A tarefa de estabilizar um sistema dinâmico é um dos desafios fundamentais na teoria de controle. Em sistemas que não têm acesso direto ao estado completo, como muitos sistemas reais, torna-se essencial entender as condições necessárias para a estabilização usando apenas a saída do sistema. O uso de retroalimentação de saída é uma abordagem estratégica, especialmente em sistemas uniformemente observáveis, nos quais é possível reconstruir o estado do sistema a partir de suas saídas e entradas.

No contexto de sistemas dinâmicos, a variável medida (que podemos assumir que coincide com a saída yy do sistema) é crucial para entender o comportamento do sistema. A dificuldade de estabilizar um sistema depende da capacidade de rastrear o estado do sistema quando apenas medições da entrada e da saída estão disponíveis. Para que isso seja possível, o sistema precisa possuir propriedades adequadas de "observabilidade". Ou seja, é necessário que o sistema permita a reconstrução do estado a partir das medições, o que é possível somente sob certas condições.

Consideremos um sistema representado por uma equação dinâmica, e definamos uma sequência de mapeamentos que busquem modelar a evolução do sistema. Se, em algum ponto específico (x0,v0)(x_0, v_0), a condição de posto (rank condition) for satisfeita, isto é, rank(dh(x0,v0))=n\text{rank}(d h(x_0, v_0)) = n, o Teorema da Função Implícita garante que existe uma vizinhança do ponto inicial, na qual podemos reconstruir o estado x(t)x(t) do sistema a partir de um número finito de derivadas das medições de saída e entrada.

Em termos práticos, isso significa que, se a condição de posto for mantida, podemos expressar o estado x(t)x(t) em termos das primeiras derivadas da saída y(t)y(t) e das entradas u(t)u(t) até um certo número de ordens. Isso nos permite, dentro de uma vizinhança temporal, reconstruir o comportamento do sistema com base apenas nas medições de entrada e saída, o que é um avanço importante para sistemas sem observadores completos.

Porém, a propriedade de "observabilidade" apenas garante a reconstrução local do estado do sistema. Para que o estado possa ser reconstruído globalmente, ou seja, em toda a linha do tempo do sistema, é necessário que o sistema seja uniformemente observável. Isso implica duas condições essenciais: primeiro, o mapeamento H:RnRnH: \mathbb{R}^n \to \mathbb{R}^n deve ser um difeomorfismo global, o que garante que o sistema pode ser descrito de forma única em termos de suas saídas e entradas. Segundo, a condição de posto deve ser satisfeita para qualquer par de estados (x,v)(x, v). Se estas condições forem cumpridas, é possível garantir que o sistema será uniformemente observável, e o mapeamento que reconstruímos para determinar x(t)x(t) será globalmente válido.

Este conceito é ilustrado no trabalho de Teel e Praly, que abordaram a estabilização semiglobal de sistemas através de retroalimentação de saída. Se um sistema é uniformemente observável e se o equilíbrio x=0x = 0 do sistema é globalmente estabilizável por meio de uma lei de retroalimentação de estado, então o sistema pode ser estabilizado semiglobalmente por retroalimentação dinâmica de saída. Especificamente, ao usar um feedback dinâmico, a saída do sistema y(t)y(t) pode ser relacionada à evolução do estado x(t)x(t), o que permite a estabilização do sistema mesmo sem a medição direta de xx.

No caso de sistemas com retroalimentação de saída, a complexidade da dinâmica do sistema exige que a entrada u(t)u(t) seja expressa como uma função da saída e de suas derivadas. Para sistemas uniformemente observáveis, a reconstrução do estado x(t)x(t) pode ser feita de maneira eficiente, utilizando as derivadas de ordem superior de y(t)y(t) e as entradas u(t)u(t). A lei de retroalimentação dinâmica proposta nesse contexto pode ser formulada como uma função de y(t)y(t) e suas derivadas, o que garante que a evolução do sistema seja estabilizada sem necessidade do estado completo x(t)x(t) ser medido diretamente.

A importância da observabilidade global não pode ser subestimada, pois sem ela, a estabilização semiglobal por retroalimentação de saída seria limitada a apenas uma área local de operação do sistema. Assim, sistemas que satisfazem as condições de uniformidade na observabilidade têm vantagens claras em cenários onde o acesso ao estado completo não é possível.

Ao projetar sistemas de controle, é crucial entender que a observabilidade é a chave para determinar se uma retroalimentação de saída pode ser usada com sucesso para estabilizar o sistema de forma global. A retroalimentação de saída, quando implementada corretamente em sistemas uniformemente observáveis, oferece uma poderosa ferramenta para controlar sistemas complexos sem a necessidade de medições diretas do estado.

