A terapia aquática para cães tem ganhado destaque, especialmente como um recurso eficaz para reabilitação de lesões, melhoria do condicionamento físico e tratamento de diversas condições clínicas. As propriedades da água, tais como a flutuabilidade, densidade relativa, viscosidade, pressão hidrostática, entre outras, desempenham um papel fundamental no sucesso dessa abordagem terapêutica. Compreender como essas propriedades interagem com o corpo canino permite que os profissionais adaptem os tratamentos de forma mais eficaz para cada animal, considerando suas condições individuais.
A flutuabilidade é uma das características mais importantes quando se fala em terapia aquática. A água exerce uma força para cima, que contrabalança a gravidade, reduzindo o peso sobre as articulações imersas. Essa característica pode ser particularmente útil para cães com lesões nas articulações ou problemas musculares, permitindo que eles realizem exercícios que seriam difíceis ou dolorosos em terra. O conceito de flutuabilidade é fundamentado na Lei de Arquimedes, que estabelece que um corpo submerso em um fluido sofre uma força de empuxo igual ao peso do fluido deslocado. Quanto mais profundo for o corpo na água, menor será o impacto das forças de compressão sobre as articulações, o que possibilita uma amplitude maior de movimento e menor dor para o animal.
Outro fator crucial é a densidade relativa da água, que determina o quanto um objeto pode flutuar ou afundar. A densidade da água é 1, enquanto que a gordura tem uma densidade de 0,8, o que significa que cães com maior percentual de gordura tendem a flutuar mais facilmente. Por outro lado, cães mais musculosos ou com ossos densos podem experimentar mais dificuldades para se manterem na superfície da água. Em casos de osteoporose, onde a densidade óssea é reduzida, os cães tendem a flutuar mais facilmente, o que deve ser levado em conta ao planejar sessões de hidroterapia.
A viscosidade da água também é um fator determinante. A água cria resistência ao movimento, tornando qualquer exercício mais desafiador do que em terra. Essa resistência natural é benéfica, pois aumenta a força muscular e a resistência cardiovascular do animal. Quando o cão realiza movimentos na água, ele precisa superar essa resistência, o que estimula os músculos a trabalharem de forma mais eficaz. Em águas mais quentes, a viscosidade diminui, tornando os movimentos mais fáceis para cães com fraqueza muscular. Além disso, a viscosidade também contribui para a estabilidade das articulações, o que pode ser crucial para cães com problemas de coordenação ou instabilidade articular.
A pressão hidrostática da água é outro aspecto relevante. A pressão que a água exerce sobre o corpo do cão aumenta conforme a profundidade do submerso aumenta. Isso não só facilita a drenagem do linfático e reduz o edema, mas também promove a cicatrização, o alívio da dor e a melhora na circulação sanguínea. Esse tipo de pressão exerce um efeito positivo no sistema cardiovascular e respiratório, facilitando a respiração e promovendo um aumento no volume urinário após a natação. Cães com problemas de circulação podem se beneficiar bastante dessa propriedade, já que a pressão hidrostática promove o retorno venoso e reduz o acúmulo de líquidos nas extremidades.
Entretanto, como qualquer terapia, a hidroterapia tem suas contraindicações. Não é indicada para cães com feridas abertas, doenças gastrointestinais ativas, febre, infecções ou doenças cardíacas graves, entre outras condições. Em casos de problemas respiratórios, problemas dermatológicos ou epilepsia, a terapia aquática deve ser realizada com cautela, sempre sob orientação veterinária especializada. Além disso, o risco de quedas durante o processo de entrada e saída da água deve ser minimizado, especialmente em ambientes com pisos escorregadios.
A utilização de coletes de flutuação e outros dispositivos de apoio, como coletes e flutuadores, pode ser necessária em fases iniciais da reabilitação, especialmente para cães com dificuldades motoras ou que sofreram lesões mais graves. Esses dispositivos ajudam a manter a posição do animal na água e a evitar movimentos indesejados que poderiam agravar a condição do cão.
