sinusite crônica.
Qual é o impacto da otite média com efusão e da perfuração timpânica crônica no desenvolvimento infantil?
Casos leves de otite média com efusão (OME), muitas vezes identificados por meio de audiometria tonal simples, podem parecer insignificantes em termos clínicos, mas têm um impacto desproporcional no desenvolvimento da criança. O comprometimento auditivo, ainda que leve, influencia diretamente a aquisição da linguagem, o rendimento escolar e as habilidades sociais, especialmente quando ocorre em fases críticas da infância. A ausência de tratamento adequado ou a decisão cirúrgica prematura podem ter repercussões de longo prazo, tanto na capacidade auditiva quanto no desempenho educacional da criança.
Embora casos leves possam ser manejados com sucesso através de estratégias auditivas e esforço adicional, há situações em que a intervenção cirúrgica, como a colocação de tubos de ventilação (grommets), se mostra um tratamento eficaz e necessário. No entanto, a decisão entre esperar e intervir cirurgicamente deve considerar múltiplos fatores, como a idade da criança, a recorrência das efusões e o impacto observado no desenvolvimento linguístico e cognitivo.
A otite média crônica, particularmente a forma supurativa crônica (CSOM), representa uma inflamação persistente da mucosa e submucosa da orelha média, frequentemente associada à perfuração do tímpano. Nos casos pediátricos, essa condição tende a seguir episódios repetidos de otite média aguda e é caracterizada por otorreia intermitente ou contínua, geralmente acompanhada de perda auditiva condutiva leve, a não ser que haja erosão ossicular. O diagnóstico correto depende essencialmente da visualização adequada da membrana timpânica, muitas vezes dificultada pela presença de secreção e exigindo técnicas como a microscopia com aspiração, com ou sem anestesia, especialmente em crianças pequenas.
Perfurações timpânicas que persistem por mais de dois anos raramente cicatrizam espontaneamente. Em tais casos, indica-se a miringoplastia, geralmente realizada por via permeatal a partir dos cinco anos de idade, dependendo da colaboração da criança. O material de enxerto mais utilizado é a cartilagem do trago, embora possam ser usados materiais alternativos como pericôndrio ou substitutos biológicos. Em casos de canais auditivos estreitos ou perfurações anteriores de difícil visualização, pode-se optar por uma abordagem retroauricular, muitas vezes com enxerto de fáscia temporal. A utilização de técnicas endoscópicas tem ampliado a possibilidade de cirurgia permeatal mesmo para perfurações de difícil acesso.
O tratamento inicial visa sempre a obtenção de um ouvido seco, o que por si só pode levar à resolução sintomática quase completa e permitir o adiamento da cirurgia. A prevenção da entrada de água durante atividades como banho e natação é crucial, sendo recomendado o uso de tampões auriculares de silicone associados a faixas de neoprene. No entanto, mesmo com essas precauções, algumas crianças continuam a apresentar otorreia recorrente, especialmente quando acometidas por infecções respiratórias superiores. Nesses casos, cursos intermitentes de antibióticos tópicos são preferíveis aos sistêmicos, com destaque para as fluoroquinolonas, como as gotas otológicas de ciprofloxacino, que são mais eficazes e não apresentam risco de ototoxicidade, ao contrário dos aminoglicosídeos.
Crianças são particularmente vulneráveis ao desenvolvimento de OME no pós-operatório e à recorrência de otite média aguda, o que eleva o risco de nova perfuração. Estudos sugerem que a presença de OME no ouvido contralateral é um indicativo prognóstico desfavorável. Além disso, embora haja controvérsias quanto ao papel da idade na taxa de sucesso cirúrgico, é evidente que existe uma necessidade de equilibrar os riscos de manter a perfuração aberta com as dificuldades inerentes à cirurgia em crianças pequenas.
Nessas situações, estratégias como tratamento médico intensivo pré-operatório para secar o ouvido antes da cirurgia podem ser fundamentais. Esse preparo visa minimizar complicações intraoperatórias e otimizar o resultado funcional da intervenção. Em última análise, a condução terapêutica deve ser individualizada, considerando tanto as características anatômicas e clínicas da criança quanto os aspectos psicossociais e educacionais que a perda auditiva pode desencadear.
Além disso, é fundamental que os profissionais de saúde compreendam que mesmo déficits auditivos leves e transitórios durante os anos formativos da infância podem ter efeitos desproporcionais sobre o desenvolvimento global. A audição não é apenas um canal sensorial isolado, mas sim uma fundação sobre a qual se constrói linguagem, cognição e interação social. A negligência clínica, a subvalorização de casos considerados “menores” ou a demora em intervir, seja com estratégias conservadoras ou cirúrgicas, pode significar perdas irreversíveis em domínios fundamentais do desenvolvimento humano. O manejo adequado da OME e da CSOM não deve, portanto, ser orientado apenas por achados audiométricos, mas por uma visão integral e longitudinal da criança em desenvolvimento.
