A análise de materiais com comportamento não-linear é consideravelmente mais complexa do que a dos modelos lineares. Existe uma grande variedade de modelos desenvolvidos para simular fenômenos distintos em diferentes materiais. Um desses modelos, a elastoplasticidade, é utilizado para ilustrar o impacto da não-linearidade dos materiais nas teorias discutidas nos capítulos anteriores.

A elastoplasticidade surge como o modelo mais simples de comportamento não-linear, caracterizando-se pela transição do comportamento elástico para o plástico sem aumento adicional da tensão. No caso de uma tensão uniaxial, a lei de Hooke, que originalmente descreve a relação entre tensão e deformação de forma linear, é modificada. A partir de um certo ponto, denominado tensão de escoamento, o material começa a deformar plasticamente, ou seja, sem que haja um aumento correspondente da tensão. Essa transição pode ser observada, por exemplo, no deslizamento da estrutura da rede cristalina em materiais metálicos a nível microscópico.

Quando o carregamento é removido, o material elastoplástico não retorna à sua forma original. Em vez disso, ele segue uma linha paralela àquela da carga original, com uma inclinação dada pelo módulo de elasticidade EE, e, ao atingir a tensão zero, fica uma deformação residual, chamada deformação plástica. Diferente dos materiais elásticos, os materiais inelásticos não retornam ao seu estado inicial, sendo este um dos aspectos essenciais a ser entendido ao estudar o comportamento dos sólidos deformáveis.

O comportamento do material também deve ser analisado em estados de tensão multiaxiais. No caso da elasticidade, a lei de Hooke descreve a evolução dos componentes independentes de tensão em função dos componentes independentes de deformação, onde as tensões e as deformações interagem de maneiras complexas. Quando a tensão σxx\sigma_{xx} atinge o valor da tensão de escoamento σo\sigma_o, surge a dúvida sobre como as demais componentes de tensão influenciam o processo de escoamento. Um dos métodos de caracterizar o início do escoamento em estados multiaxiais é postular que uma combinação específica dos componentes do tensor de tensões atinge um valor fixo. Este valor é denominado função de escoamento.

A função de escoamento, ϕ(S)\phi(S), estabelece que o material começará a escoar quando o estado de tensão SS atingir a superfície de escoamento, isto é, quando ϕ(S)=k2\phi(S) = k^2, sendo kk uma constante que mede o nível de tensão no qual o material entra em escoamento. A função de escoamento de von Mises, frequentemente utilizada para descrever a plasticidade dos metais, depende dos invariantes do tensor de tensões e fornece uma forma eficiente de caracterizar o comportamento de materiais isotrópicos sob várias condições de carga.

No entanto, ao se analisar o escoamento em materiais com diferentes comportamentos em tração e compressão, outras funções de escoamento como a de Mohr-Coulomb e a de Drucker-Prager são mais adequadas. A de Mohr-Coulomb é comumente aplicada para materiais granulares, enquanto a de Drucker-Prager é mais adequada para o concreto. Essas funções de escoamento consideram diferentes formas de resposta do material dependendo da natureza do carregamento, seja tração ou compressão.

Além disso, para uma melhor compreensão do parâmetro kk, pode-se analisar estados especiais de tensão, como o cisalhamento puro ou a tração uniaxial. Em um estado de cisalhamento puro, a relação entre os componentes do tensor de tensões e os invariantes de tensão revela que o parâmetro kk é igual à tensão de escoamento em cisalhamento τo\tau_o. Em um estado de tração uniaxial, o valor de kk está relacionado à tensão de escoamento uniaxial σo\sigma_o, mas com um fator de correção. Isso mostra que o parâmetro kk é um valor crítico que define o limite de escoamento do material e pode ser determinado por testes simples de tração ou cisalhamento.

Outro ponto importante é a consideração de estados de pressão hidrostática. Para um material que segue a função de escoamento de von Mises, observa-se que, em um estado de pressão hidrostática, a função de escoamento não resulta em falha do material, visto que não há tensões de cisalhamento associadas à pressão pura. Essa característica é crucial para compreender os limites de resistência dos materiais em condições extremas, como nas profundezas oceânicas ou em grandes profundidades no solo, onde a pressão é alta e não há componentes de cisalhamento atuando diretamente.

