Seja NN uma variedade diferenciável, e a cada ponto pNp \in N, associamos um subespaço A(p)TpNA(p) \subset T_pN, formando o que se chama de distribuição AA. Um modo de estudar tal distribuição é considerar o módulo MAM_A, definido como o conjunto de todos os campos vetoriais suaves cujos valores, ponto a ponto, pertencem a A(p)A(p). Este módulo é o maior possível com essa propriedade: contém todos os campos vetoriais que em cada ponto estão em A(p)A(p). Assim, mesmo que existam outros submódulos cujos campos gerem A(p)A(p) em cada ponto, nenhum é maior que MAM_A. Esse ponto é crucial, pois garante a completude do módulo com respeito à geração da distribuição.

Considere, por exemplo, o caso em que N=RN = \mathbb{R} e definimos a distribuição AA por: A(x)=0A(x) = 0 se x=0x = 0, e A(x)=TxRA(x) = T_x\mathbb{R} se x0x \neq 0. O submódulo MAM_A nesse caso é o conjunto dos campos vetoriais f(x)=c(x)ddxf(x) = c(x) \frac{d}{dx}, com cC(R)c \in C^\infty(\mathbb{R}) e c(0)=0c(0) = 0. Outro submódulo possível seria aquele gerado pelos campos f(x)=c(x)xddxf(x) = c(x)x \frac{d}{dx}, também suave, mas este não coincide com MAM_A, pois, por exemplo, o campo x2ddxx^2 \frac{d}{dx} não pode ser escrito como c(x)xddxc(x)x \frac{d}{dx} com cc suave, o que evidencia a diferença essencial entre os submódulos.

Quando a distribuição é definida em uma variedade de dimensão maior, como R2\mathbb{R}^2, e construímos campos vetoriais que geram A(p)A(p) em cada ponto pp, nem sempre o submódulo gerado é fechado sob o colchete de Lie. Essa propriedade é central: uma distribuição ser involutiva significa que o colchete de Lie de dois campos da distribuição ainda pertence à distribuição. A ausência dessa involutividade compromete a integrabilidade da distribuição.

A completa integrabilidade de uma distribuição é então caracterizada pela existência, em torno de cada ponto p0Np^0 \in N, de funções suaves λ1,,λnd\lambda_1, \ldots, \lambda_{n-d}, cujos diferenciais dλid\lambda_i geram o anulador da distribuição, isto é, o conjunto dos 1-formas que se anulam nos vetores de A(p)A(p). Esta definição é local, mas totalmente coordenada por estruturas globais da variedade.

De forma mais concreta, se existe um sistema de coordenadas locais (φ1,,φn)(\varphi_1, \ldots, \varphi_n) tal que, em um aberto UU contendo p0p^0, a distribuição AA seja gerada pelas derivadas parciais φ1,,φd\frac{\partial}{\partial \varphi_1}, \ldots, \frac{\partial}{\partial \varphi_d}, então a distribuição é completamente integrável nesse vizinho. Isso quer dizer que os últimos ndn - d diferenciais dφd+1,,dφnd\varphi_{d+1}, \ldots, d\varphi_n formam base do anulador da distribuição, e os primeiros dd vetores base do espaço tangente formam uma base de A(p)A(p) em cada pUp \in U.

Esse quadro fornece uma interpretação geométrica poderosa: a vizinhança UU é decomposta em subvariedades de dimensão dd, chamadas de folhas, que são parametrizadas pelas coordenadas constantes φd+1,,φn\varphi_{d+1}, \ldots, \varphi_n. Essas folhas são tais que o espaço tangente de cada uma coincide exatamente com o subespaço A(p)A(p) da distribuição no ponto pp. Assim, a completude da integrabilidade está relacionada à possibilidade de folhear localmente a variedade em subvariedades tangentes à distribuição.

Esse ponto de vista permite também compreender o papel do teorema de Frobenius, que afirma que uma distribuição diferenciável é completamente integrável se, e somente se, é involutiva — isto é, se o conjunto dos campos vetoriais que a geram é fechado sob o colchete de Lie. Esta equivalência, embora local, é estrutural, pois garante a existência de soluções integrais da distribuição — as folhas — cuja existência decorre diretamente da integrabilidade completa.

