Ervas como a borragem, cebolinha, costmary e artemísia são plantas que não só embelezam o jardim, mas também desempenham funções importantes tanto na culinária quanto na medicina tradicional. O cultivo dessas ervas é fácil e suas características tornam-nas ideais para jardins de todos os tamanhos. A boragem, por exemplo, é uma planta anual de rápido crescimento, que atinge cerca de trinta e cinco centímetros de altura. Ela floresce com flores azuis encantadoras, formando uma exibição exuberante quando plantada em grupo. Além de ser um espetáculo para os olhos, a borragem é uma excelente companhia para ervilhas e feijões, contribuindo para a harmonização do jardim. Ela também tem um sabor refrescante e levemente salgado, ideal para temperar saladas ou fazer infusões.

As cebolinhas (Allium schoenoprasum), por outro lado, são um dos pilares dos jardins de ervas. Suas hastes cilíndricas e flores lilases formam uma exibição arrojada, e a planta é altamente resistente ao frio. É uma erva perene que se desenvolve facilmente em solos que não secam, e sua flor, que surge na primavera, deve ser cortada logo após a floração para não comprometer o vigor da planta. Além de seu uso culinário, a cebola é uma planta com propriedades digestivas, podendo ser usada em infusões ou como tempero fresco.

Costmary, uma planta que cresce espontaneamente nas bordas de pomares e antigas fazendas, é uma erva de sabor suave e agradável, conhecida na região de Maine como "Sweet Tongue". Essa planta perene se espalha através de raízes correntes e é caracterizada por folhas alongadas e brancas. Embora suas flores sejam pouco expressivas, a fragrância das folhas é marcante e sua infusão tem um sabor amargo que pode ser utilizado para fins medicinais. O nome "Costmary" deriva do grego e significa "Bálsamo de Maria", refletindo sua longa história de uso medicinal. Costmary é uma planta discreta, ideal para jardins que buscam uma atmosfera rústica e tranquila.

Artemísia, conhecida como "Lad's Love", é outra planta que possui grande apelo tanto para seu valor ornamental quanto para suas propriedades terapêuticas. Embora seja um arbusto perene, a artemísia é resistente e cresce bem mesmo sob condições climáticas adversas. Suas folhas finamente divididas e o aroma forte de resina fazem dela uma planta útil no combate a pragas, como traças, e sua presença no jardim também remete à tradição e ao simbolismo. O nome "Lad’s Love" tem origens no grego clássico e transmite uma sensação de antiquidade e conexão com o passado.

Santolina, uma planta que os romanos chamavam de "Ground Cypress", também merece destaque em jardins decorativos. Sua forma compacta e folhas prateadas fazem dela uma planta visualmente interessante, apesar de seu nome moderno, "Lavender Cotton", ser um tanto irrelevante para suas características originais. A santolina é uma planta perene que cresce bem em solos bem drenados e quentes, sem grandes exigências quanto à manutenção. Sua fragrância suave lembra a do tanásio e é usada em jardins formais ou para dar destaque a bordas de canteiros.

Cerinthe, também conhecida como "Honeywort", é uma planta que talvez seja desconhecida para muitos jardineiros. Seu nome deriva de uma cidade da Beócia, na Grécia, onde a planta cresce abundantemente. A cerinthe é uma planta perene que possui flores pequenas e em forma de campânula, de cor amarela, com folhas alternadas e manchadas. Ela cresce bem em solos férteis e necessita de uma boa dose de sol. É uma planta que cresce vigorosamente, atingindo uma altura de cerca de trinta e cinco centímetros, e sua beleza exótica pode ser um toque especial em um jardim repleto de flores de tons mais vibrantes, como violeta e roxo.

Wormwood, ou absinto, é talvez uma das ervas mais emblemáticas e históricas mencionadas. Seu nome remete tanto ao seu uso medicinal como ao seu simbolismo. A planta tem uma longa tradição de uso como tônico e, como ingrediente principal do licor absinto, continua a ser popular em muitas culturas. No entanto, sua presença no jardim deve ser tratada com cautela, pois, embora seja resistente e de fácil cultivo, as lesmas frequentemente a consomem avidamente. A absinto é uma planta perene que cresce até três metros de altura e suas folhas prateadas e aromáticas são indicadas para jardins onde seu aroma amargo possa ser apreciado sem ser excessivamente invasivo.