Como garantir a propriedade das variedades integrais máximas em distribuições involutivas?

A análise das distribuições involutivas e suas propriedades fundamentais está no cerne da teoria de sistemas de controle e geometria diferencial. Um dos resultados mais importantes nesse campo é o teorema de Sussmann, que estabelece condições essenciais para que uma distribuição tenha a propriedade de variedade integral máxima. Vamos explorar as condições envolvidas e como elas se aplicam na prática.

De acordo com o enunciado do Teorema 2.1.2, para testar se uma distribuição AA é integrável, é necessário verificar que o mapeamento de um campo vetorial tt de AA, ao ser aplicado no ponto pp, mantém a estrutura da distribuição em A(p)A(p), mapeando o subespaço A(p)A(p) para A(φt(p))A(\varphi_t(p)), onde φt(p)\varphi_t(p) é o fluxo gerado pelo campo vetorial tt. Isso implica que a distribuição AA seja involutiva, uma condição necessária para garantir a propriedade das variedades integrais máximas. Contudo, a involutividade por si só não é condição suficiente, como será demonstrado posteriormente.

A condição de involutividade, embora necessária, pode ser mais fácil de testar na prática. Ela envolve apenas o cálculo do colchete de Lie entre os campos vetoriais de AA, enquanto a verificação das condições do Teorema 2.1.3 exige o conhecimento dos fluxos associados a todos os campos vetoriais de um subconjunto TT que gera AA. Isso leva à busca por classes especiais de distribuições nas quais a involutividade se torna uma condição suficiente para a propriedade das variedades integrais máximas.

Uma distribuição AA é gerada localmente de forma finita se, para cada ponto pNp \in N, existe uma vizinhança UU de pp e um conjunto finito de campos vetoriais de AA, denotado por T={T1,T2,,Tk}T = \{T_1, T_2, \dots, T_k\}, tal que qualquer outro campo vetorial de AA pode ser expresso como uma combinação linear desses vetores, com coeficientes suaves definidos em UU. Este tipo de distribuição é útil porque, como será mostrado a seguir, quando AA é gerada por um conjunto finito de campos vetoriais localmente gerados, a involutividade torna-se suficiente para garantir a propriedade das variedades integrais máximas.

Um resultado importante que pode ser derivado do Teorema 2.1.3 é o seguinte: se TT é um conjunto de campos vetoriais involutivos e localmente finitamente gerados, então a distribuição AA tem a propriedade das variedades integrais máximas. Esse resultado simplifica consideravelmente a análise, pois evita a necessidade de examinar todos os fluxos associados a TT, tornando a verificação de involutividade uma condição suficiente em alguns casos específicos.

Além disso, vale destacar que as distribuições não-singulares, aquelas para as quais o conjunto de campos vetoriais geradores não degeneram, possuem a propriedade das variedades integrais máximas se e somente se forem involutivas. Este resultado é crucial, pois implica que qualquer distribuição não-singular involutiva automaticamente possui a estrutura desejada de variedades integrais máximas. O mesmo vale para distribuições analíticas em variedades analíticas reais, onde a existência de um conjunto de campos vetoriais localmente finitamente gerados é garantida, tornando a involutividade uma condição suficiente.

Um ponto importante a ser considerado ao estudar distribuições involutivas é a relação entre as variedades integrais máximas e a interação entre estados e entradas em sistemas de controle. Quando a distribuição associada a um sistema de controle é involutiva e localmente finitamente gerada, a decomposição do espaço de estados em submanifolds integrais máximos garante que cada trajetória de estado seja bem comportada e siga um caminho previsível, dado um controle peça a peça constante. Essa decomposição facilita a análise global do sistema de controle, uma vez que permite identificar trajetórias e comportamentos de estados que estão intimamente ligados à estrutura geométrica da distribuição.

A relação entre as trajetórias e os fluxos associados a distribuições involutivas pode ser entendida de forma mais clara com o auxílio dos resultados anteriores. O Teorema 2.1.9, por exemplo, nos diz que, para qualquer ponto p1p_1 e p2p_2 pertencentes a uma subvariedade integral máxima de AA, as trajetórias originadas desses pontos pertencem à mesma submanifold integral máxima. Esse tipo de resultado é essencial para a modelagem de sistemas dinâmicos e controle, pois proporciona uma base sólida para compreender como as interações de entradas e estados são refletidas na geometria do sistema.

