O KUtrace é uma ferramenta poderosa para a captura e análise de traços (traces) em sistemas baseados em Linux. Ela fornece uma forma detalhada de monitorar o desempenho dos recursos do sistema, como CPU, memória, rede e disco, permitindo que engenheiros diagnostiquem problemas complexos de infraestrutura. No entanto, sua instalação e configuração podem ser desafiadoras para quem não está familiarizado com compilações de kernel, patches e o desenvolvimento de módulos no Linux.
Quando você inicia um trace usando o KUtrace, o programa coleta eventos que ocorrem separadamente por ID de núcleo (core ID) e ID de processo (PID). Esses eventos são então organizados em spans, o que facilita a análise da causa raiz (root cause analysis) de problemas de desempenho. Ao finalizar o trace, os dados binários medidos são gravados em um arquivo de disco. Esse arquivo, após o pós-processamento, é convertido em um arquivo JSON contendo informações detalhadas sobre os eventos com suas respectivas durações nos núcleos de CPU. O último passo é carregar esse JSON em uma linha do tempo, que pode ser visualizada em HTML, oferecendo uma interface de usuário acessível para a análise.
É importante observar que os traços do KUtrace são diferentes dos traços distribuídos, embora compartilhem algumas semelhanças. Ambos os tipos de traços fornecem uma visualização dos spans onde ocorre latência, mas enquanto os traços distribuídos exigem uma compreensão sobre as interações entre os serviços, os traços do sistema exigem uma familiaridade com o funcionamento do kernel do sistema operacional. Além disso, os traços de sistema não fornecem informações detalhadas sobre os métodos do kernel, como histogramas de throughput e duração por método, algo que pode ser complementado por programas como o bpftrace.
A configuração do KUtrace é um passo fundamental e, muitas vezes, desafiador. Para começar, é necessário atualizar o kernel para uma versão específica, aplicar patches necessários, e compilar o módulo KUtrace. A configuração inclui também a instalação de bibliotecas essenciais e a criação de um ambiente apropriado para a execução do sistema de tracing. A seguir, a ferramenta permite o controle do tracing através do comando kutrace_control, e é possível escolher entre diferentes opções de trace, como goipc, que inclui instruções ciclo a ciclo, ou golcc, que incorpora os "misses" do cache de último nível (LLC).
Após a captura dos traços, é possível gerar arquivos de resultados utilizando o pós-processamento do KUtrace, criando arquivos JSON e HTML que podem ser analisados visualmente. Esse pós-processamento é essencial, pois permite que o operador ou engenheiro entenda o comportamento do sistema e identifique onde as falhas de desempenho estão ocorrendo, seja em nível de CPU, memória ou até de rede.
Embora o KUtrace ofereça uma visão aprofundada dos recursos do sistema, ele não pode resolver todos os problemas por si só. A análise de latência e desempenho pode ser afetada por configurações inadequadas do sistema ou até erros de desenvolvimento. Portanto, entender o funcionamento do kernel e dos recursos do sistema é crucial. Além disso, a ferramenta não cobre todas as possibilidades de erros do sistema, e a compreensão total de sua aplicação pode ser enriquecida com a leitura de materiais como o livro Understanding Software Performance, de Richard Sites, cujos estudos aprofundam o entendimento sobre o desempenho de software em nível de kernel.
A correlação entre os traços do sistema e os traços distribuídos é outro aspecto importante que deve ser entendido ao utilizar o KUtrace. Para facilitar essa correlação, é possível adicionar contextos adicionais através de marcadores, como identificadores de thread ou IDs de RPC, permitindo uma análise mais precisa das interações dentro do sistema. Isso é especialmente útil em sistemas distribuídos, onde a monitorização de microserviços requer uma visão detalhada de cada parte do sistema, incluindo protocolos de rede como DNS, TCP e RPC.
O KUtrace também fornece informações cruciais sobre a execução normal e lenta dos processos. Ele captura eventos relacionados a processos de usuário, chamadas de sistema, interrupções, falhas de memória e loops ociosos da CPU. Além disso, pode identificar situações de congelamento de processos, troca de contexto e contagem de falhas de cache, que são importantes para detectar problemas de latência no sistema.