Cultivar essas ervas em seu jardim oferece muito mais do que apenas um espaço bonito. Elas trazem consigo histórias de séculos de uso na medicina popular, oferecem sabores exclusivos para pratos culinários e, muitas vezes, possuem propriedades terapêuticas que podem ser aproveitadas em infusões, chás ou até mesmo como remédios naturais. Além disso, muitas dessas plantas são perenes, o que significa que seu cuidado contínuo oferece uma sensação de continuidade e conexão com a natureza ao longo do ano.

É importante lembrar que o cultivo dessas ervas exige atenção às necessidades específicas de cada uma, como a quantidade de luz, o tipo de solo e a irrigação. A boragem, por exemplo, precisa de um solo bem drenado e bastante luz, enquanto as cebolinhas podem tolerar um pouco de sombra. A artemísia e a santolina, por sua vez, preferem sol pleno e solos bem drenados, e ambas têm resistência à seca. Embora essas plantas sejam robustas, seu cuidado adequado garantirá uma colheita abundante e uma exibição floral duradoura.

Quais são as ervas que podemos cultivar e seu valor histórico e medicinal?

A Artemísia Romana (Artemisia Pontica) é frequentemente vista em jardins antigos, destacando-se como uma planta vigorosa, de crescimento expansivo, com folhas de tom cinza-esverdeado. Ela merece um espaço exclusivo, já que sua natureza invasiva pode comprometer outras plantas se não for bem delimitada. Já o Estragão (Artemisia Dracunculus), embora seja a única Artemísia com folhas simples, deve ser escolhido com cuidado, pois plantas com folhas divididas, muitas vezes oferecidas por comerciantes, são o "falso estragão". Esta erva de folhas simples, que cresce de maneira modesta, pode não ser imponente, mas é uma adição valiosa para quem aprecia seu sabor, especialmente em culinária. Sendo uma planta perene sensível ao frio, o estragão não produz sementes no Norte, sendo propagado por estacas.

O Sweet Woodruff (Asperula Odorata) é uma planta ideal para áreas sombreadas. Com seu porte baixo, ela exibe folhas verdes frescas e flores brancas que se arranjam em círculos ao redor dos caules. É uma planta muito apreciada na Alemanha, onde suas flores secas perfumam o ambiente, lembrando o cheiro de feno recém-cortado. A planta é uma perene confiável e, quando seca e amadurecida, é frequentemente usada como chá pelos ciganos, devido ao seu aroma calmante.

A Valeriana é uma planta que engloba duas espécies diferentes. A Valeriana officinalis, com suas folhas pinnadas e flores lilás claras, é uma planta resistente e duradoura, embora sua tendência a se espalhar possa torná-la menos adequada para jardins mais organizados. No entanto, ela pode ser utilizada em áreas menos frequentadas, criando uma divisão natural entre o jardim e a vegetação selvagem. Por outro lado, a Valeriana vermelha (Centranthus ruber), também conhecida como “Pretty Betsy”, é mais ornamental, com suas flores vermelhas e um crescimento modesto. Ambas as Valerianas possuem um vínculo com as tradições antigas, com a primeira sendo associada a propriedades medicinais e a segunda a práticas decorativas.

Existem também outras ervas de grande valor histórico e medicinal, como a Agrimônia (Agrimonia Eupatoria), uma planta rústica cujas flores amarelas formam espigas alongadas. Esta erva, conhecida por sua reputação medieval de ser uma panaceia, é ideal para compor jardins que buscam uma estética mais simples, além de ser usada em chás. Outro exemplo é a Althea (Althea Officinalis), a famosa “Malva” dos remédios antigos, que cresce bem em solos úmidos e oferece flores delicadas de tom roxo ou azul. Sua história remonta à medicina tradicional, sendo fácil de cultivar e indicada para jardins que desejam adicionar cor e utilidade.

