A teoria da identidade para polinômios apresenta uma das ideias fundamentais em álgebra, especialmente no contexto de polinômios sobre corpos. A partir de um corolário central, surge a noção de que, se pp e qq são polinômios sobre um corpo KK, com grau limitado por nn, e se p(ai)=q(ai)p(a_i) = q(a_i) para algum conjunto de pontos a1,a2,,an+1Ka_1, a_2, \dots, a_{n+1} \in K, então podemos concluir que p=qp = q. Essa propriedade é formalizada pelo Teorema da Identidade para Polinômios, que fundamenta a equivalência entre polinômios que coincidem em um número suficientemente grande de pontos. O raciocínio é simples: como a diferença pqp - q é um polinômio de grau n\leq n e possui n+1n+1 raízes distintas, o teorema garante que a única possibilidade para que pqp - q seja o polinômio nulo é que, de fato, p=qp = q.

Esse princípio também se estende a homomorfismos em corpos infinitos. Quando KK é um corpo infinito, como R\mathbb{R} ou C\mathbb{C}, a injeção dos polinômios no espaço das funções definidas sobre KK torna-se uma propriedade automática. Ou seja, se dois polinômios pp e qq em K[X]K[X] são iguais em todos os pontos de KK, então p=qp = q. Isso resulta de uma aplicação direta da identidade acima, onde a infinidade de elementos de KK garante que não há soluções alternativas para p=qp = q além da identidade estrita.

Passando para o caso mais complexo, que envolve polinômios em várias indeterminações, temos o conceito de séries formais e a extensão das operações de soma e multiplicação para essas séries. Consideramos R[[X1,,Xm]]R[[X_1, \dots, X_m]], o conjunto de séries formais em mm variáveis, que é uma generalização do conjunto R[X1,,Xm]R[X_1, \dots, X_m] para permitir infinitos termos de grau arbitrário. Nessas séries, cada pp pode ser visto como uma soma infinita de monômios pαXαp_\alpha X^\alpha, com αNm\alpha \in \mathbb{N}^m. A operação de soma é definida ponto a ponto para os coeficientes, enquanto a multiplicação é dada por uma soma ponderada dos coeficientes, análoga à multiplicação de séries em uma única variável.

Além disso, um polinômio em várias indeterminações sobre RR pode ser visto como uma série formal em que a grande maioria dos coeficientes são zero, limitando a quantidade de termos não nulos. Esse conceito pode ser formalizado através do conceito de polinômio homogêneo, onde todos os monômios possuem o mesmo grau. Assim, um polinômio homogêneo de grau kk é aquele em que a soma dos expoentes de cada monômio é sempre igual a kk, refletindo a estrutura simétrica do polinômio em relação ao grau.

A teoria das séries formais e polinômios em várias indeterminações não se limita apenas à álgebra pura, mas também se estende para a análise e a geometria algébrica, oferecendo ferramentas para estudar as propriedades de variedades algébricas definidas por sistemas de equações polinomiais. A noção de grau de um polinômio, que é definida como o maior grau de seus monômios, desempenha um papel crucial na classificação de polinômios e no estudo das soluções de equações algébricas.

Além disso, se RR for um anel comutativo, então o anel de séries formais R[[X1,,Xm]]R[[X_1, \dots, X_m]] será também comutativo, e o anel de polinômios R[X1,,Xm]R[X_1, \dots, X_m] será um subanel de R[[X1,,Xm]]R[[X_1, \dots, X_m]]. Isso garante que podemos tratar as séries formais e os polinômios com as mesmas ferramentas algébricas, o que facilita a transição entre esses dois contextos.

É importante notar que o estudo de polinômios em várias indeterminações também permite uma conexão profunda com outras áreas da matemática, como a teoria das representações, onde as simetrias de polinômios podem ser analisadas sob a ótica de grupos simétricos. Em particular, o uso de grupos simétricos para estudar a invariância de polinômios e suas transformações leva a um rico campo de investigação que conecta álgebra abstrata com geometria e análise.

O que significa continuidade em espaços métricos e topológicos?

Sejam XX e YY espaços métricos, e f:XYf : X \to Y uma função. Para um ponto xXx \in X, definimos o módulo de continuidade de ff no ponto xx como a função

ωf(x,ε):=sup{dY(f(y),f(z)):y,zB(x,ε)}\omega_f(x, \varepsilon) := \sup \{ d_Y(f(y), f(z)) : y,z \in B(x, \varepsilon) \}

onde B(x,ε)B(x, \varepsilon) é a bola aberta em torno de xx com raio ε\varepsilon. O módulo de continuidade no ponto xx é então dado por

ωf(x):=infε>0ωf(x,ε).\omega_f(x) := \inf_{\varepsilon > 0} \omega_f(x, \varepsilon).

A função ff é contínua em xx se e somente se ωf(x)=0\omega_f(x) = 0. Esta caracterização traduz, em termos quantitativos, a ideia intuitiva de que valores da função ff próximos ao ponto xx devem ficar arbitrariamente próximos, para garantir continuidade.

Um exemplo clássico é a função raiz quadrada w:R+Rw: \mathbb{R}^+ \to \mathbb{R}, w(x)=xw(x) = \sqrt{x}. Embora ww seja contínua em todos os pontos de R+\mathbb{R}^+, não é Lipschitz contínua em toda essa região, pois seu crescimento perto de zero é muito acelerado para satisfazer a condição Lipschitz. No entanto, restringindo o domínio a [a,)[a, \infty), para qualquer a>0a > 0, a função se torna Lipschitz contínua. Essa distinção ilustra como a continuidade pode ser uma propriedade mais flexível que a continuidade Lipschitz, esta última impondo um controle mais rígido sobre as variações da função.