Além disso, outro aspecto relevante para o estudo das distribuições é a noção de máximas submanifolds integrais. O Lemma 2.1.8 nos lembra que, dada uma distribuição com a propriedade das variedades integrais máximas, sempre podemos encontrar trajetórias que conectam dois pontos em uma submanifold integral máxima. Isso é particularmente importante no contexto de controle de sistemas dinâmicos, pois permite modelar a evolução do estado de um sistema a partir de um ponto inicial até outro ponto em uma submanifold integral, sob a ação de controles adequados.

No entanto, apesar da riqueza geométrica proporcionada pelas distribuições involutivas e suas variedades integrais máximas, é importante destacar que, na prática, a definição e verificação dessas condições podem ser desafiadoras. Em sistemas de controle realistas, pode ser difícil determinar a involutividade de maneira explícita sem realizar cálculos detalhados. Além disso, a interação entre diferentes tipos de sistemas e as variações nas condições iniciais podem exigir uma análise mais profunda da estrutura global do sistema, além da simples decomposição em submanifolds integrais.

O que significa a controlabilidade fraca e a decomposição global do espaço de estados em sistemas de controle?

Um sistema de controle é dito fraca e localmente controlável em um conjunto aberto N do espaço de estados se, para todo estado inicial p° pertencente a N, o conjunto de estados alcançáveis a partir de p° sob a ação de funções de entrada por partes constantes contém pelo menos um subconjunto aberto de N. Esta definição, que formaliza a ideia intuitiva de poder mover o sistema "livremente" em uma vizinhança do estado inicial, é fundamental para entender as possibilidades reais de manipulação do sistema mediante controle.

A condição suficiente para que tal controlabilidade fraca ocorra é que a dimensão da distribuição gerada pelos campos de vetores envolvidos no sistema seja máxima, ou seja, igual à dimensão n do espaço de estados, para todo ponto p em N. Se essa distribuição também possui a propriedade de maximalidade das variedades integrais, essa condição se torna necessária. Caso contrário, se a dimensão da distribuição for estritamente menor que n em algum ponto, os estados alcançáveis a partir dele estarão confinados a uma subvariedade de dimensão inferior, o que implica que não haverá controle total em uma vizinhança aberta de N.

No que se refere à observação do sistema, é crucial analisar a interação entre o estado e a saída de maneira global. A construção do espaço de observação envolve o estudo da menor codistribuição que é invariante sob os campos de vetores do sistema e que contém os diferenciais das funções de saída. A anuladora desta codistribuição, quando não singular, é involutiva e possui a propriedade das variedades integrais máximas, o que permite a decomposição global do espaço de estados em subvariedades integrais dessa anuladora.

Essa decomposição tem um significado dinâmico importante: quaisquer dois estados pertencentes à mesma variedade integral máxima da anuladora produzem, sob a mesma entrada por partes constante, trajetórias cujas saídas permanecem idênticas ao longo do tempo. Assim, esses estados são indistinguíveis a partir das observações disponíveis, definindo uma partição natural do espaço de estados em classes de equivalência do ponto de vista observacional.

Além disso, em torno de qualquer ponto do espaço de estados existe um vizinhança onde os pontos indistinguíveis sob as mesmas entradas por partes constantes pertencem a uma fatia integral da variedade máxima que contém esse ponto. Isso reforça a estrutura local e global das propriedades observacionais do sistema.

É importante perceber que essa análise, embora rigorosa, está ancorada em propriedades geométricas das distribuições associadas aos campos vetoriais do sistema e às funções de saída. A involutividade e a não singularidade garantem uma estrutura suave e bem comportada dessas decomposições, o que permite a aplicação dos teoremas de Frobenius para assegurar a existência das variedades integrais máximas.

Compreender essa estrutura geométrica é essencial para avançar no estudo do controle e observação de sistemas dinâmicos, especialmente em sistemas não lineares onde essas propriedades determinam a possibilidade de controle, a capacidade de observação e, consequentemente, a eficácia dos métodos de controle e estimação. Ademais, a distinção entre singularidades e regularidades na distribuição leva a abordagens diferenciadas para o tratamento e análise do sistema, mostrando a complexidade inerente dos sistemas de controle reais.