Por fim, vale destacar que, para uma análise eficaz e precisa de problemas de desempenho, é necessário compreender as interações complexas entre os diversos componentes do sistema. Contenção, espera e interferências podem surgir devido a erros no desenvolvimento, falhas na configuração do sistema ou devido a bugs que afetam o comportamento do kernel. A capacidade do KUtrace de capturar e apresentar esses problemas em detalhes é uma ferramenta essencial para os engenheiros responsáveis pela manutenção de sistemas complexos, proporcionando uma visão mais clara e detalhada dos problemas e suas causas subjacentes.
Como Usar Detecção de Anomalias para Monitoramento e Análise de Dados
A detecção de anomalias é uma técnica poderosa para identificar comportamentos fora do padrão em sistemas de TI, ajudando a diagnosticar problemas antes que eles se tornem críticos. Ela é especialmente útil em ambientes onde grandes volumes de dados são gerados continuamente, como logs de servidores ou transações em tempo real. A seguir, exploraremos como utilizar essa técnica, passando por diversas etapas que vão desde a criação de detectores até a interpretação dos resultados.
Ao utilizar a detecção de anomalias, podemos criar um índice que se torna a base para alertas ou painéis de controle. Um exemplo prático de implementação seria a criação de um detector que monitora anomalias no número de solicitações, segmentadas por código de status. Isso pode revelar se o sistema está enfrentando tráfego elevado ou erros de servidor. A criação desse detector envolve definir o intervalo de tempo de coleta dos dados, com uma recomendação de 10 minutos para equilibrar desempenho e consumo de recursos.
Dentro desse processo, criamos uma "feature" (característica) que conta o número de valores em uma resposta, como o response.keyword. Ao configurar essa feature como uma categoria, podemos segmentar os resultados de acordo com o código de resposta, o que facilita a identificação de padrões anômalos.
Uma vez que o detector é configurado, ele pode ser executado em tempo real ou em um conjunto histórico de dados. Para analisar os resultados em um conjunto de dados estático, como no caso de amostras, escolhe-se a opção histórica. A visualização dos dados inclui uma comparação entre o número de documentos esperados e os reais, e a análise de um gráfico de quebra de feature. Nesse gráfico, o "anomaly grade" (grau da anomalia) é um indicador importante da severidade do evento detectado, variando entre 0 e 1. Isso é essencial para configurar alertas com base no impacto da anomalia.
A detecção de anomalias pode ser aplicada de maneiras diversas, como por exemplo, para identificar um aumento incomum no tráfego de rede de um IP ou de um sistema operacional específico. Nesses casos, a configuração da feature pode ser feita utilizando o campo Bytes para a métrica e OS como categoria. A visualização desses dados apresenta as anomalias em cores diferentes para cada categoria, permitindo uma rápida identificação do que foge ao padrão.
Um dos aspectos mais relevantes na detecção de anomalias é a confiança e o grau de anomalia calculados pelo sistema. O valor de confiança indica o quanto o sistema acredita que a anomalia identificada é válida, enquanto o grau de anomalia mostra a intensidade dessa discrepância em relação ao comportamento usual dos dados.
Existem diferentes tipos de configurações de detecção de anomalias, cada uma aplicável a cenários distintos. As cinco abordagens mais comuns são: análise de razão, análise por categoria, análise de populações, análise de padrões e análise de buckets. Cada uma delas é utilizada para identificar tipos específicos de anomalias, com o objetivo de oferecer uma solução robusta para monitoramento e prevenção.
Análise de Razão
A análise de razão é usada para detectar mudanças nas taxas de eventos ao longo do tempo. Ela é particularmente útil para identificar padrões inesperados, como um aumento repentino no número de erros em arquivos de log, uma queda no processamento de pedidos em um sistema online, ou uma tentativa excessiva de login de um usuário específico. Essa análise pode ser realizada através da contagem de eventos ao longo do tempo, usando um índice específico para isso.
