A modelagem das forças histeréticas, fundamentais em sistemas dinâmicos não lineares, assume um papel crucial na compreensão do comportamento real de materiais e estruturas sujeitos a cargas cíclicas. Uma força restauradora pode ser dividida em uma parte elástica linear proporcional ao deslocamento, representada pela constante α, e uma força histerética z(x, ̇x), que obedece a uma equação diferencial unidimensional complexa. No modelo clássico de Bouc-Wen, esta força histerética ż é expressa por uma equação que combina termos dependentes da velocidade e da força em si, parametrizados por γ, β, n e A, os quais controlam aspectos específicos do ciclo de histerese: a suavidade da curva força-deslocamento, a inclinação geral e a espessura do laço histerético.

O ajuste cuidadoso desses parâmetros permite que o modelo de Bouc-Wen se aproxime com precisão do comportamento observado em sistemas reais, fornecendo uma ferramenta flexível para a análise dinâmica. A integração da equação diferencial gera a relação funcional entre z e o deslocamento x, possibilitando a obtenção explícita do comportamento histerético em diferentes condições de carga e direção do movimento.

Outro modelo relevante é o de Duhem, que amplia a flexibilidade ao permitir a assimetria entre os segmentos de subida e descida do ciclo histerético. Nesse modelo, a força restauradora histerética é governada por uma equação diferencial dependente da velocidade, onde g1 e g2 definem as dinâmicas para movimentos ascendentes e descendentes, respectivamente. Assim, o modelo acomoda não apenas a não linearidade elástica — através dos termos k1x e k3x³, representando rigidez linear e não linear — mas também fenômenos de endurecimento e amolecimento da rigidez, como ilustrado pelas variações positivas ou negativas do coeficiente k3.

Além destes, o modelo de Preisach se destaca por sua capacidade de incorporar memória não local e seletiva, capturando comportamentos histeréticos de complexidade superior. Ele representa a força histerética como uma superposição contínua de operadores de relé elementares, cada um com memória local e status binário (+1 ou −1), organizados em um plano triangular chamado plano de Preisach. A evolução do estado do sistema é caracterizada por uma linha em escada que divide o plano em regiões correspondentes aos estados do relé, armazenando informações históricas do sistema não apenas de forma local, mas integrada ao longo do tempo e do histórico de cargas.

O peso dessa contribuição para a força histerética é dado pela função de peso μ(α, β), que define a importância relativa de cada relé no conjunto, permitindo a decomposição espectral da histerese. Para sistemas específicos, como o modelo Iwan-Jenkins, essa função pode ser determinada a partir das curvas de transição de primeira ordem, possibilitando uma descrição analítica detalhada da histerese observada.

Entender esses modelos exige não só familiaridade com as equações diferenciais e integrais que definem as forças histeréticas, mas também uma apreciação profunda da memória e da história acumulada pelo sistema. A não linearidade, a assimetria e a memória seletiva não local são características centrais que distinguem os sistemas reais dos modelos lineares simplificados. O domínio da modelagem histerética permite não apenas a previsão do comportamento em resposta a cargas dinâmicas, mas também o desenvolvimento de estratégias para mitigação de vibrações e falhas em sistemas mecânicos e estruturais.

É importante compreender que a histerese não é um fenômeno meramente dependente do estado atual, mas que carrega consigo a história das variações anteriores do sistema, refletindo fenômenos de dissipação e armazenamento de energia que são intrínsecos à natureza material e estrutural dos sistemas. A abordagem matemática por meio desses modelos possibilita a tradução desse comportamento complexo em ferramentas analíticas e numéricas para simulação e projeto.

Assim, o domínio dessas ferramentas não só amplia a capacidade de análise, mas também aprofunda a compreensão do papel da histerese na resposta dinâmica dos sistemas, o que é essencial para engenheiros e cientistas que lidam com fenômenos de vibração, fadiga e controle estrutural.