A Angélica (Angelica Officinalis) é uma planta robusta, com flores em formato de guarda-chuva e folhas semelhantes às do aipo. Ela é uma bienal, com um ciclo de vida que pode ser desafiador se não se tomar cuidado com a sementeira, mas sua presença é valiosa no jardim. A Baía (Myrica Carolinensis) é uma planta nativa muitas vezes negligenciada, mas que oferece um aroma similar ao da verdadeira folha de louro, sendo útil tanto para fins estéticos quanto medicinais. Por fim, o Bálsamo de abelha (Monarda didyma), conhecido por suas flores vermelhas e sua resistência, é uma planta aromática popular, especialmente nos jardins americanos.

Ervas como a Camomila (Anthemis Nobilis) e a Comfreia (Symphytum Officinale) também são indispensáveis. A Camomila, com suas pequenas flores brancas e folhagem delicada, é usada amplamente para fazer tisanas calmantes, enquanto a Comfreia, conhecida como "raiz do conforto" em algumas regiões, tem uma longa tradição no uso medicinal, especialmente para problemas articulares.

O Elecampane (Inula Helenium) é uma planta mais robusta, com flores grandes e folhas de bordas irregulares, bastante resistente e capaz de prosperar em diversas condições. Sua história remonta às antigas civilizações que a utilizavam no tratamento de doenças respiratórias. O Funcho (Foeniculum Officinale), com suas folhas finas e flores amarelas, é uma planta perene que também tem um lugar importante em muitas tradições culinárias e medicinais.

É importante ressaltar que o cultivo dessas ervas vai além da simples utilização na culinária ou na medicina popular. Muitas delas carregam consigo histórias, mitos e simbolismos que remontam a tempos antigos. Ervas como a Angélica e a Valeriana, por exemplo, têm uma longa associação com rituais de proteção e cura. Na antiguidade, acreditava-se que a Valeriana, devido às suas propriedades sedativas, tinha o poder de afastar espíritos malignos e ajudar a enfrentar a escuridão, sendo colocada sob os travesseiros para garantir uma boa noite de sono.

A jardinagem com essas plantas não é apenas uma questão de estética ou funcionalidade, mas também uma oportunidade de conectar-se com a rica herança cultural e medicinal que elas representam. Para aqueles que desejam cultivar essas ervas, é essencial considerar o clima e as condições do solo de sua região, já que algumas são mais exigentes que outras. Além disso, entender os métodos de propagação, seja por sementes, estacas ou divisão, é crucial para garantir o sucesso do cultivo.

Como Criar um Jardim de Ervas: Considerações Essenciais para o Sucesso

Quando se fala sobre o cultivo de um jardim de ervas, o primeiro aspecto a ser considerado é o solo. A expressão "solo de jardim de boa qualidade" é de uma clareza deliberadamente vaga, mas o jardineiro experiente entende bem o que significa: um solo com uma camada razoavelmente profunda e trabalhável de terra arável, um subsolo que favoreça o drenagem e, acima de tudo, aquela vitalidade que não pode ser capturada pelos símbolos da química ou pelas fórmulas de explicações científicas. Não existe solo ideal que atenda a todas as plantas, a não ser aquele que talvez tenhamos deixado para trás no primeiro jardim criado pela humanidade. A realidade é que temos que trabalhar com o que encontramos, e a maioria das ervas não é exigente, como viajantes experientes que se adaptam a diferentes condições. Plantas com uma longa história de cultivo e uma ampla distribuição por todo o mundo não demandam cuidados excessivos, sendo capazes de prosperar mesmo em solos que não são perfeitos.

Muitos livros e panfletos abordam os aspectos fundamentais do cultivo de um jardim: desde a preparação de canteiros e bordas, até a escolha de compostos e fertilizantes. Não é necessário aqui entrar nesses detalhes elementares. Os jardineiros experientes possuem suas próprias crenças, métodos e materiais, muitos dos quais são passados de geração em geração. Um conselho que vale a pena compartilhar com aqueles que buscam preparar um canteiro de ervas de forma mais refinada é a prática do século XVIII de colocar no fundo de um trench bem escavado um colchão de galhos ou arbustos antes de substituir o solo enriquecido. Esta antiga prática melhora a drenagem e permite que as raízes profundas encontrem seu caminho no solo, sendo especialmente útil em solos pesados e pegajosos.