É fundamental compreender que a resistência de um material não é apenas uma questão de sua capacidade de resistir à tensão máxima. O comportamento elasto-plástico, a interação entre diferentes componentes de tensão e as condições de instabilidade, como o flambagem de vigas, são essenciais para a previsão precisa do desempenho estrutural. A análise de instabilidade, como a flambagem sob carga axial compressiva, mostra como as configurações deformadas podem levar a estados de falha, mesmo antes de o material atingir seu limite de escoamento.

Portanto, a resistência dos materiais e a estabilidade estrutural não podem ser dissociadas da análise de como o material responde a carregamentos não lineares, incluindo o efeito de plasticidade e os fenômenos de instabilidade que podem surgir em sistemas estruturais. O estudo da elastoplasticidade e das condições de escoamento oferece uma base para o entendimento mais profundo do comportamento dos sólidos deformáveis, revelando um campo de estudo em constante expansão e com implicações diretas em engenharia civil, mecânica e materiais avançados.

Como Medir a Deformação? Comparação entre as Diferentes Definições de Deformação e Seus Efeitos em Modelos Constitutivos

A deformação de materiais é um fenômeno central na física e engenharia dos materiais, sendo crucial para entender como diferentes materiais reagem a forças externas. A medição da deformação pode ser feita de várias maneiras, e a escolha da definição adequada influencia diretamente a precisão dos modelos constitutivos dos materiais. Dentre as várias abordagens para medir a deformação, cinco delas se destacam: a deformação de Lagrange, a deformação engenharia, a deformação logarítmica, a deformação verdadeira e a deformação Euleriana. Cada uma dessas medidas de deformação tem suas particularidades e é aplicável a diferentes tipos de análises.

A deformação de Lagrange, por exemplo, é uma das mais intuitivas, pois é baseada na mudança relativa entre o comprimento inicial e o comprimento final de um objeto. Já a deformação de Euleriana, por outro lado, foca nas mudanças que ocorrem em um ponto específico dentro do material durante a deformação, sendo útil em sistemas mais complexos onde a deformação varia ao longo do tempo.

Um aspecto importante que se deve compreender é que todas essas definições de deformação podem ser praticamente idênticas quando as deformações são pequenas. Isso é evidente ao observar o gráfico comparativo das medidas de deformação em relação à deformação engenharia. Em pequenas deformações, todas as definições de deformação convergem para o mesmo valor, ou seja, a diferença entre elas é quase insignificante. No entanto, à medida que a deformação aumenta, as divergências começam a ser mais notáveis, influenciando diretamente os resultados em modelos constitutivos.

Quando estamos lidando com materiais e tentando determinar os parâmetros de um modelo constitutivo para um material específico, como o módulo de elasticidade, a escolha da medida de deformação é crucial. Em um teste de laboratório, como o teste de tração, medimos a força aplicada e a mudança de comprimento entre dois pontos de uma peça de teste. Com essas informações, podemos calcular a tensão (dividindo a força axial pela área da seção transversal) e a deformação (dividindo o comprimento atual pela medida inicial e aplicando a fórmula apropriada para cada tipo de deformação). Quando os dados são plotados como tensão versus deformação, obtemos uma curva que descreve o comportamento do material. Porém, como cada tipo de deformação gera uma curva ligeiramente diferente, o parâmetro ajustado a essa curva será diferente também. Isso demonstra como a escolha da definição de deformação pode impactar os resultados e, consequentemente, a confiabilidade de um modelo de material.

De maneira mais prática, para um problema simples como determinar o comprimento final de uma linha sujeita à deformação, a fórmula depende do tipo de deformação escolhido. No caso da deformação de Lagrange, a expressão é dada por:

L=Lo1+2εL = L_o \sqrt{1 + 2\varepsilon}

Essa fórmula pode ser adaptada para outros tipos de deformação, e cada uma resulta em um comprimento final ligeiramente diferente. A deformação de engenharia, por exemplo, simplesmente adiciona o valor de εLo\varepsilon L_o ao comprimento inicial, enquanto a deformação logarítmica utiliza a função exponencial.