Por fim, é importante destacar que a terapia aquática não se limita à recuperação de lesões físicas. Ela também oferece benefícios substanciais para o bem-estar geral do animal, melhorando a flexibilidade, a coordenação motora, o equilíbrio e a percepção corporal. Para cães com condições como osteoartrite, os efeitos da natação podem ser surpreendentes, com redução da dor e melhora da funcionalidade, conforme evidenciado por estudos que indicam melhoras significativas em parâmetros clínicos e biomarcadores no decorrer do tratamento.
A água, ao mesmo tempo que oferece resistência, permite a recuperação muscular sem sobrecarregar as articulações, fazendo dela uma ferramenta indispensável na fisioterapia para cães. No entanto, é essencial lembrar que, como qualquer forma de terapia, a abordagem deve ser personalizada, levando em consideração as necessidades, limitações e condições de cada paciente.
Como Testes de Reflexos e Reações Posturais Influenciam o Planejamento de Reabilitação Canina
Os testes de reflexos e reações posturais avaliam a presença, ausência e qualidade das respostas motoras aos estímulos que provocam o reflexo ou a reação. Embora esses testes tenham menos importância clínica para fins diagnósticos, eles são cruciais para a definição do foco e direção no desenvolvimento do plano de cuidado neurorehabilitacional. A presença de hiporreflexia, hiperreflexia, clônus e arreflexia pode indicar a existência de um tom anormal que pode dificultar a capacidade do paciente de assumir, manter e transitar por posturas e movimentos de forma eficiente e normal. Essas alterações podem se tornar ainda mais evidentes durante os testes de reações posturais do que em avaliações mais sutis de marcha ou mobilidade funcional.
Reações posturais neurológicas, como dança, carrocinha, hemi-caminhada e saltos, podem ser testadas periodicamente durante o período de reabilitação para avaliar o progresso ou regressão da recuperação do paciente. Por exemplo, um paciente pode parecer andar de forma independente, sem desvios observáveis nas atividades de mobilidade funcional, mas pode ter dificuldades em posicionar corretamente as patas de maneira oportuna durante os testes de salto. À medida que a reabilitação avança, a qualidade da reação ao salto tende a melhorar, refletindo a melhoria na qualidade e eficiência da marcha. Portanto, a evolução nos testes de reação postural pode ser utilizada como uma meta de reabilitação, ou como pré-teste e pós-teste de sucesso em uma única sessão ou ao longo do episódio de cuidado.
Menos frequentemente, mas ainda relevante para o clínico, é a presença de reflexos primitivos, como o reflexo tônico assimétrico do pescoço (ATNR) ou o reflexo tônico labiríntico (TLR). Em um sistema nervoso maduro e íntegro, a influência desses reflexos sobre o tom neuromuscular é negligenciável, sendo geralmente inibida. No entanto, após uma lesão no sistema nervoso central (SNC), a influência desses reflexos sobre o tom pode se tornar mais evidente. Em alguns casos, o tom resultante da influência desses reflexos primitivos pode ser usado como uma ferramenta durante a sessão de reabilitação, permitindo aumentar ou diminuir o tom (i.e., normalizar) para melhorar a resposta ou a qualidade do movimento durante o exercício terapêutico. Testes de retirada, reflexo extensor cruzado e testes para avaliar a presença de resposta à dor superficial ou profunda podem ajudar o clínico a avaliar a recuperação do paciente e a definir estratégias de tratamento, traduzindo movimentos reflexivos em movimentos ativos por meio de técnicas de neurofacilitação.
Os pacientes neurológicos podem apresentar alterações no tom neuromuscular, como hipertonicidade, hipotonemia, distonia, espasticidade, rigidez ou flacidez, refletindo a entrada do SNC. A avaliação do tom deve ser realizada de maneira passiva. No entanto, a influência do tom é observada tanto dinamicamente durante movimentos funcionais ativos e na marcha, quanto estaticamente quando o paciente assume e mantém uma postura. Por exemplo, um cão com hipertonicidade nos músculos quadríceps e adutores pode apresentar um movimento de escissor ou cruzamento ao caminhar e sentar com os joelhos estendidos e a pelve rotacionada caudalmente.