Com solos que já são naturalmente bons, uma limpeza adequada no outono e a aplicação de um adubo orgânico envelhecido são suficientes. Também é uma boa prática adicionar cinzas de madeira e uma camada leve de composto no início da primavera. No entanto, solos muito ricos podem ser problemáticos. Um solo excessivamente fértil pode gerar caules frágeis e suscetíveis ao mofo, além de estimular o crescimento excessivo em detrimento das flores, o que ocorre com muitas plantas. Algumas plantas, porém, se beneficiam de solos ricos, enquanto outras, por outro lado, sofrem e estagnam.

Ao planejar o layout das ervas no jardim, é aconselhável ter pelo menos dois tipos de bordas: uma com exposição direta ao sul e outra voltada para o leste, ou ligeiramente ao sul do leste. Esse arranjo permite que você ajuste a quantidade de luz solar que cada planta recebe, dependendo das necessidades individuais de cada espécie. Algumas plantas, especialmente as europeias, podem sofrer em jardins americanos, onde o sol é mais intenso. As plantas do sul da Europa e da região mediterrânea, por exemplo, podem parecer murchas e debilitadas sob a luz intensa do sol norte-americano, especialmente quando plantadas contra uma parede voltada para o oeste ou sudoeste. Para elas, o que realmente importa não é tanto a sombra, mas uma redução nas horas de exposição à luz intensa.

Por isso, a prática de ter bordas com exposições variadas é extremamente eficaz, pois permite controlar a quantidade de sol que cada planta recebe. Embora eu tenha algumas plantas (não ervas) que toleram bem a luz intensa da tarde, gosto de garantir que as ervas fiquem completamente sombreadas no final da tarde, pois é quando já receberam o suficiente de sol. Sob essa abordagem, minhas ervas prosperam. O tomilho, por exemplo, recebe a maior parte do sol, mas a lavanda não é exposta o dia inteiro, o que favorece seu crescimento. No entanto, o problema não é apenas a duração da exposição ao sol, mas o tipo de luz que as plantas recebem. Muitas plantas preferem luz suavizada, o que pode ser conseguido com sombras quebradas, em vez de sombras pesadas e uniformes de paredes ou árvores densas.

Ao considerar a irrigação das plantas, é importante ter em mente que o clima e as condições locais são determinantes. Um bom jardineiro sabe quando e quanto regar, de acordo com as necessidades da terra. Regar à noite, antes de dormir, pode ser uma excelente prática, especialmente durante períodos de calor intenso, quando o solo seca rapidamente. Regar com água da chuva, armazenada em barris de chuva, é altamente benéfico para as plantas, especialmente aquelas em fase de crescimento. Ao regar, é fundamental não pensar apenas nas plantas, mas no solo sob elas, mantendo a umidade necessária. Como regra geral, a rega não deve ser excessiva; em alguns períodos, uma boa imersão ocasional pode ser o suficiente.

Na América, é comum não se fazer uso adequado de cobertura morta durante os meses de calor extremo. Isso ajuda a manter a umidade do solo e a proteger as raízes das plantas do calor direto. Outro ponto crucial é que se deve ter atenção especial ao tipo de planta que se está cultivando. Ervas mediterrâneas, por exemplo, não são verdadeiramente "plantas de regiões secas" e, em condições extremamente secas, como as do nordeste dos Estados Unidos, não prosperam tão bem. Mesmo sendo nativas de climas quentes, elas precisam de uma rega regular e um ambiente que as proteja da intensidade do sol durante as horas mais críticas. Já as plantas como a hortelã, por sua vez, são mais tolerantes à rega e podem suportar maior quantidade de água, além de precisarem de uma boa quantidade de luz solar para florescer adequadamente.

Ao cultivar ervas no jardim, é essencial ter em mente que cada tipo de planta possui exigências distintas de luz, água e espaço. O conhecimento dessas necessidades e a capacidade de atender a elas de maneira cuidadosa e atenta são a chave para o sucesso do jardim. Além disso, criar um espaço dedicado a novas plantas e experiências, como um jardim de extensão para raízes e novas variedades, pode ser um excelente meio de testar e ajustar o cultivo de novas espécies.