Outro conceito fundamental em mecânica dos materiais é o tensor de deformação, que é particularmente relevante em corpos sólidos tridimensionais. Ao considerar a deformação de linhas em um corpo sólido, devemos levar em conta que essas linhas podem ser orientadas de maneira diferente e sofrer deformações distintas. Para calcular a deformação em diferentes direções, usamos o tensor de deformação, que nos permite analisar a deformação de uma linha qualquer, independentemente de sua orientação.

O tensor de deformação é derivado a partir do gradiente de deformação, que descreve a variação local da deformação no material. Esse gradiente pode ser calculado a partir da função de mapeamento da deformação, que relaciona as posições de um ponto antes e depois da deformação. O tensor de deformação, EE, então, pode ser expresso como:

E=12(FTFI)E = \frac{1}{2}( F^T F - I )

onde FF é o gradiente de deformação, II é a matriz identidade, e FTFF^T F elimina a contribuição da rotação pura da deformação, deixando apenas a deformação efetiva.

A escolha do tipo de medida de deformação é especialmente importante ao desenvolver modelos constitutivos que dependem das propriedades do material sob diferentes condições de carregamento. O modelo resultante pode variar bastante dependendo de qual definição de deformação é adotada, refletindo diretamente na performance do material em situações reais de aplicação.

Além disso, quando lidamos com materiais que sofrem grandes deformações, é fundamental perceber que as diferentes medidas de deformação podem levar a resultados bastante divergentes. Em muitos casos, por exemplo, a deformação logarítmica ou a deformação verdadeira podem ser mais adequadas para descrever comportamentos não lineares, enquanto a deformação de engenharia é frequentemente utilizada para deformações pequenas, onde a linearidade é uma boa aproximação.

A compreensão profunda das diferentes definições de deformação é vital para o desenvolvimento de modelos matemáticos precisos em engenharia dos materiais. O entendimento da deformação não se limita ao cálculo de mudanças de comprimento ou ângulos, mas também à análise das interações entre as forças aplicadas e a resposta dos materiais a essas forças. A escolha da definição correta de deformação, portanto, não é uma questão trivial e exige uma análise cuidadosa das condições do problema em questão.

Como calcular as resultantes de tensão e o equilíbrio em vigas: uma abordagem detalhada

As resultantes de tensão em uma viga podem ser descritas pelas componentes normais e de cisalhamento. A equação fundamental que rege essa relação é dada por:

t=σn+τm\mathbf{t} = \sigma \mathbf{n} + \tau \mathbf{m}

onde σ\sigma é a componente normal da tensão e τ\tau é a componente de cisalhamento, com n\mathbf{n} e m\mathbf{m} sendo os vetores unitários normais à seção transversal e no plano da seção transversal, respectivamente. As resultantes de tensão N(x)\mathbf{N}(x), V(x)\mathbf{V}(x) e M(x)\mathbf{M}(x) representam o efeito líquido das tensões sobre a seção transversal da viga. Essas resultantes podem ser calculadas pela integração das tensões normais e de cisalhamento sobre a seção transversal, como ilustrado nas equações a seguir:

AN(x)=σ(x,y,z)dA,AV(x)=τ(x,y,z)dA,AM(x)=zσ(x,y,z)dA\int_A \mathbf{N}(x) = \sigma(x, y, z) \, dA, \quad \int_A \mathbf{V}(x) = \tau(x, y, z) \, dA, \quad \int_A \mathbf{M}(x) = z \sigma(x, y, z) \, dA

onde AA é a área da seção transversal.

As expressões para essas resultantes nos permitem entender o comportamento das forças internas na viga. O momento resultante M(x)\mathbf{M}(x) é o momento causado pelas tensões normais relativas ao centróide da seção transversal. A direção do vetor de momento é frequentemente representada por uma seta de duplo sentido, sendo definida pela regra da mão direita. O vetor do momento de flexão, por exemplo, aponta na direção e2e_2, ou seja, para fora da página. Isso pode ser verificado através do cálculo do momento resultante, como mostrado pela equação a seguir:

AM(x)=zσ(x,y,z)dAe2\int_A \mathbf{M}(x) = z \, \sigma(x, y, z) \, dA \, e_2

Assim, o vetor de momento tem a forma componente M(x)=M(x)e2\mathbf{M}(x) = M(x) e_2. Quando somamos as forças e os momentos, estamos basicamente integrando as tensões ao longo da viga, de modo que as equações de equilíbrio podem ser expressas de forma direta usando as resultantes N\mathbf{N}, V\mathbf{V} e M\mathbf{M}.

