A transformação de coordenadas desempenha um papel fundamental na linearização exata de sistemas não lineares, especialmente em contextos onde a dinâmica do sistema pode ser manipulada por meio de feedback. Em sistemas multivariáveis, a abordagem de feedback regular é muitas vezes utilizada para simplificar a estrutura do sistema, permitindo que ele se torne linear ou que tenha uma estrutura próxima de linear. Um ponto chave dessa técnica é a preservação da invariância de certos parâmetros, como o grau relativo do vetor, durante o processo de transformação de coordenadas e feedback.

Consideremos um sistema dinâmico no qual a transformação de coordenadas z=φ(x)z = \varphi(x) está definida sobre um conjunto UU, com as matrizes ARn×nA \in \mathbb{R}^{n \times n} e BRn×mB \in \mathbb{R}^{n \times m}. Como resultado de um processo de linearização exata via feedback, essa transformação leva o sistema a uma forma em que a dinâmica do sistema pode ser descrita de maneira mais simples. O teorema que garante essa transformação é baseado no fato de que, sob certas condições, o grau relativo do vetor não é alterado por mudanças regulares de coordenadas, nem pelo feedback aplicado.

A chave para o sucesso da linearização exata é garantir que a matriz g(x°)g(x°) tenha posto igual a mm. A partir dessa premissa, podemos deduzir que qualquer matriz BB que satisfaça as equações da relação terá também posto mm. Isso nos permite assumir sem perda de generalidade que as matrizes AA e BB possuem a forma canônica de Brunowsky, onde a matriz AA é diagonal, composta por blocos AiA_i que representam matrizes de ordem Ki×KiK_i \times K_i, e a matriz BB também é diagonal, contendo vetores bib_i, cada um de dimensão 1×Ki1 \times K_i.

A partir dessa configuração, podemos decompor o vetor z=φ(x)z = \varphi(x) como um vetor coluna [z1,,zm]\left[ z_1, \dots, z_m \right], e estabelecer uma relação simples entre essas variáveis para estudar a dinâmica do sistema. Com isso, a linearização exata é obtida ao resolver o sistema de equações diferenciais da forma z=Az+Bvz = A z + B v, onde vv é o vetor de entrada e as funções de saída são definidas de acordo com a relação de transformação (5.19)(5.19). O grau relativo do vetor, expresso como {ν1,,νm}\{ \nu_1, \dots, \nu_m \}, é invariável sob essas transformações.

Entretanto, para que esse processo de linearização seja bem-sucedido, é imprescindível que a matriz g(x)g(x) tenha posto igual a mm, como já foi discutido no contexto do problema anterior. Se, por algum motivo, a matriz g(x)g(x) tiver posto menor que mm, mas esse posto for constante em uma vizinhança de x°, a linearização exata será possível, mas com um número reduzido de funções de saída, correspondentes ao posto pp da matriz. Nesse caso, o sistema exigirá uma transformação preliminar que pode ser obtida através de uma matriz φ(x)\varphi(x) não singular, que permita a simplificação da matriz g(x)g(x) para uma forma mais conveniente.

Uma vez que a matriz g(x)g(x) tenha sido ajustada por meio dessa transformação, o sistema transformado estará em condições de satisfazer as hipóteses do lema de linearização exata. A partir desse ponto, podemos avançar na definição de funções específicas que assegurem que o sistema permaneça linearizado, respeitando as propriedades dos campos vetoriais envolvidos na dinâmica.

É importante ressaltar que a linearização exata via feedback não é um processo trivial e depende de um conjunto de condições sobre os campos vetoriais f(x)f(x), gi(x)g_i(x), e seus sucessivos comutadores. Além disso, é fundamental que o sistema inicial, antes da transformação de coordenadas, tenha uma estrutura que permita essa manipulação sem perder a integridade da solução original. A preservação da estrutura do sistema durante a transformação e o feedback é o que garante a eficácia desse processo.

O estudo dessa técnica é particularmente relevante quando se trabalha com sistemas de múltiplas entradas e múltiplas saídas (MIMO), onde a complexidade das interações não lineares pode ser desafiadora. A linearização exata permite simplificar o controle desses sistemas, facilitando o design de controladores e a análise do comportamento dinâmico.

Adicionalmente, a importância de entender a relação entre o posto da matriz g(x)g(x) e a possibilidade de encontrar funções de saída adequadas não pode ser subestimada. Quando o posto da matriz não é suficientemente alto, a linearização não será exata no sentido pleno, mas poderá ser aproximada, o que ainda pode ser valioso dependendo do contexto de aplicação.

