O desenvolvimento turístico contemporâneo exige um planejamento estratégico rigoroso e alinhado com políticas públicas que priorizam a sustentabilidade econômica, social e ambiental. Montenegro, país do sudeste europeu com rica diversidade regional, demonstra uma abordagem focada na valorização dos tipos seletivos de turismo, como o náutico, cultural e ecológico, que sustentam sua posição como destino seguro e competitivo. O estabelecimento de uma estrutura institucional sólida, com um ministério dedicado exclusivamente ao turismo desde 1992, e a criação de instituições de ensino superior especializadas em hospitalidade e turismo, refletem o compromisso com a profissionalização do setor.

A dinâmica regional do turismo em Montenegro evidencia a importância da segmentação e da diversificação: a região costeira atrai visitantes em busca de saúde, lazer e cultura; a região central explora o turismo esportivo, religioso e de negócios; e a região norte concentra-se em modalidades como ecoturismo e turismo de aventura. Este enfoque regionalizado favorece a distribuição equilibrada dos benefícios econômicos e ajuda a mitigar a sazonalidade, ainda que esta permaneça acentuada, principalmente entre os meses de maio e setembro.

O compromisso ambiental de Montenegro, sendo o primeiro país a declarar-se estado ecológico, é um elemento central na política turística, destacando a integração do desenvolvimento turístico com a conservação ambiental. Este posicionamento fortalece a imagem internacional do país como um destino sustentável, contribuindo para atrair um perfil de turistas conscientes e exigentes.

No caso do Marrocos, a trajetória do turismo demonstra uma evolução significativa a partir de 1999, quando a visão estratégica passou a integrar o turismo como pilar fundamental do desenvolvimento nacional. O lançamento dos planos “Vision 2010” e “Vision 2020” destacou a ambição do país de se consolidar entre os principais destinos globais, priorizando a expansão da capacidade hoteleira e a diversificação dos produtos turísticos. A valorização de atrações culturais, como as cidades imperiais, aliada à promoção do turismo natural e de praia, reforça a riqueza da oferta marroquina.

A influência dos avanços tecnológicos também aparece como fator determinante na escolha dos destinos, com o uso crescente da internet para planejamento de viagens, e a relevância das recomendações pessoais como motivação para o turismo. A dependência de investimentos internacionais, combinada com a abertura para novos mercados, demonstra a complexidade e a competitividade do setor, exigindo estratégias flexíveis e adaptativas.

Em ambos os países, a integração entre políticas públicas, capacitação profissional e desenvolvimento sustentável destaca-se como premissa básica para o sucesso. A gestão do turismo demanda, portanto, uma visão holística que considere as especificidades culturais, econômicas e ambientais de cada região, ao mesmo tempo em que promove a inovação, a cooperação internacional e o engajamento comunitário.

Além dos aspectos apresentados, é fundamental compreender que o turismo sustentável não é apenas um objetivo final, mas um processo contínuo de adaptação e equilíbrio entre crescimento econômico, preservação cultural e proteção ambiental. O monitoramento constante dos impactos turísticos, o incentivo à participação local e a diversificação dos produtos são elementos imprescindíveis para evitar a sobrecarga dos destinos e garantir benefícios duradouros às comunidades receptoras. A capacidade de resposta a desafios externos, como crises econômicas ou pandemias, também deve estar incorporada aos planos estratégicos para assegurar a resiliência do setor.

A Economia de Compartilhamento: Impactos e Comportamentos no Turismo e Hospitalidade

A economia de compartilhamento é um modelo de negócios emergente, marcado pela intermediação entre oferta e demanda, que permite aos indivíduos bypassarem práticas empresariais tradicionais. Essa forma de organização disruptiva, em que consumidores podem compartilhar bens e serviços diretamente uns com os outros, tem se expandido rapidamente em diversas indústrias, principalmente no setor de turismo e hospitalidade. O fenômeno mais notável dessa transição é a ascensão de plataformas como Airbnb, que proporcionam alternativas acessíveis ao mercado tradicional de acomodações.