Para estabelecer as equações diferenciais de equilíbrio, isolamos o diagrama de corpo livre de um segmento da viga entre xx e x+Δxx + \Delta x. As forças e momentos atuantes sobre o corpo livre deformado são representados na Figura 7.7, onde as cargas aplicadas externamente são q(x)q(x) e o momento aplicado é m(x)m(x) sobre o eixo e2e_2. Em alguns casos, pode ser conveniente decompor a carga aplicada em componentes:

q(x)=p(x)e1+q(x)e3q(x) = p(x) e_1 + q(x) e_3

onde p(x)p(x) é a carga na direção do eixo original da viga e q(x)q(x) é a carga transversal ao eixo original. Supondo que a carga aplicada não mude com a elongação, a força total sobre o segmento da viga é qΔxq \Delta x, mesmo que o eixo da viga se estique para (1+ε0)Δx(1 + \varepsilon_0) \Delta x.

A partir daí, o equilíbrio de forças pode ser estabelecido como segue. A força líquida atuando na seção transversal é designada pelo vetor R(x)\mathbf{R}(x), que pode ser resolvido em componentes como R=Nn+Vm\mathbf{R} = N \mathbf{n} + V \mathbf{m}, onde NN e VV são as forças axial e de cisalhamento, respectivamente, e HH e QQ são as componentes da força em relação à base fixa {e1,e2,e3}\{e_1, e_2, e_3\}. As relações entre essas componentes são dadas pelas equações:

H=Ncosθ+Vsinθ,N=HcosθQsinθ,V=Hsinθ+QcosθH = N \cos \theta + V \sin \theta, \quad N = H \cos \theta - Q \sin \theta, \quad V = H \sin \theta + Q \cos \theta

Para o equilíbrio de momentos, é necessário considerar os momentos sobre o centróide à esquerda do diagrama de corpo livre. O braço de momento para a resultante de tensão na posição x+Δxx + \Delta x é o vetor da seção transversal em xx até a seção em x+Δxx + \Delta x. O momento causado pela carga qq desaparece no limite, e a equação de equilíbrio de momentos pode ser expressa como:

M(1+ε0)mR+m=0\mathbf{M}' - (1 + \varepsilon_0) \mathbf{m} \cdot \mathbf{R} + m = 0

Esse é o formato mais básico da equação do momento, sem comprometer qualquer conjunto específico de componentes do vetor de força interna R\mathbf{R}. Utilizando a expressão para R=Nn+Vm\mathbf{R} = N \mathbf{n} + V \mathbf{m}, podemos reescrever a equação como:

M(1+ε0)V+m=0\mathbf{M}' - (1 + \varepsilon_0) V + m = 0

Ou, alternativamente, substituindo as expressões para NN e VV em termos das componentes HH e QQ, podemos obter uma forma útil para discutir problemas de flambagem, como será mostrado em capítulos posteriores.

Em relação às equações constitutivas para as resultantes, assume-se que as fibras da viga estão em um estado uniaxial de tensão. Essa suposição, embora não seja completamente consistente com a restrição cinemática associada às seções transversais rígidas, fornece a melhor estimativa das tensões na viga. Se não houver tensões normais confinantes na seção transversal, ou seja, quando σyy=0\sigma_{yy} = 0 e σzz=0\sigma_{zz} = 0, a Lei de Hooke se reduz a σ=Eε\sigma = E\varepsilon, onde EE é o módulo de Young.

Uma relação entre a força axial NN e as resultantes de deformação pode ser estabelecida a partir da definição da força axial resultante, substituindo a Lei de Hooke σ=Eε\sigma = E\varepsilon e a relação de deformação ε=ε0+zκ0\varepsilon = \varepsilon_0 + z \kappa_0. Essas equações são fundamentais para o entendimento do comportamento mecânico de uma viga sob cargas externas.

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Como Integrar Cargas Puntuais em Cálculos de Vigas

Para calcular o comportamento de uma viga submetida a múltiplas cargas puntuais, é necessário entender as fórmulas e princípios básicos que regem as equações da viga sob carga. As equações de deflexão e momento de flexão para uma viga com cargas puntuais podem ser generalizadas a partir de expressões simples para cargas concentradas, aproveitando a linearidade das operações de integração. Assim, é possível somar os efeitos de diversas cargas e distribuí-las ao longo do comprimento da viga. Este processo envolve a definição das localizações das cargas, suas magnitudes e a implementação de uma função que as represente dentro de um código de análise estrutural.