Como se desenvolvem os seios paranasais e a anatomia do nariz: um olhar detalhado sobre a formação das cavidades nasais e estruturas associadas
O desenvolvimento dos seios paranasais ocorre a partir da cápsula cartilaginosa nasal, com padrões de crescimento únicos e variáveis. Os processos palatinos, originados do mesênquima maxilar lateral, crescem medialmente, fundindo-se na linha média e com o septo nasal para separar as cavidades nasal e oral na parte anterior. Na parte posterior, essa separação ocorre pela fusão das estruturas, formando o palato mole. Durante o sexto mês de gestação, as fossas nasais se fundem para criar uma única cavidade nasal ectodérmica. A cavidade nasal primitiva se separa da cavidade oral por uma membrana oronasal, que, com o tempo, se dissolve completamente, formando a coana primitiva e permitindo a continuidade entre as cavidades nasal e oral.
O seio maxilar, o primeiro a se desenvolver, surge no terceiro mês de gestação a partir de um sulco raso que se expande da infundíbulo primitivo, localizado posterior ao primeiro etmoturbinal (em desenvolvimento). A cápsula nasal, uma envoltura cartilaginosa que circunda a cavidade nasal, sofre reabsorção, permitindo a expansão do seio maxilar na região do processo maxilar. Esse seio é preenchido por líquido amniótico durante o período pré-natal e começa a aerar logo após o nascimento, usualmente antes dos seis meses de vida. O crescimento da base do seio maxilar continua durante a infância, mas o seio só alcança um desenvolvimento completo com a erupção dos dentes permanentes, por volta da adolescência.
O seio etmoidal começa como uma evaginação da parede nasal lateral no terceiro mês de gestação. A bula etmoidal, origem das células etmoidais anteriores, desenvolve-se antes das células posteriores, que surgem da parte posterior do infundíbulo, entre a 16ª e a 20ª semana de gestação. As células etmoidais anteriores drenan para o meato médio, enquanto as células posteriores o fazem para o meato superior, explicando a diferença nos caminhos de drenagem. É comum observar células etmoidais anteriores aeradas ao nascimento, enquanto as posteriores geralmente permanecem opacas nesse estágio. O crescimento acelerado dessas células ocorre até os 12 anos de idade.
Os seios frontal e esfenoidal possuem um desenvolvimento distinto. O seio frontal surge no quarto mês de gestação e é o último a se formar entre os seios paranasais. Inicialmente, ele é indistinguível da complexa rede anterior etmoidal, com as primeiras cavidades do osso frontal começando a se pneumonizar ao fim do primeiro ano de vida. As cavidades nasais e o osso frontal, no entanto, não são completamente desenvolvidos até o 12º ano, quando os seios frontais se tornam mais evidentes. A assimetria entre os seios frontais ocorre devido ao seu desenvolvimento independente de cada lado, refletindo em características anatômicas individuais.
O seio esfenoidal segue um padrão de desenvolvimento distinto. Ao contrário dos outros seios, ele não se origina da parede lateral nasal, mas de uma evaginação posterior dentro da cápsula nasal embrionária. A pneumonização do seio esfenoidal é detectável entre os 3 e 5 anos, embora em alguns casos possa ocorrer até no nascimento. O processo de crescimento continua de forma progressiva, com a extensão inferior e posterior do seio até a fossa pterigoidea aos 6-7 anos, alcançando a sela turca por volta dos 7-8 anos, e os processos clinoides anteriores entre os 8 e 12 anos.
A anatomia do nariz pode ser dividida entre a parte externa e a cavidade nasal interna. O nariz externo, que forma uma estrutura piramidal na linha média da face, é sustentado por um esqueleto ósseo e uma estrutura cartilaginosa. O esqueleto ósseo é composto pelos ossos nasais, pelos processos frontais das maxilas (lateralmente) e pela porção nasal do osso frontal (superiormente). A estrutura cartilaginosa inclui o septo, as cartilagens laterais superiores e inferiores, e as cartilagens acessórias menores.
A cavidade nasal interna, por sua vez, é delimitada por uma parede medial (o septo nasal), formada por uma placa perpendicular e o vômer. O septo nasal divide a cavidade nasal em duas metades, direita e esquerda, e a parte posterior da cavidade nasal se abre na nasofaringe através das coanas. O teto da cavidade nasal é composto pela parte inferior das cartilagens laterais superiores e pelos ossos nasais, enquanto a base da cavidade é formada pelos processos palatinos das maxilas.
Além dos aspectos anatômicos essenciais, é importante compreender que o desenvolvimento dos seios paranasais é um processo contínuo e complexo, sendo influenciado por fatores genéticos e ambientais. Essa evolução reflete não apenas o crescimento físico da face e da cavidade nasal, mas também uma adaptação funcional às necessidades respiratórias e de drenagem do sistema. A compreensão detalhada desse processo de desenvolvimento, juntamente com o estudo das interações entre as estruturas nasais e paranasais, fornece uma base crucial para a compreensão de várias condições clínicas relacionadas a distúrbios nasais e dos seios paranasais.
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