Com a detecção de anomalias, não é necessário definir manualmente um limiar para o que é considerado um "valor alto" ou "baixo". Ao invés de utilizar limites estáticos, que são suscetíveis a mudanças no contexto ou nos dados, o modelo de detecção de anomalias analisa eventos com base no conjunto de dados atual, identificando comportamentos fora do padrão com mais precisão. O algoritmo Random Cut Forest (RCF), utilizado por ferramentas como o OpenSearch, permite essa análise em tempo real, atribuindo um grau de anomalia e um nível de confiança para cada evento detectado.
Além disso, a análise de razão pode ser combinada com outros métodos, como a análise de contagem, para prever frequências de eventos e melhorar a precisão na identificação de anomalias. Esse tipo de análise também permite detectar tanto picos anormais quanto quedas inesperadas, o que é fundamental em ambientes de produção onde a estabilidade é crucial.
Análise de Categoria
Enquanto muitas anomalias são observadas em eventos isolados, também é possível que grupos ou categorias de dados revelem anomalias significativas. A análise por categoria permite a segmentação dos dados por características específicas, como faixa etária ou gênero, para identificar anomalias que possam estar presentes apenas em uma subcategoria dos dados.
Em sistemas de monitoramento de recursos, como logs de servidores, a análise por categoria pode ser usada para identificar problemas em áreas específicas, como CPU ou memória, comparando categorias como o tipo de recurso ou o nome do servidor. Isso ajuda a filtrar informações relevantes e a identificar comportamentos anômalos dentro de grupos específicos de dados.
Casos de Uso Práticos
Vários cenários podem se beneficiar de uma abordagem detalhada de detecção de anomalias. Um caso comum envolve o uso de métricas como MIN, MAX, MEAN e MEDIAN para analisar variações em dados numéricos, como o uso de CPU. O método SUM, que retorna a soma dos valores observados em um intervalo de dados, também é útil para entender o impacto total de um fenômeno, como o tráfego de dados transferido por um servidor. Além disso, ao observar o número de bytes transferidos e a quantidade de solicitações feitas ao servidor, é possível detectar se o aumento do tráfego está gerando um volume excessivo de dados, ajudando a antecipar possíveis sobrecargas.
O Desafio dos Limiares Estáticos
Um dos maiores desafios ao lidar com grandes volumes de dados é a definição de limiares estáticos para determinar o que constitui um comportamento "normal". Esses limiares podem se tornar obsoletos rapidamente à medida que o volume de dados cresce ou o comportamento dos usuários muda. A detecção de anomalias, ao usar modelos dinâmicos como o RCF, elimina a necessidade de definir manualmente esses limiares, permitindo que o sistema se ajuste automaticamente às mudanças nos dados, garantindo maior precisão e relevância.
Ao integrar a detecção de anomalias ao processo de monitoramento e análise de dados, os sistemas podem operar de maneira mais inteligente, antecipando problemas antes que eles afetem os usuários ou a infraestrutura, e oferecendo uma visão mais profunda do comportamento dos dados em tempo real.
Como a Observabilidade Pode Revolucionar a Detecção de Problemas em Infraestruturas e Aplicações
A observabilidade moderna é essencial para o sucesso de qualquer organização que dependa de sistemas dinâmicos e distribuídos. Em um mundo onde os serviços estão cada vez mais dispersos e os sistemas se tornam cada vez mais complexos, compreender o funcionamento e a saúde de cada componente da infraestrutura, sem um método adequado, é uma tarefa difícil e crucial. Esse livro se propõe a oferecer uma análise detalhada do papel da observabilidade nas infraestruturas tecnológicas atuais, propondo uma abordagem que não apenas analisa dados, mas também utiliza AIOps para automatizar e otimizar essa observabilidade.
O processo de resolução de problemas pode ser resumido em três etapas simples: identificar o problema, compreender sua causa e, finalmente, fornecer uma solução. Contudo, um erro comum no gerenciamento de sistemas complexos é pular a segunda etapa — entender a causa real do problema. Sem isso, soluções superficiais podem ser aplicadas, mas as falhas continuarão a ocorrer, muitas vezes de maneira cíclica.