No contexto da programação, ao incorporar cargas puntuais em cálculos numéricos, usamos uma abordagem que estende o conceito de cargas distribuídas, permitindo tratar essas diferentes configurações de maneira modular. O exemplo em questão envolve o código em MATLAB para implementar uma função que recebe a localização e a magnitude das cargas puntuais. Essas informações são armazenadas em uma estrutura de dados que será posteriormente usada no cálculo das deflexões, momentos e outras variáveis estruturais.

A função PointLoadFcn é crucial para a definição das cargas puntuais. Ela permite que o usuário escolha o tipo de carga a ser aplicada: cargas concentradas, casais, cargas igualmente distribuídas, ou uma carga na extremidade ou no meio da viga. Cada tipo de carga é especificado com seu valor e localização, que são, então, multiplicados por um fator escalonador para ajustar a intensidade de cada carga. Isso resulta em uma estrutura de dados que contém todas as informações necessárias para o cálculo das variáveis estruturais.

Após a definição das cargas puntuais, as contribuições dessas cargas são somadas às contribuições das cargas distribuídas para calcular os momentos e as deflexões. O processo de integração é ajustado para levar em consideração tanto as cargas distribuídas quanto as cargas puntuais, utilizando o método de integração numérica de Simpson. Através de uma série de iterações, o código computacional soma os efeitos de cada carga aplicada ao longo do comprimento da viga. Com isso, as equações que descrevem a viga em termos de forças internas e deslocamentos podem ser obtidas.

É importante destacar que, além da implementação correta das cargas puntuais, o cálculo de uma viga submetida a essas cargas requer uma análise cuidadosa das condições de contorno e das propriedades físicas da viga, como seu módulo de elasticidade e momento de inércia. O código computacional também deve ser capaz de lidar com diferentes tipos de vinculações nas extremidades da viga (fixas, livres, simples, deslizantes), o que influencia diretamente no comportamento da viga sob carga.

Além disso, ao usar essa metodologia para analisar vigas em diferentes cenários de carga, deve-se compreender que a precisão da solução depende da discretização do problema, ou seja, do número de pontos usados na integração numérica. A escolha do número de pontos de Simpson, por exemplo, influencia a precisão dos resultados. A utilização de pontos excessivos pode aumentar o custo computacional, enquanto o uso de poucos pontos pode reduzir a precisão dos cálculos.

No exemplo apresentado, o código é modificado para incorporar tanto as cargas distribuídas quanto as puntuais, permitindo uma análise mais abrangente. O uso de variáveis de entrada flexíveis e de uma estrutura organizada de dados possibilita que diferentes cenários de carregamento sejam facilmente implementados e testados. A partir disso, os gráficos das distribuições de esforço cortante, momento fletor, rotação e deflexão podem ser gerados, proporcionando uma visão completa do comportamento da viga.

A combinação de cargas distribuídas e puntuais não é uma novidade no campo da análise estrutural, mas a implementação eficaz dessa combinação em códigos computacionais requer um entendimento profundo tanto dos métodos de análise quanto das capacidades da ferramenta de programação utilizada. A simulação computacional torna-se uma ferramenta poderosa, permitindo que engenheiros e projetistas avaliem rapidamente os efeitos de diferentes configurações de carga em uma viga, sem a necessidade de cálculos manuais complexos.

No entanto, é essencial que o engenheiro ou técnico responsável pela análise compreenda os limites das simplificações realizadas durante o processo de modelagem. A precisão do modelo depende diretamente de como as condições reais da viga (como as irregularidades no material, as imperfeições geométricas ou as condições de apoio) são representadas no código. A escolha dos métodos de integração e a definição dos parâmetros de simulação também desempenham um papel crítico na obtenção de resultados confiáveis.