Como Garantir Estabilidade no Problema de Controle Não Interativo com Realimentação Estática

A teoria de controle não linear envolve a busca de soluções para sistemas em que a interação entre as variáveis do sistema é minimizada ou eliminada. Em um contexto de sistemas com grau relativo {r1,...,rm}\{r_1, ..., r_m\} em x=0x = 0, o problema de controle não interativo com estabilidade via realimentação estática busca a solução para a não-interação enquanto mantém a estabilidade assintótica. O estudo detalhado da invariância local de submanifolds integráveis, bem como a estabilidade das dinâmicas do sistema, é central para essa abordagem.

O problema de controle não interativo com estabilidade via realimentação estática é resolvível apenas quando certas condições geométricas são satisfeitas. Para um sistema descrito pela equação x=f(x)x = f(x), a estabilidade assintótica no ponto de equilíbrio x=0x = 0 depende de uma condição crucial relacionada à invariância de um submanifold SS^*, que é a subvariedade integral da distribuição PP^* contendo x=0x = 0. Este submanifold SS^*, por sua vez, deve ser invariável sob o campo vetorial f(x)f(x), ou seja, a dinâmica do sistema restringida a SS^* deve ser independente da escolha de feedback estático.

A conclusão imediata a partir dessa propriedade é a exigência de que a restrição do campo vetorial f(x)f(x) à subvariedade SS^* seja estável assintoticamente, no sentido da primeira aproximação. Em outras palavras, para que o problema de controle não interativo com estabilidade seja resolúvel, a dinâmica restrita ao submanifold SS^* deve apresentar estabilidade assintótica em torno do ponto x=0x = 0. Essa condição é necessária para garantir que a solução do problema preserve a estabilidade do sistema.

A prova da afirmação sobre a invariância de SS^* sob o fluxo de f(x)f(x) é direta. Como PP^* é uma distribuição involutiva, e SS^* é um submanifold integral de PP^*, a dinâmica do sistema, representada pelo fluxo de f(x)f(x), preserva a estrutura do submanifold SS^*. Isso implica que o sistema, quando representado no espaço de SS^*, não sofrerá nenhuma perturbação dependendo da escolha da lei de feedback. Em termos práticos, isso significa que a estabilidade do sistema é garantida, desde que a dinâmica reduzida a SS^* seja estável.

Além disso, é importante entender que a solução para o problema de controle não interativo com estabilidade via realimentação estática também está relacionada à noção de "dinâmica zero" do sistema. O campo vetorial f(x)f(x) pode ser decomposto em uma parte que afeta a dinâmica do sistema e outra que pode ser eliminada por uma escolha de feedback adequado. Essa dinâmica zero é governada por uma submanifold ZZ^*, que é invariável sob o fluxo de f(x)f(x). Quando a dinâmica zero é estável assintoticamente, a estabilidade do sistema completo também será garantida, refletindo a importância dessa decomposição para a estabilidade global.

Portanto, o estudo da integrabilidade das distribuições envolvidas e da estabilidade das dinâmicas associadas a essas distribuições é fundamental para a resolução do problema. O uso de coordenadas locais adequadas pode simplificar a análise, transformando o problema em um formato mais gerenciável. As funções que geram essas distribuições podem ser escolhidas de forma a garantir que as diferentes variáveis do sistema não se interfiram mutuamente, facilitando o controle não interativo.

No contexto da teoria geométrica de sistemas não lineares, é crucial que se compreenda a relação entre a dinâmica do sistema e suas distribuições invariantes. Para sistemas com grau relativo em x=0x = 0, a possibilidade de realizar transformações de coordenadas locais adequadas permite uma análise mais clara das interações entre as variáveis e, consequentemente, a solução para o problema de controle não interativo. Essas transformações possibilitam representar o sistema de forma a distinguir claramente entre as dinâmicas ativas e as dinâmicas que podem ser ignoradas, assegurando que o controle seja eficaz.

Finalmente, a introdução de coordenadas locais que correspondem às distribuições involutivas pode ser vista como uma ferramenta poderosa para a análise do comportamento do sistema. A integrabilidade das distribuições P,PiP^*, P_i e PP em torno do ponto x=0x = 0, e a capacidade de representar essas distribuições de maneira coordenada, são essenciais para garantir que as condições de estabilidade e não-interação sejam atendidas de forma eficiente. A mudança para um sistema de coordenadas mais simples pode ser vista como uma forma de explorar a estrutura geométrica do sistema, facilitando a implementação de controle robusto e estável.