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Como a Transformação de Coordenadas Afeta a Descrição de Sistemas Dinâmicos

Ao considerar um sistema dinâmico linear descrito por x˙=Ax+Bu\dot{x} = A x + B u, y=Cxy = C x, é possível realizar uma mudança de coordenadas para uma nova descrição do sistema. A transformação pode ser expressa como z=Az+Buz = A z + B u, y=Czy = C z, onde as novas matrizes de transformação são dadas por A=TAT1A = T A T^{ -1}, B=TBB = T B, e C=CT1C = C T^{ -1}. No entanto, quando se lida com sistemas não lineares, a transformação de coordenadas precisa ser abordada de uma forma mais generalizada, ou seja, utilizando mudanças não lineares de coordenadas.

Uma mudança de coordenadas não linear pode ser descrita pela equação z=φ(x)z = \varphi(x), onde φ(x)\varphi(x) é uma função suave com valores em Rn\mathbb{R}^n, ou seja, uma função de nn variáveis reais. Para que essa transformação seja válida e útil, deve satisfazer duas propriedades fundamentais:

  1. Inversibilidade: A função φ(x)\varphi(x) deve ser invertível, ou seja, deve existir uma função φ1(z)\varphi^{ -1}(z) tal que φ(φ1(z))=x\varphi(\varphi^{ -1}(z)) = x para todo xRnx \in \mathbb{R}^n.

  2. Suavidade: Tanto φ(x)\varphi(x) quanto sua inversa φ1(z)\varphi^{ -1}(z) devem ser funções suaves, ou seja, devem ter derivadas parciais contínuas de qualquer ordem.

Essas propriedades garantem que a transformação é uma difeomorfismo global em Rn\mathbb{R}^n. A primeira propriedade assegura que seja possível reverter a transformação e recuperar o vetor de estado original xx a partir da nova coordenada zz, enquanto a segunda propriedade assegura que a nova descrição do sistema nas coordenadas transformadas continue sendo suave, sem descontinuidades ou irregularidades.

Porém, encontrar uma transformação que satisfaça ambas as propriedades para todos os valores de xx pode ser difícil. Em muitos casos, é mais simples buscar uma transformação que seja válida apenas em uma vizinhança de um ponto específico. Essas transformações são chamadas de difeomorfismos locais. Para verificar se uma transformação é um difeomorfismo local, existe um resultado útil baseado na matriz jacobiana de φ(x)\varphi(x).

Proposição 1.2.3: Se φ\varphi é uma função suave definida em um subconjunto UU de Rn\mathbb{R}^n e a matriz jacobiana de φ\varphi é não singular em um ponto x=x0x = x_0, então, em um subconjunto aberto adequado UU' de UU contendo x0x_0, φ(x)\varphi(x) define um difeomorfismo local.

Esse resultado é crucial porque a não singularidade da matriz jacobiana garante que a transformação seja invertível em uma região próxima ao ponto x0x_0, o que possibilita uma análise local do sistema dinâmico em torno desse ponto.

Exemplo 1.2.2: Considere a função φ:R2R2\varphi: \mathbb{R}^2 \to \mathbb{R}^2 dada por:

φ(x1,x2)=(x1,sin(x2))\varphi(x_1, x_2) = \left( x_1, \sin(x_2) \right)

A matriz jacobiana de φ\varphi é dada por:

Jφ(x1,x2)=(100cos(x2))J_{\varphi}(x_1, x_2) = \begin{pmatrix} 1 & 0 \\ 0 & \cos(x_2) \end{pmatrix}

Essa matriz tem posto 2 em x0=(0,0)x_0 = (0, 0), o que garante que a função é um difeomorfismo local em uma vizinhança de x0x_0. Contudo, se expandirmos a região de validade da transformação para além de uma vizinhança de x0x_0, a função perde a propriedade de ser injetora. Isso ocorre porque, para valores de x2x_2 suficientemente grandes, sin(x2)\sin(x_2) se torna periódico, fazendo com que a função não seja mais injetora, e a transformação deixa de ser um difeomorfismo global.

Exemplo 1.2.3: Considere a função φ:R2R2\varphi: \mathbb{R}^2 \to \mathbb{R}^2 dada por:

φ(x1,x2)=(x1,log(x1+1))\varphi(x_1, x_2) = \left( x_1, \log(x_1 + 1) \right)

Esta função é um difeomorfismo local em U={(x1,x2)x1>1}U = \{(x_1, x_2) \mid x_1 > -1 \}, pois sua matriz jacobiana, que é (1001x1+1)\begin{pmatrix} 1 & 0 \\ 0 & \frac{1}{x_1 + 1} \end{pmatrix}, é não singular para x1>1x_1 > -1, garantindo que a transformação seja invertível e suave.