Embora o teste manual de força muscular tenha sido considerado confiável para pacientes caninos, a validade desse método ainda não foi comprovada. Mesmo assim, no contexto da reabilitação neurológica canina (CNR), o teste manual tradicional de força muscular, que mede a produção de torque muscular, não é um parâmetro confiável, devido à influência variável do tom neuromuscular e à subjetividade da escala de avaliação. Nesse sentido, o clínico pode apenas comentar sobre a qualidade aparente da contração muscular, controle motor (i.e., coordenação e graduação das contrações musculares excêntricas e concêntricas) e o tom dos grupos musculares por meio da observação da mobilidade funcional ou da resposta ao manuseio. É importante destacar que os grupos musculares mais relevantes para a reabilitação são os antigravitacionais ou aqueles responsáveis por mover o corpo contra a força da gravidade ou por manter uma posição ereta.
Além disso, uma alternativa válida é o registro de medições do perímetro muscular ou o uso de escalas de condição muscular para documentar a presença de atrofia muscular ou desenvolvimento muscular assimétrico. A capacidade de assumir, manter e transitar entre posturas, incluindo a posição esternal e lateral, sentar e ficar de pé, é avaliada durante a sessão inicial de reabilitação. As estratégias biomecânicas e compensatórias adotadas pelo paciente para realizar essas atividades são observadas, especialmente se o paciente apresentar assimetrias ou preferências diferentes das normas previstas para seu porte ou conformação. Em CNR, é fundamental considerar as posturas necessárias para as atividades da vida diária (AVD), como comer, beber, urinar e defecar. Comportamentos como comer ou beber rapidamente, hesitação ao levantar uma pata ao urinar (principalmente se isso for diferente do estado pré-lesão) ou a tendência a mover-se ao invés de manter uma postura estática ao defecar podem indicar problemas subjacentes, como dor, limitações na amplitude de movimento, flexibilidade, mobilidade articular, força reduzida, controle motor comprometido ou desequilíbrio.
Os pacientes de CNR frequentemente dependem de compensações para a mobilidade. Por exemplo, cães com paraplegia muitas vezes utilizam a cintura escapular para iniciar o movimento e manter posturas funcionais. Esse deslocamento do peso cranial altera a postura espinhal, o suporte de peso e a biomecânica de todo o corpo, aumentando o risco de lesões. Para mitigar esse risco e apoiar a reabilitação segura das posturas e movimentos normais, é essencial considerar dispositivos de apoio ou auxiliares, como suporte manual, cintos, arnês, cadeiras de rodas e outros dispositivos adaptativos.
Em cada posição, o equilíbrio é avaliado tanto estaticamente quanto dinamicamente. A graduação do equilíbrio descreve com mais precisão a capacidade do paciente de manter diversas posturas e posições, e é um parâmetro importante para prescrever e progredir as intervenções ativas de CNR. O exame de mobilidade funcional, incluindo as transições entre posturas específicas, é realizado com base na capacidade do paciente (com ou sem auxílio ou acomodação), simetria no suporte de peso e qualidade e coordenação dos padrões de ativação muscular.
Como a Polarização e a Difusão Rotacional Influenciam as Propriedades da Fluorescência
Como a Engenharia de Membranas Celulares Pode Revolucionar a Terapia contra Doenças Infecciosas?
Avanços no Suporte Extracorpóreo à Vida: O Uso do ECMO no Tratamento de Doenças Cardíacas e Pulmonares Crônicas
Europa: A Lua de Júpiter e Seus Mistérios Subaquáticos

Deutsch
Francais
Nederlands
Svenska
Norsk
Dansk
Suomi
Espanol
Italiano
Portugues
Magyar
Polski
Cestina
Русский