Como as Soluções Periódicas e as Técnicas de Averiguação Estocástica em Sistemas Hamiltonianos Quasi-Integráveis Afetam as Equações de Fokker-Planck

A solução periódica em sistemas Hamiltonianos com Hamiltoniano HrH_r leva a uma forma de médio espacial que substitui a média temporal em equações de Fokker-Planck (FPK) como a Eq. (6.156). Ao considerar HrH_r como um Hamiltoniano com soluções periódicas, a média temporal de variáveis, como pp, pode ser substituída por uma média espacial sobre as superfícies constantes de HrH_r. Isso implica que, para tais sistemas, a evolução de pp pode ser descrita em termos de média espacial ao invés de uma simples média temporal.

Na formulação da equação de Fokker-Planck, a função de transição p(h,th0)p(h,t|h_0) é a chave para entender como o sistema evolui ao longo do tempo. A equação descreve a probabilidade de transição do sistema de um estado inicial h0h_0 para um estado hh após um intervalo de tempo tt. Esse tipo de modelagem é particularmente útil quando se trata de sistemas Hamiltonianos cujas soluções têm um comportamento periódico. O uso de médias espaciais faz com que a análise da dinâmica do sistema se torne mais acessível, especialmente quando lidamos com sistemas complexos, nos quais as soluções exatas podem ser difíceis de obter.

Para sistemas Hamiltonianos com ressonâncias internas, a análise estocástica se torna ainda mais relevante. Considere que as relações de ressonância internas podem ser descritas por uma combinação de variáveis de ângulo φv\varphi_v e integrais do movimento associadas a essas ressonâncias. O uso da abordagem de mediação estocástica nestes sistemas pode levar à simplificação das equações de movimento, permitindo o estudo de processos mais lentos e rápidos. No entanto, a presença de ressonâncias internas implica que certas frequências do sistema podem ser fortemente acopladas, resultando em comportamentos não triviais que exigem uma análise mais detalhada.

Para sistemas que exibem ressonâncias internas, a equação de movimento de φv\varphi_v pode ser descrita por equações diferenciais estocásticas com coeficientes que dependem de pequenos parâmetros, como a ordem de ε2\varepsilon^2. Esses coeficientes são cruciais para entender o comportamento a longo prazo do sistema. As equações geradas para φv\varphi_v podem, portanto, ser expressas em termos de perturbações de ordem superior e variáveis estocásticas, o que torna a análise bastante complexa, mas oferece insights importantes sobre os processos de evolução do sistema.

As equações estocásticas médias derivadas para sistemas Hamiltonianos quasi-integráveis, como descrito, podem ser aproximadas utilizando métodos de truncamento de termos de ordem superior. Estes métodos ajudam a simplificar a análise, fornecendo uma aproximação mais prática para o comportamento real do sistema em larga escala. No entanto, é importante notar que, para sistemas ressonantes internos, as interações entre os diferentes modos podem levar a termos de interação que precisam ser cuidadosamente avaliados para garantir que os modelos aproximados permaneçam válidos. A estocasticidade, quando incorporada nas equações de movimento, também pode ser vista como um reflexo de ruído ou flutuações externas que afetam o comportamento do sistema, o que pode, por sua vez, ser usado para descrever a transição entre diferentes estados do sistema.

Além disso, a normalização das condições de contorno e o cumprimento de condições de normalização nas soluções estacionárias, como mostrado pelas equações p(h)p(h) e p(q,p)p(q,p), são fundamentais para garantir que a probabilidade total seja conservada ao longo do tempo. A normalização das distribuições de probabilidade é um passo necessário para entender como a evolução estocástica de sistemas Hamiltonianos leva a um estado estacionário, onde a distribuição de probabilidade p(h)p(h) se torna constante e satisfaz condições específicas de contorno. Essas distribuições estacionárias, uma vez obtidas, podem ser usadas para entender o comportamento de longo prazo do sistema, revelando quais estados são mais prováveis de ocorrer após um período suficientemente longo.