A transformação de coordenadas, seja global ou local, é uma ferramenta fundamental na análise de sistemas dinâmicos, permitindo que o sistema seja descrito em termos de variáveis que podem simplificar ou até resolver as equações que governam o comportamento do sistema. No entanto, a escolha de uma transformação apropriada depende de características específicas do sistema e da região em que se deseja estudar o comportamento dinâmico.

Como o feedback não linear pode linearizar a resposta entrada-saída em sistemas multi-entrada multi-saída?

Em sistemas não lineares multi-entrada multi-saída, o problema da linearização exata da resposta entrada-saída por meio de realimentação é uma questão fundamental que envolve a análise cuidadosa das derivadas de Lie aplicadas às funções que definem o sistema. Considere um sistema controlável por uma função de realimentação suave, descrito por f(x)f(x) e g(x)g(x), e uma saída h(x)h(x). A ideia é construir funções a(x)a(x) e β(x)\beta(x) que, através da realimentação u=a(x)+β(x)vu = a(x) + \beta(x)v, transformem a dinâmica não linear em uma forma linearizada, viabilizando o controle clássico.

A prova da suficiência para a construção dessa realimentação baseia-se na constância em relação ao estado xx das expressões obtidas por meio das derivadas de Lie iteradas, como LgLfkh(x)L_g L_f^k h(x), para vários valores de kk. Essas quantidades, que a princípio dependem do estado, são rigorosamente demonstradas como independentes de xx dentro de um domínio adequado. Essa propriedade é essencial para garantir que a transformação aplicada pelo feedback resulte em um sistema cuja saída pode ser expressa por uma equação diferencial linear, facilitando a análise e o projeto de controladores.

Mais precisamente, para índices kk menores que 2n12n - 1, onde nn é a dimensão do estado, as expressões formadas pelos produtos das matrizes PiP_i e KiK_i, aplicadas às derivadas LgLfkhL_g L_f^k h, são invariantes em relação a xx. Isso é garantido por relações entre as derivadas de Lie, tais como LfihL_f^i h sendo nulas para i>qi > q e por certas propriedades de comutação e identidade matricial envolvidas nas operações. O fato de que a matriz formada por essas expressões é não singular reforça a viabilidade da linearização, assegurando que a transformação inversa do sistema original seja bem definida.

A condição necessária para a existência da realimentação linearizante é dada por uma série formal envolvendo as matrizes Tk(x)T_k(x) e as derivadas de Lie, que, ao serem multiplicadas via produto de Cauchy, devem reconstruir a série associada ao sistema original. Tal condição formaliza que a realimentação construída seja capaz de compensar as não linearidades do sistema, levando à equivalência dinâmica desejada.

O algoritmo estrutural é um procedimento fundamental que permite verificar as condições de linearização e construir explicitamente as funções a(x)a(x) e β(x)\beta(x). Ao analisar a sucessão de matrizes PiP_i e KiK_i associadas ao sistema, o algoritmo determina a regularidade dos pontos de operação e identifica a dimensão do espaço onde o sistema pode ser linearizado exatamente. Caso o sistema não possua grau relativo ou a distribuição gerada pelas entradas não seja involutiva, a linearização por realimentação e mudança de coordenadas pode não ser possível, ilustrando as limitações intrínsecas de certos sistemas não lineares.

Na prática, ao buscar que a resposta entrada-saída de um sistema não linear coincida com a de um modelo linear de referência, torna-se necessário garantir que certas condições de aniquilação da matriz CiBC_i B sejam satisfeitas para índices maiores que um, garantindo que a realimentação linearizante e o controle baseado em erros possam ser implementados. Assim, a construção de sistemas de erro e a resolução do problema de linearização exata para esse sistema auxiliar formam uma estratégia eficaz para projetar controladores robustos.

Além da formalização técnica, é importante compreender que a linearização exata por realimentação não elimina as dinâmicas internas do sistema, conhecidas como dinâmicas zero, que podem influenciar a estabilidade do sistema fechado. O estudo geométrico dessas dinâmicas e das distribuições invariantes controladas oferece uma visão mais profunda da estrutura interna do sistema, essencial para o projeto de controladores que sejam eficazes e seguros.

A compreensão dos conceitos de derivadas de Lie, da estrutura algorítmica para análise e da condição de não singularidade das matrizes envolvidas é crucial para a aplicação prática dessa teoria na engenharia de controle avançado. Além disso, a distinção entre a linearização da resposta entrada-saída e a linearização total do sistema é fundamental para evitar interpretações incorretas e garantir a efetividade do controle projetado.