Como a Torção Afeta as Barras com Seção Circular: Fundamentos e Aplicações

Na análise de torção, um dos conceitos centrais é o comportamento das barras quando submetidas a um torque. A solução da equação diferencial governante, ou seja, a determinação de .T(x), pode ser feita de duas maneiras: através de uma equação matemática ou por meio de um diagrama de corpo livre, onde o torque aplicado é integrado sobre a região do diagrama. O segundo exemplo evidencia que o torque interno só aparece em um diagrama de corpo livre quando realizamos um corte para expô-lo.

As condições de contorno são essenciais para resolver problemas de torção e descrevem o comportamento da rotação ou do torque interno nas extremidades da barra. Para um problema de torção, existem duas condições de contorno: uma em cada extremidade. A natureza dessas condições é geralmente representada por um símbolo no esboço do problema. Uma extremidade da barra pode estar fixa contra a rotação ou livre para rotacionar. O símbolo utilizado para representar a extremidade fixa é um bloco sombreado, enquanto a extremidade livre não tem nenhum símbolo. É possível que um torque concentrado seja aplicado na extremidade livre. Quando a extremidade está fixa, sabemos que o movimento nesse ponto é restringido a zero, ou seja, ϕ(•) = 0, onde • pode ser tanto 0 quanto L. No caso de uma extremidade livre, a condição interna do torque T(x) pode ser derivada por meio de um argumento de equilíbrio, como ilustrado no exemplo a seguir.

No exemplo 11.3, uma barra de comprimento L fixa na extremidade esquerda e sujeita a um torque concentrado To na extremidade direita tem condições de contorno específicas. A extremidade fixa implica que ϕ(0) = 0, ou seja, não há rotação na extremidade. Já a extremidade direita, que está livre, pode rotacionar, mas possui um torque aplicado. Se estabelecermos o equilíbrio em um diagrama de corpo livre da extremidade direita, encontramos que T(L) = To. Nesse caso, uma das condições de contorno é cinemática, pois há uma restrição sobre a rotação ϕ(x). A outra condição de contorno é cinética e envolve o torque interno, derivado do equilíbrio do corpo livre.

No contexto da torção de barras com seções circulares, é importante entender o comportamento da deformação da barra ao ser torcionada. Considere a grade de quadrados gravada na superfície da barra circular, conforme mostrado na Figura 11.3. Quando a barra se deforma, as linhas de latitude da grade permanecem no plano, mas as linhas de longitude rotacionam por um valor γ. O comprimento da barra diminui ligeiramente, pois as linhas de longitude deformadas permanecem com o mesmo comprimento. Como resultado, as células da grade se transformam em paralelogramos com o ângulo γ. Esse fenômeno é conhecido como deformação pura por cisalhamento, e a tensão associada a essa deformação é a tensão τ. A relação entre tensão e deformação é dada pela Lei de Hooke, expressa como τ = Gγ, onde G é o módulo de cisalhamento, que determina a rigidez do material frente à torção.

A resposta linear da barra é válida enquanto o material não atingir um ponto de não-linearidade, como ocorre quando o material começa a ceder ou a rachar. O módulo de cisalhamento G pode ser expresso em termos do módulo de Young, E, e do coeficiente de Poisson, ν, como G = E / (2(1 + ν)). O valor de Poisson para materiais isotrópicos varia entre 0 e 0,5, e o módulo de cisalhamento, portanto, é tipicamente entre metade e um terço do módulo de Young.

A relação entre o torque aplicado e a rotação na barra pode ser derivada a partir da combinação de equações de equilíbrio, cinemática e constitutivas. A derivação leva à expressão T(x) = GJ ϕ′(x), onde GJ é a rigidez torsional efetiva da seção transversal da barra. A relação entre torque e rotação pode ser estabelecida, permitindo que o comportamento da barra seja descrito por uma equação diferencial de primeira ordem. A constante de proporcionalidade é a rigidez torsional efetiva da barra, e ela depende tanto da geometria da seção transversal quanto das propriedades do material.

Um dos aspectos geométricos mais importantes é o momento polar de inércia da seção transversal, representado por J. Esse momento é um indicador de como a materialidade da barra está distribuída em relação ao centro da seção. O momento polar de inércia é particularmente útil para entender por que uma seção tubular é mais eficiente em resistir a torques do que uma seção circular sólida com a mesma quantidade de material. O cálculo do momento polar de inércia de uma seção tubular, que pode ser feito por integração em coordenadas polares, é fundamental para a análise de torção.