Para entender completamente o impacto das ressonâncias internas e da mediação estocástica, é importante também considerar o efeito das variáveis de interação e do acoplamento entre diferentes modos de oscilação. A interação entre esses modos pode introduzir complexidades adicionais, como flutuações de alta ordem ou acoplamentos não lineares, que não podem ser ignoradas em uma análise precisa. A análise detalhada das equações estocásticas médias em sistemas quasi-integráveis é, portanto, uma ferramenta poderosa para modelar a dinâmica desses sistemas, mas requer uma consideração cuidadosa de todas as interações relevantes e das perturbações externas.

Como os Sistemas Hamiltonianos Quase-Parcialmente Integráveis São Tratados por Métodos Estocásticos de Averiguação Fracionária

No estudo dos sistemas Hamiltonianos quase-parcialmente integráveis, a abordagem fundamental consiste em decompor o sistema original em subsistemas integráveis e não-integráveis, facilitando assim sua análise através de variáveis ação-ângulo quando possível. O Hamiltoniano total é então representado como a soma dos Hamiltonianos correspondentes a esses subsistemas. A partir dessa decomposição, é possível aplicar métodos estocásticos fracionários para descrever a dinâmica dos processos lentos e rápidos dentro do sistema.

Ao introduzir as variáveis de ação IηI_\eta e os momentos canônicos, o sistema pode ser reescrito em termos de equações diferenciais estocásticas fracionárias (SDEs fracionárias) que capturam tanto a evolução determinística quanto a influência do ruído estocástico, representado por movimentos Brownianos fracionários independentes. A estrutura dessas equações distingue os processos lentos, associados às variáveis IηI_\eta e ao Hamiltoniano não-integrável HrH_r, dos processos rápidos das demais variáveis canônicas.

A convergência dos processos I(t)I'(t) e Hr(t)H_r(t), no sentido do quadrado médio, para soluções governadas pelas SDEs fracionárias médias é garantida quando o parâmetro ε\varepsilon tende a zero. Os coeficientes dessas SDEs médias são obtidos por uma média temporal dos coeficientes do sistema original, que, devido à ergodicidade dos subsistemas integráveis e não-integráveis, pode ser substituída por uma média espacial sobre as superfícies isoenergéticas correspondentes.

Essa equivalência entre médias temporais e espaciais facilita o cálculo do PDF estacionário aproximado do sistema original a partir do PDF do sistema médio, permitindo a determinação das distribuições marginais e estatísticas das variáveis generalizadas de deslocamento e momento.

Quando as variáveis ação-ângulo não podem ser explicitamente obtidas para o subsistema integrável, a abordagem alternativa consiste em substituir as variáveis ação pelos próprios Hamiltonianos correspondentes, redefinindo as SDEs fracionárias médias para operar diretamente sobre esses Hamiltonianos. Esta generalização mantém a estrutura estocástica do sistema e permite a análise mesmo em situações onde a integrabilidade não é completamente explorável em termos das variáveis tradicionais.

A condição essencial para a aplicação desses métodos é que os subsistemas integráveis possuam famílias de soluções periódicas abrangendo o plano de fase inteiro e que o subsistema não-integrável seja ergódico sobre a superfície isoenergética de dimensão apropriada. Sob essas condições, a média temporal pode ser substituída por uma integral espacial multidimensional, incorporando todas as variáveis canônicas relevantes, o que confere robustez e aplicabilidade prática à técnica de averiguação fracionária.

Além disso, a análise estatística dos resultados obtidos, incluindo a comparação entre simulações do sistema original e do sistema médio, revela a eficiência computacional significativa dos métodos de averiguação fracionária, além de fornecer insights profundos sobre a distribuição probabilística das variáveis do sistema.

É importante compreender que esses métodos permitem uma redução significativa da complexidade dinâmica, transformando problemas estocásticos de alta dimensão e não-linearidade em sistemas mais manejáveis, onde as propriedades ergódicas e a decomposição em subsistemas integráveis tornam-se ferramentas cruciais para a análise e simulação.

Essa abordagem tem potencial extensivo na modelagem de sistemas físicos e engenharias onde fenômenos estocásticos complexos coexistem com estruturas Hamiltonianas quase integráveis, fornecendo um quadro teórico sólido para a previsão e controle de dinâmicas ruidosas em múltiplas escalas temporais.