A economia de compartilhamento oferece um modelo de negócios flexível que se destaca pela criação de valor de maneiras diversas. Em comparação com os serviços convencionais, como os hotéis econômicos, o modelo peer-to-peer, como as acomodações compartilhadas, atende a uma gama de necessidades dos consumidores que vão além da simples economia de custos. Essas necessidades incluem, por exemplo, uma experiência local autêntica, socialização, e um compromisso com a responsabilidade social e ambiental. Tais fatores criam um apelo único, refletido em um comportamento de consumo caracterizado por uma busca por autenticidade, pertencimento e intimidade. Dessa forma, o impacto dessa economia não é uniforme, afetando principalmente hotéis de baixo custo, que são desafiados a competir com alternativas que se tornam cada vez mais populares entre os turistas.

O impacto social da economia de compartilhamento, embora amplamente positivo ao oferecer oportunidades de emprego e enriquecer a experiência turística, também apresenta desafios. A criação de novos laços entre oferta e demanda pode desestabilizar as estruturas sociais de comunidades locais. Aumento de renda para os residentes pode ser contrabalançado pela diminuição da capacidade de segurança e da oferta de empregos estáveis no mercado tradicional, o que gera preocupações sobre as implicações sociais a longo prazo.

Quanto ao comportamento do consumidor, estudos empíricos sugerem que os consumidores da economia de compartilhamento têm características comuns. Muitos pertencem a gerações mais jovens, acostumadas a compartilhar informações e a consumir conteúdos online. Embora frequentemente possuam rendas altas, esses consumidores escolhem opções compartilhadas como uma forma de economizar, interagir socialmente, experimentar a sensação de "casa longe de casa" e acessar uma autenticidade que os serviços tradicionais de hospitalidade muitas vezes não oferecem. Essas opções oferecem, portanto, um valor agregado que vai além da simples economia financeira: proporcionam novas formas de conexão e vivência local.

A economia de compartilhamento, ao quebrar modelos de negócios tradicionais, introduziu um novo tipo de concorrência para as empresas estabelecidas. Um exemplo claro é o impacto das acomodações compartilhadas no mercado hoteleiro. Dados mostram que, em regiões como o Texas, um aumento de 1% nas listagens do Airbnb causou uma queda de 0,05% na receita dos hotéis. Esse fenômeno ilustra como a economia de compartilhamento pode se tornar uma força disruptiva em mercados estabelecidos, desafiando não apenas a forma como as acomodações são oferecidas, mas também as próprias bases do modelo de negócios do setor de turismo.

Além disso, a confiança é um fator crucial para a participação dos consumidores na economia de compartilhamento. A ausência de regulamentações claras e a natureza dos negócios, que frequentemente envolvem transações com estranhos, criam um ambiente de incerteza para os turistas. Isso inclui preocupações com a qualidade do serviço, privacidade e até mesmo a segurança pessoal. Assim, mecanismos que ajudam a mitigar essas incertezas, como sistemas de reputação online, são essenciais para garantir a confiança tanto de anfitriões quanto de hóspedes, sendo determinantes na decisão de participação dos consumidores.

O comportamento dos anfitriões também reflete as dinâmicas desse modelo de negócios. Operar um imóvel em plataformas de compartilhamento oferece a oportunidade de iniciar um negócio de baixo custo, atraindo pessoas que buscam empreender de maneira flexível. A motivação para hospedar varia consideravelmente entre os anfitriões, sendo muitas vezes impulsionada por interesses pessoais, como a busca por diversão, a construção de uma reputação, ou um compromisso com a comunidade. No entanto, também existem anfitriões que buscam benefícios econômicos diretos, o que mostra a heterogeneidade dos envolvidos nesse mercado.

Além disso, a pandemia de Covid-19 teve um impacto profundo na economia de compartilhamento, alterando comportamentos tanto dos consumidores quanto dos anfitriões. O comportamento do turista, por exemplo, foi afetado por novos protocolos de segurança e uma maior cautela em relação à saúde. A recuperação do setor dependerá da adaptação das plataformas e das práticas do setor às novas realidades do turismo pós-pandemia.

Por fim, a economia de compartilhamento apresenta um modelo que não é apenas uma alternativa econômica, mas uma verdadeira revolução nos modelos tradicionais de negócios. Sua capacidade de transformar os hábitos de consumo e a interação entre turistas e anfitriões altera as dinâmicas do mercado de turismo de maneira ampla, desafiando as convenções da hospitalidade e impulsionando novas formas de turismo sustentável e local. É fundamental que os stakeholders dessa indústria se adaptem constantemente às mudanças e desafios trazidos por esse fenômeno disruptivo.