A compreensão de tais estruturas locais lança luz sobre a análise global, pois mesmo que a integrabilidade seja uma propriedade local, o desafio maior reside na construção de uma folheação global da variedade, ou seja, uma decomposição completa da variedade em folhas integráveis compatíveis entre si.

A consideração de coordenadas adaptadas, como no caso de cartas cúbicas, permite a construção explícita dessas folhas, e essa representação coordenada revela não apenas a integrabilidade, mas também os limites locais da mesma. A passagem ao ponto de vista global exige uma análise cuidadosa da coerência entre diferentes vizinhanças locais e das transições entre cartas coordenadas. Isso introduz naturalmente questões topológicas que transcendem a análise puramente local, conduzindo à geometria diferencial global.

Como a Regulação de Saída é Assegurada por Realimentação de Erro e Imersão de Sistemas Autônomos?

A resolução do problema de regulação de saída, no contexto de realimentação de erro, baseia-se na construção de uma solução para a equação diferencial parcial que relaciona os estados do sistema e os sinais exógenos. A função buscada, denotada por A(w1,w2)A(w_1, w_2), pode ser obtida por meio de um polinômio completo de segunda ordem, revelando a possibilidade prática de se definir uma função de mapeamento π(w)\pi(w) e uma função de controle c(w)c(w) que satisfazem as equações essenciais do problema. A partir dessa solução, constrói-se um controlador do tipo a(x,w)=c(w)+K(xπ(w))a(x, w) = c(w) + K(x - \pi(w)), onde KK é uma matriz projetada para garantir a estabilidade do sistema, posicionando seus autovalores no semiplano esquerdo do plano complexo.

A convergência do erro para zero, ou seja, a eliminação assintótica da diferença entre a saída desejada e a saída real do sistema, depende crucialmente da estabilidade do equilíbrio do sistema fechado. Quando o equilíbrio não é estável numa análise de primeira aproximação, é necessário adicionar um termo de estabilização que assegure que o sistema feche em torno de uma variedade invariante localmente atrativa. Essa propriedade garante que, a partir de condições iniciais próximas, o sistema irá convergir para a trajetória desejada, produzida pela resposta em malha aberta sob o controle ideal.

O papel do sistema autônomo w=s(w)w = s(w), que gera os sinais exógenos, é central, pois ele determina as funções de entrada para as quais o sistema regulador produz uma saída com erro nulo. A existência da solução para o problema de regulação depende, entre outros fatores, de uma propriedade fundamental desse sistema autônomo, que pode ser entendida em termos da imersão de sistemas.

A noção de imersão entre dois sistemas autônomos com saídas no mesmo espaço implica a existência de uma função diferenciável que relaciona os estados dos sistemas de tal modo que as respostas de saída do sistema imerso sejam reproduzidas pelo sistema onde está imerso. Ou seja, para cada trajetória gerada por um sistema, há uma correspondente no outro sistema, preservando as saídas. Tal relação formaliza a ideia de que o sistema regulador pode “incorporar” o comportamento do gerador das entradas exógenas, o que é crucial para a construção do controlador que assegura erro zero.

Além disso, a construção de controladores baseados nessa abordagem envolve a compreensão profunda do comportamento assintótico das soluções e da geometria das variedades invariantes associadas ao sistema fechado. A imersão proporciona a estrutura matemática para garantir que as funções de controle possam ser definidas em termos dos estados do sistema exógeno, assegurando a robustez da regulação frente a diferentes condições iniciais e variações dos sinais externos.

É imprescindível compreender que o sucesso da regulação por realimentação de erro não depende apenas da solução explícita das equações diferenciais envolvidas, mas também da correta análise da estabilidade local e global do sistema, da existência e regularidade da imersão entre os sistemas autônomos e da estrutura geométrica das variedades invariantes que modelam as trajetórias desejadas. Tais aspectos revelam a complexidade intrínseca do problema e a necessidade de uma abordagem integrada entre teoria dos sistemas, geometria diferencial e controle para garantir um desempenho robusto e eficaz.