Para entender e resolver problemas de maneira eficiente, é fundamental focar na observabilidade, que é o ato de monitorar e analisar continuamente a infraestrutura e os aplicativos para identificar comportamentos inesperados. A observabilidade deve ser integrada de maneira estratégica, levando em consideração os desafios do mundo real, como a colaboração entre equipes e a cultura organizacional que, muitas vezes, ainda é manual e fragmentada. É imperativo que processos complexos sejam documentados e simplificados, além de evitar a resistência ao risco e a inércia gerencial diante da necessidade de inovação.
Agentes são uma tecnologia chave nesse processo, pois automatizam a coleta de dados e a execução de tarefas, como os agentes que automatizam a instrumentação do OpenTelemetry. Esses agentes são fundamentais para a implementação eficaz de observabilidade, já que permitem não só coletar dados de forma automatizada, mas também gerenciar e analisar esses dados para identificar falhas e gargalos nos sistemas. À medida que a tecnologia avança, o desenvolvimento de novos agentes será cada vez mais demandado, uma vez que eles desempenham papel central na integração de diversas ferramentas e soluções, como bancos de dados e plataformas como o Kubernetes.
A abordagem proposta neste livro se distanciaria daquelas práticas tradicionais que focam unicamente em ajustes de performance. A modernização dos sistemas depende da integração de novos paradigmas, como a não-bloqueio e o uso de corrotinas em microserviços. Nesse contexto, métricas como o TPS (Transactions Per Second) perdem um pouco de sua relevância, enquanto indicadores de desempenho como o MTTR (Mean Time to Recovery) ganham importância, uma vez que a otimização do tempo de recuperação após falhas se torna uma prioridade.
Ao contrário das abordagens passadas, que priorizavam sistemas centralizados e controlados com uma quantidade limitada de software, a observabilidade moderna lida com a complexidade de sistemas distribuídos, onde múltiplos microserviços interagem em diferentes plataformas e linguagens de programação. O desafio agora é garantir que esses sistemas, altamente dinâmicos e mutáveis, operem de forma estável, sem falhas críticas, mesmo diante de um volume massivo de tráfego.
Observabilidade não deve ser vista como uma versão moderna do monitoramento tradicional, mas como uma filosofia que envolve uma mudança de mindset. Tradicionalmente, a monitorização focava em resolver problemas de performance específicos e imediatos. Hoje, com a proliferação de microsserviços, a elasticidade da nuvem e a escalabilidade dinâmica oferecida pelo Kubernetes, a observabilidade deve se concentrar em garantir a entrega de serviços de forma confiável e eficiente, mesmo em face de incertezas de tráfego e mudanças rápidas nos sistemas.
Os desafios são muitos. Sistemas legados, tecnologias rapidamente obsoletas, e uma dívida técnica crescente são fatores que tornam a observabilidade ainda mais importante, pois eles contribuem diretamente para a complexidade do gerenciamento das infraestruturas. No entanto, é importante entender que, embora os métodos tradicionais de monitoramento possam fornecer algumas informações, eles precisam ser evoluídos para lidar com os requisitos dinâmicos e distribuídos dos sistemas modernos. A transição de um modelo de monitoramento para um modelo de observabilidade, apoiado por AIOps, é a chave para um futuro onde as operações podem ser cada vez mais automatizadas e otimizadas.
Em relação à configuração e à aplicação dessas novas tecnologias, deve-se observar que a flexibilidade da nuvem, o uso de Kubernetes para escalabilidade automática e a integração com múltiplas fontes de dados de diferentes camadas tecnológicas são elementos que tornam o ambiente de produção mais resiliente. A adaptação das práticas tradicionais, juntamente com o uso das novas ferramentas de observabilidade, abre caminho para um ambiente operacional mais ágil, menos sujeito a falhas catastróficas e mais orientado para resultados rápidos e sustentáveis.
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